Fitch rebaixa ratings do PanAmericano e da Silvio Santos Participações

Ambas as notas de crédito têm perspectiva negativa, e refletem dificuldades de financiamento e pressões após aporte de R$ 2,5 bi

Equipe InfoMoney

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SÃO PAULO – A Fitch rebaixou os ratings do Banco PanAmericano (BPNM4) após a injeção de capital de R$ 2,5 bilhões feita no início da semana para socorrer o banco, que caiu no foco dos mercados com a descoberta de uma fraude no balanço da instituição. A perspectiva da nota é negativa.

“As ações são guiadas pelo fato de o suporte contingente observado ter sido inteiramente proveniente do acionista controlador, levantando dúvidas sobre a propensão do acionista minoritário do banco, a Caixa Econômica Federal, a oferecer suporte através de injeção de capital, uma das premissas do Rating de Suporte atribuído ao PanAmericano em 29 de julho de 2010”, explica a agência de classificação de risco.

Além disso, a Fitch diz acreditar que o suporte da Caixa para prover liquidez ao banco deve continuar disponível e que o banco tem ativos que, somados à liquidez gerada pela injeção de capital, devem sustentar sua capacidade de suportar uma pressão significativa sob sua base de captação institucional.

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Confira os ratings rebaixados pela Fitch
   Empresa      Rating   Anterior Novo
PanAmericano Nacional de longo prazo AA+(bra) A-(bra)
Nacional de curto prazo F1+(bra) F2(bra)
Rating de suporte 2 3
Nacional de longo prazo – 
emissão de debêntures
AA(bra) BBB+(bra)
Silvio Santos
Participações
Nacional de longo prazo BBB(bra) BB-(bra)

Mesmo notando que a injeção de capital excede em cerca de 10% o volume de irregularidades contábeis encontradas, a perspectiva negativa das notas reflete a preocupação de que a reação do mercado e a possibilidade de divulgação de novos ajustes podem se mostrar mais severos do que o esperado ou influenciar a propensão de a Caixa a continuar a oferecer suporte de liquidez ao banco.

“A resolução da Observação Negativa dependerá da evolução dos eventos nos próximos meses e seus efeitos sobre o acesso do PanAmericano a fontes de captação”, explica a agência.

Silvio Santos Participações
Da mesma maneira, a Fitch também rebaixou os ratings da Silvio Santos Participações e alterou a perspectiva das notas de positiva para negativa. “A ação se baseia no forte impacto negativo no perfil de crédito do Grupo Silvio Santos em razão da captação de R$ 2,5 bilhões em nova dívida na holding”, explica a agência de classificação de risco.

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Segundo a Fitch, o empréstimo do FGC (Fundo Garantidor de Crédito) gerou uma obrigação “relevante” de pagamento na holding, que, em seu entender, “não poderá ser suportada somente pelos dividendos advindos das participações acionárias”.

“A agência acredita que a venda de ativos relevantes e/ou uma capitalização significativa serão imprescindíveis para o grupo fazer frente às novas obrigações financeiras assumidas e reduzir as fortes pressões sobre o rating da companhia”, completa a agência, lembrando que o empréstimo está atrelado a garantias corporativas, como penhor de ações das principais empresas do grupo e fluxo de dividendos da holding. Por hora, contudo, a pressão de caixa na holding deve ser adiada pelas condições do empréstimo – prazo de dez anos e carência de três anos para o início do pagamento, sem incidência de juros. 

A perspectiva negativa das notas reflete a contínua pressão sobre o rating, em razão da ausência de “informações concretas sobre a estratégia financeira que será implementada pelo grupo para reequilibrar sua estrutura de capital”, e leva em conta riscos de deterioração na liquidez do Grupo e menor flexibilidade de financiamento.

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