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A edição de junho da revista Conjuntura Econômica, editada pelo FGV/Ibre questiona na matéria de capa se está chegando a hora de o Banco Central começar a cortar os juros. A publicação do Instituto Brasileiro de Economia destaca que os últimos dados macroeconômicos sopraram a favor do governo, que anseia pelo afrouxamento monetário o quanto antes. Os dados mais recentes do IBGE comprovam isso, diz o texto: o PIB referente ao 1º trimestre apontou para cima e a variação do IPCA fez o movimento contrário.
Mas existe uma ressalva de que a inflação oficial permite interpretações divergentes. “As taxas em 12 meses dos principais núcleos estão acima de 6%, bem longe da meta, mas mantêm um processo de desaceleração que em alguns casos já vem de vários meses, colaborando para aliviar algumas dúvidas sobre esse processo de desinflação”, afirma no texto André Braz, superintendente adjunto para inflação do Ibre.
Entre os pontos positivos, Braz cita que o índice de difusão do IPCA em maio chegou a 56%, o menor desde agosto de 2020 e após ter ficado acima de 60% por quase dois anos. Ao mesmo tempo, a inflação de serviços foi de 7,5% para 6,5% no mês.
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Há uma chance do indicador ficar negativo em junho, segundo o especialistas, que destaca tanto a continuidade da tendência de queda nos alimentos quanto os efeitos do programa de barateamento dos carros populares anunciado pelo governo.
O mercado tem notado esse momento benigno. Silvia Matos, coordenador do Boletim Macro do FGV/Ibre lembra na reportagem o recuos das projeções de inflação no Boletim Focus, do Banco Central. “Pelo Focus, o alívio inflacionário aconteceu tanto no horizonte relevante da atuação da política monetária quando nos anos posteriores”, diz.
Para Silvia, se permanecer essa redução consistente das medidas de núcleo da inflação e um processo de reancoragem das expectativas, o BC poderá iniciar o ciclo de cortes ainda neste ano.
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Porém, Lívio Ribeiro, pesquisador associado do FGV/Ibre, está num campo mais conservador, sugerindo que adiar os cortes para março de 2024, tendo em vista a convergência à meta de inflação de 3% em 2025.
Sobre a eficácia da política monetária, o texto lembra um artigo recente no jornal Valor Econômico assinado pelos economistas Braulio Borges e Ricardo Barboza, no qual defenderam que a composição da inflação brasileira é predominantemene apoiada na oferta e que isso abriria espaço para cortes mais cedo. Já Samuel Pessoa defende que a questão inflacionária brasileira é majoritariamente de demanda.
Os pesquisadores também opinam no texto sobre uma possível mudança na meta de inflação na reunião do Conselho Monetário Nacional (CMN), com opiniões divergentes sobre os riscos de fazer alguma troca, seja na taxa a ser perseguida, no horizonte de tempo ou na banda de tolerância. O consenso é que, qualquer mudança que possa vir, vai precisar ser comunicada a partir de justificativas técnicas.
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