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Os grandes bancos dos Estados Unidos deram início, oficialmente, à temporada de balanços corporativos das empresas americanas. Quatro instituições financeiras divulgaram resultados nesta sexta-feira (14) e os números vieram mistos. A maioria, porém, superou as projeções do mercado. De maneira geral, os bancos apresentaram queda nos lucros, mas aumentaram suas receitas. O desempenho reflete o atual cenário da economia americana, de inflação e juros mais altos, além dos temores de uma recessão.
O CEO do JP Morgan, Jamie Dimon, voltou a falar sobre “ventos contrários” no comunicado que acompanhou os resultados do banco no terceiro trimestre. Em junho, o executivo havia falando que o banco estava se preparando para um “furacão” na economia americana.
“Vale lembrar que nos Estados Unidos, principalmente, o setor financeiro é bem ligado ao ciclo econômico. Então era de se esperar que os sinais de desaceleração econômica aparecessem nos resultados”, afirma Pietra Guerra, analista internacional da XP.
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Os números divulgados hoje mostraram que o JP Morgan aumentou as provisões para devedores duvidosos em US$ 808 milhões. Dimon afirmou que se a taxa de desemprego subir para 5% ou 6%, o banco teria de provisionar entre US$ 5 bilhões e US$ 6 bilhões.
O aumento de provisões no terceiro trimestre já impactou os ganhos do banco no período. O lucro líquido do banco recuou 17% na comparação com o mesmo período do ano passado. O lucro por ação atingiu US$ 3,12 e superou a estimativa de US$ 2,90 feita por analistas ouvidos pela FacSet.
Um destaque positivo foi a receita líquida com juros, que cresceu 34% no mesmo intervalo. Para os analistas, isso mostra que em um cenário de aperto monetário, os bancos americanos estão ganhando mais.
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“Além da taxa de juros mais altas, que já contribui com o resultado dos bancos, o JP Morgan também teve uma expansão da sua carteira de crédito, o que favoreceu o resultado positivo”, diz Pietra.
Por outro lado, as condições adversas do mercado também puderam ser percebidas no balanço do JP Morgan. A receita de banco de investimento caiu 47%, com uma desaceleração do mercado de capitais.
“A combinação de escala, diversificação e gestão de risco sólida do banco parece um caminho simples para a vantagem competitiva, mas poucas outras empresas foram capazes de executar uma estratégia semelhante”, avalia Diana Stuhlberger, analista da Eleven Financial.
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O Morgan Stanley acabou sendo o destaque negativo nessa primeira leva de resultados, justamente por sua maior dependência da área de gestão de recursos e banco de investimentos. “A área de investiment banking das instituições financeiras sofreu bastante, com menos IPOs e emissões de dívidas”, afirma Guilherme Zanin, estrategista da Avenue.
“Maior nível de volatilidade, custo de captação mais alto com aumento dos juros e um menor apetite ao risco são eventos negativos para operações de bancos de investimento”, complementa a analista da XP.
Na comunicação que acompanhou o balanço, James Gorman, CEO do Morgan Stanley, disse que a performance do banco foi equilibrada e resistente em um ambiente de dificuldades e incertezas.
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O lucro do terceiro trimestre caiu 29%, para US$ 2,63 bilhões, ou US$ 1,47 por ação, na comparação com o terceiro trimestre de 2021. A média das projeções do mercado apontava para lucro de US$ 1,49 por papel. As receitas também recuaram, 12%, para US$ 12,99 bilhões. A queda na receita de investment banking foi ainda maior, de 55%.
Wells Fargo e Citi também aumentaram provisões
O aumento nas provisões para créditos com risco de inadimplência também impactou os resultados trimestrais de Wells Fargo e Citi. O primeiro reservou US$ 784 milhões com esse propósito – um ano atrás, o Wells Fargo havia reduzido provisões em US$ 1,4 bilhão. O banco afirma que os empréstimos inadimplentes seguem em níveis historicamente baixos, mas decidiu aumentar provisões diante da perspectiva de desaceleração da economia.
O lucro do Wells Fargo caiu 30% no terceiro trimestre, comparando com um ano antes, para US$ 3,53 bilhões, ou US$ 0,85 por ação. Mas o resultado foi impactado por perdas não recorrentes de US$ 2 bilhões, relativas a processos judiciais e indenizações a clientes. Sem essas despesas, o banco teria reportado lucro de US$ 1,30, superando as estimativas dos analistas.
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Em comunicado, Charlie Scharf, CEO do banco, disse que a instituição está bem posicionada e deve continuar se beneficiando de juros mais altos, assim como com uma maior disciplina com gastos administrativos. O banco é que tem maior exposição a hipotecas, segmento que arrefeceu diante de um aumento significativo nas taxas, hoje próximas dos 7%.
O Citi, por sua vez, adicionou US$ 370 milhões às provisões para empréstimos inadimplentes. A medida contribuiu com a queda de 25% no lucro líquido do banco, para US$ 3,48 bilhões no terceiro trimestre, ou US$ 1,63 por ação. A receita com o negócio de banco de investimento despencou 60%, para US$ 631 milhões, o que também impactou a linha final do balanço negativamente.
Contudo, a receita consolidada do banco cresceu 6% na comparação anual, para US$ 18,51 bilhões, superando as expectativas do mercado.
Na avaliação de Zanin, mesmo com números mistos, o saldo da primeira leva de balanços das instituições financeiras americanas foi positivo. “Os bancos estão ganhando com spreads e fazendo a lição de casa, se preparando para um ambiente mais difícil. Caso o pior cenário não se concretize, eles poderão melhorar suas previsões depois. Os bancos tendem a ser mais cautelosos e conservadores mesmo”, conclui o estrategista.
Para a semana que vem, estão previstos os resultados de Bank of America (17) e Goldman Sachs (18).
(com agências internacionais)
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