Explosão de gasoduto na Bolívia deve elevar preços de gás natural ao consumidor

Para presidente do Sindigás, impacto não é imediato, uma vez que preços são regulados, mas deve vir em alguns meses

Flávia Furlan Nunes

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SÃO PAULO – As explosões em gasodutos na Bolívia causarão uma redução de mais da metade do fornecimento de gás para o Brasil. A conseqüência desta menor oferta será o aumento do preço do gás natural para o consumidor brasileiro em alguns meses.

De acordo com o presidente do Sindigás (Sindicato Nacional das Empresas Distribuidoras de Gás Liqüefeito de Petróleo), Sérgio Bandeira de Mello, em um primeiro momento, o preço do gás natural não deve aumentar, uma vez que ele é regulado por agências estaduais.

Custo inicial às indústrias

“O grande custo da restrição agora é de quem depende diretamente do gás boliviano, as indústrias, porque elas estão com ameaça de queda na produção. Quanto mais a empresa vende, mais ela dilui seus custos. Se cai a venda, porque não tem o gás, ela aumenta o custo, e isso é repassado para frente”, explicou Mello.

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O presidente do Sindigás afirmou que os preços do gás natural são revisados trimestralmente, o que significa que o impacto ao bolso do consumidor será sentido dentro de alguns meses. “Se fosse um sistema de mercado livre, quando houve ameaça de aproximação de grupos terroristas perto dos gasodutos, já teriam aumentado os preços”, comparou.

Produtos mais caros

Conforme explicou Mello, quem consome o gás natural diretamente, como nos veículos, demorará alguns meses para ter impacto nos preços. Porém, se forem considerados produtos de indústrias que dependem deste gás natural, como a de cerâmica, de vidro e a farmacêutica, por exemplo, haverá impacto rapidamente. “Mesmo que o preço do gás natural não suba, com menor oferta essas empresas têm aumento no custo da produção imediato”.

Para resolver esta questão, Mello disse que espera que a ANP (Agência Nacional do Petróleo) derrube uma barreira na legislação, datada de 1990, que impede o uso do gás natural sintético – uma mistura de GLP (gás liquefeito do petróleo) – em algumas fases da produção, como em determinados motores e caldeiras, o que supriria a necessidade pelo gás natural.

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GLP

Em relação ao GLP, o gás de cozinha, Mello explicou que, embora este mercado seja livre, o que significa que os preços oscilam sem uma regulação, não há nenhuma necessidade imediata de aumento de valores ao consumidor.

“Agora, se houver aumento da demanda, vamos ter que ofertar para quem pagar mais”, afirmou o presidente do Sindigás, que ainda disse que, se a Petrobras colocar seus estoques, não haverá necessidade de aumento de preços. Para ajudar no equilíbrio entre oferta e demanda, fontes informaram que a Petrobras já está usando seus estoques.

Entenda a situação

O que aconteceu na Bolívia foi que uma explosão, que apura-se ser por motivos políticos, causou danos em parte de um gasoduto que leva o produto ao mercado brasileiro, o que provocou suspensão parcial no abastecimento, conforme revelou a empresa estatal Yacimientos Petroliferos Fiscales Bolivianos (YPFB).

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Em entrevista coletiva, o presidente da YPFB, Santos Ramírez, afirmou que se trata de um atentado terrorista, o qual trará um prejuízo de cerca de US$ 8 milhões por dia. A Bolívia produz aproximadamente 40 milhões de metros cúbicos diários de gás, sendo que 31 milhões são destinados ao Brasil, segundo apurou a Agência Brasil.

A explosão de quarta-feira (10) reduziu em 10% o volume de gás recebido pelo Brasil. Porém, nesta quinta-feira (11) ocorreu um novo incidente, que elevou a taxa de redução de fornecimento para mais de 50%.

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