Ex-primeira-dama francesa diz em livro revelador que Hollande detesta os pobres

No revelador livro de 320 páginas, intitulado "Merci Pour Ce Moment" ou "Obrigada por este momento", que será lançado hoje, Valérie Trierweiler disse que teve que abandonar o palácio presidencial do Eliseu após o caso de Hollande com uma atriz francesa, enumera uma lista de mentiras que, segundo ela, o presidente conta

Bloomberg

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4 de setembro (Bloomberg) – A ex-primeira-dama da França, Valérie Trierweiler, arremeteu contra o presidente François Hollande dizendo que o líder socialista despreza os pobres e, na intimidade, chama-os de “les sans-dents” ou “os desdentados”.

No revelador livro de 320 páginas, intitulado “Merci Pour Ce Moment” ou “Obrigada por este momento”, que será lançado hoje, Trierweiler, 49, que teve que abandonar o palácio presidencial do Eliseu após o caso de Hollande com uma atriz francesa, enumera uma lista de mentiras que, segundo ela, o presidente conta.

“Ele gosta de aparentar que é um homem que não gosta dos ricos”, escreveu ela, de acordo com trechos publicados ontem no jornal Le Monde. “Na verdade, o presidente não gosta dos pobres. Este homem de esquerda os chama, na intimidade, de ‘os desdentados’, com orgulho do seu senso de humor”.

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A publicação do livro e os comentários privados que revela surgem em um momento em que Hollande está novamente caindo nas pesquisas de opinião. Sua popularidade desceu para menos de 20 por cento, quase o patamar mais baixo da história da França para um presidente. Ante o aumento do desemprego em três anos consecutivos e um motim no governo que o forçou a reorganizar seu gabinete, as revelações sobre sua vida particular só aumentam seus problemas políticos.

“Com o lançamento de cada nova pesquisa, eu via que ele se desintegrava”, escreveu Trierweiler. “Ele precisa colocar a culpa pela queda em alguém. Nunca podia ser dele, então tinha que ser dos outros ou minha”.

Com comentários que misturam o público e o privado, que mostram que “o gabinete presidencial perdeu o que tinha de sagrado”, segundo o Le Monde, Trierweiler diz que o comportamento de Hollande está longe de ser exemplar, algo que ele prometeu durante sua campanha eleitoral.

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Capricho
Trierweiler contou que Hollande tentou reconquistá-la depois que sua infidelidade a levou a uma overdose de remédios para dormir. Ela fala das flores e das mensagens de texto que ele mandou – algumas muito recentes, do início de junho – e dos convites para jantar que ela recebeu após a separação.

“Ele diz que quer me ganhar novamente, como se eu fosse uma eleição”, escreveu ela, de acordo com trechos publicados ontem na revista Paris Match, onde ela é colunista. “Será que ele acredita no que escreve? Ou eu sou o último capricho de um homem que detesta perder?”.

No dia 25 de janeiro, Hollande anunciou oficialmente sua separação de Trierweiler, depois que um jornal informou do seu caso de um ano com a atriz Julie Gayet, 42. Trierweiler saiu do Palácio do Eliseu e retomou a vida pública com trabalhos humanitários sem fins lucrativos e com seu cargo de jornalista.

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Pouca privacidade
Trierweiler não avisou Hollande antes de publicar suas memórias, de acordo com o jornal Le Parisien. O lançamento foi anunciado anteontem no site da Paris Match. Ela recebeu um pagamento adiantado de aproximadamente 100.000 euros (US$ 131.000) e a editora Les Arènes, com sede em Paris, imprimiu 200.000 exemplares, disse o jornal.

No livro, Trierweiler revela detalhes sobre a vida íntima do casal no Palácio do Eliseu narrando como a ascensão de Hollande ao poder mudou a relação entre eles. Havia pouco espaço para a privacidade, diz ela, mencionando uma ocasião em que um assessor entrou no banheiro do casal.

Prisão de DSK
A colunista da revista Paris Match, que não deixou o emprego durante o seu reinado de 20 meses como primeira-dama, também escreve sobre os primeiros dias de seus nove anos de relação com Hollande.

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Ela e Hollande começaram a namorar quando ela era jornalista política e ele ainda estava com sua ex-mulher Ségolène Royal, mãe de seus quatro filhos e agora ministra de Energia e Ambiente da França.

Em 2011, antes de Hollande assumir a presidência, saiu a notícia da prisão do ex-diretor do FMI, Dominique Strauss-Kahn, em Nova York, por uma suposta tentativa de estuprar uma camareira, acusação que depois foi retirada. DSK, como ele é conhecido na França, era o principal concorrente para ser o candidato à presidência pelo Partido Socialista e um rival para Hollande. Trierweiler conta que ela acordou Hollande para lhe dar a notícia da prisão de DSK.

Hollande não parou “nem um minuto para rir de DSK”, escreveu ela. “François já estava pensando em seu próximo passo”.

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Ciumenta
Trierweiler escreveu que o caso com Gayet foi muito duro para ela.

“Tínhamos planejado nos casar antes do Natal em uma cerimônia discreta em Tulle”, disse ela. “Ele desistiu um mês antes. Julie Gayet já estava em sua vida, mas eu não sabia nada sobre isso”.

“Sou ciumenta e sempre fui com cada um dos homens que amei”, escreveu.

Ela menciona a primeira-dama dos EUA, Michelle Obama, e o “olhar fatal” que ela dirigiu ao presidente Barack Obama quando ele tirou uma “selfie” com a primeira-ministra dinamarquesa Helle Thorning-Schmidt no velório de Nelson Mandela, em dezembro de 2013.

“Fiquei feliz por saber que eu não sou a única a sentir ciúmes”, escreveu ela.

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