ETFs registram recorde de cotistas, patrimônio e ativos; confira os que mais valorizaram em 2021

Em 2021 os ETFs caíram no gosto do investidor brasileiro; o iShares US Financials ETF (BIYF39) obteve o melhor desempenho, com valorização de 44,95%

Felipe Alves

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O ano de 2021 apresentou uma evolução em vários segmentos do mercado financeiro e, entre eles, os ETFs (Exchange Traded Funds), que registraram um salto expressivo. Os números confirmam: o volume financeiro médio dos fundos de índices já ultrapassa os R$ 2 bilhões/dia e a quantidade de cotistas supera os 600 mil. Mas quais foram os ETFs que mais valorizaram em 2021?

Levantamento da Economatica aponta os ETFs mais rentáveis em 2021 até o dia 16 de dezembro. Os que lideram a lista são BDRs (Brazilian Depositary Receipts) de ETFS, principalmente expostos ao dólar. Ao comprar um BDR de ETF a carteira do investidor vai replicar um índice de um determinado país.

O iShares US Financials ETF (BIYF39) obteve o melhor desempenho, com valorização de 44,95%, seguido pelo iShares US Technology, com 43,70%.

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Em 2021 os ETFs caíram no gosto do investidor brasileiro. O crescimento do número destes ativos negociados na bolsa de valores cresceu substancialmente ao longo do ano. Até dezembro de 2020 a B3 negociava cerca de 30 papéis deste tipo. Esse valor quintuplicou durante este ano. Em dezembro de 2021, a B3 negocia mais de 170 ETFs, incluindo os BDRs de ETFs e os últimos lançamentos de dezembro.

Segundo levantamento feito pela Economatica, a partir do 1º trimestre de 2021 a quantidade de ETFs passou a ter crescimento significativo, principalmente com a entrada de negociação dos ETFs internacionais. Em março de 2021, por exemplo, havia 75 ETFs listados na B3 –metade do que há hoje.

Para Paloma Brum, analista de investimentos da Toro Investimentos, a alta dos ETFs em 2021 se deve ao maior apetite do investidor por renda variável no primeiro semestre e também à maior facilidade em aplicar recursos neste tipo de ativos, com mais opções, custo unitário acessível e maior liquidez.

“Os ETFs têm teses macro que as pessoas conseguem entender. E é uma forma de ter um portfólio muito diversificado sem que o investidor necessariamente escolha todas as empresas que estão ali”, destaca Paloma Brum.

A diversificação é um dos pontos fortes dos ETFs que tem atraído os investidores. Com a grande oferta desses ativos em 2021 na bolsa brasileira é possível escolher segmentos específicos, como ETFs focados em tecnologia, há outros que replicam os principais índices dos EUA ou do Brasil, ETFs de small caps, de empresas focadas em sustentabilidade, de dividendos, criptoativos, renda fixa e até ETF que investe em mais de 9.000 empresas mundo afora.

De olho nas oportunidades do mercado, a XP Asset acelerou em 2021 o lançamento de ETFs e hoje se consolida como o segundo maior provedor deste tipo de investimentos do Brasil, atrás apenas do Itaú. Hoje são 13 ETFs disponibilizados pela XP Asset. As opções vão desde produtos expostos a ouro, Fundos Imobiliários, bolsas globais e mercados emergentes e asiáticos.

“Essas inovações ajudaram bastante a crescer o número de investidores que olhavam para o mercado com alguma limitação”, explica Danilo Gabriel, sócio-gestor de fundos indexados da XP Asset.

Conheça os 5 ETFs mais rentáveis de 2021

Entre os 5 mais rentáveis de 2021 (até 16 de dezembro) há três ETFs dos Estados Unidos e dois do Brasil. Quatro deles são geridos pela BlackRock, uma das maiores gestoras de ETFs do mundo.

iShares US Financials ETF (BIYF39) – 44,95%

Negociado entre os investidores brasileiros a partir de novembro de 2020, o líder da lista de rentabilidade de 2021 tem como foco o setor financeiro, com exposição a bancos, seguradoras e empresas de cartão de crédito dos EUA. O ativo é um BDR de ETF que segue índices da FTSE Russell. A instituição depositária é o Banco B3. Ele é gerido pela gestora global BlackRock e é negociado na bolsa de valores NYSE Arca. O fundo teve início em 22 de maio de 2000.

iShares US Technology (BIYW39) – 43,70%

O segundo lugar em rentabilidade de 2021 ficou com o BDR de ETF BIYW39, com foco em grandes empresas de tecnologia, principalmente relacionadas a eletrônicos, softwares e companhias de tecnologia da informação. Ele segue índices da FTSE Russell, investindo em empresas como Apple, Microsoft, Alphabet (Google), Meta (Facebook), Nvidia e Adobe. A gestora também é a BlackRock.

iShares Select Dividend ETF (BDVY39) – 41,02%

O BDR de ETF BDVY39 tem como foco as maiores pagadoras de dividendos dos Estados Unidos, com exposição em diferentes setores. O fundo de índice foi criado pela BlackRock e replica o iShares Select Dividend ETF (DVY), que é composto por uma carteira teórica com cerca de 100 ações de empresas que pagaram os maiores dividendos nos últimos cinco anos. Ele considera empresas negociadas na NYSE e na NASDAQ, as duas bolsas de valores dos EUA.

ishares S&P 500 (IVVB11) – 38,24%

Um dos ETFs mais conhecidos e negociados no Brasil ficou com a quarta posição de maior rentabilidade em 2021. O IVVB11 é um fundo de índice de gestão passiva que tem relação direta com o S&P 500, um dos maiores índices de ações do mundo. Assim, ele reflete o desempenho das 500 maiores empresas de capital aberto dos Estados Unidos. As empresas com maior peso no índice são Microsoft, Apple, Amazon, Tesla, Alphabet (Google), Meta (Facebook), Nvidia, Berkshire e JPMorgan. O ETF é gerido pela BlackRock Brasil.

It Now Spxi (SPXI11) – 37,95%

O SPXI11 também reflete o índice dos EUA S&P 500. Assim, ao comprar cotas deste fundo o investidor também estará exposto às 500 maiores companhias dos EUA. As diferenças entre SPXI11 e o IVVB11 incluem a gestão, as taxas de administração e a estratégia. O It Now Spxi é gerido pelo Itaú Unibanco e investe no SPDR S&P 500 ETF Trust (SPY). Já o IVVB11 investe no iShares Core S&P 500 ETF (IVV).

Os 20 ETFs mais rentáveis de 2021

ETF País de origem Código Retorno em 2021 (%)
iShares US Financials ETF EUA BIYF39 44,95%
iShares US Technology EUA BIYW39 43,70%
iShares Select Dividend ETF EUA BDVY39 41,02%
Ishares S&P 500 Brasil IVVB11 38,24%
It Now Spxi Brasil SPXI11 37,95%
iShares Core S&P 500 Index EUA BIVB39 37,71%
iShares Global Technology EUA BIXN39 36,71%
iShares MSCI USA Esg Optimized ETF EUA BEGU39 35,42%
iShares MSCI Taiwan Capped ETF EUA BEWT39 34,94%
10º iShares Core S&P Total US Stock Mkt ETF EUA BITO39 32,27%
11º iShares Edge MSCI Minimum Volatility USA ETF EUA BUSM39 31,11%
12º iShares Global Healthcare EUA BIXJ39 30,44%
13º iShares Core S&P MidCap ETF EUA BIJH39 30,40%
14º iShares MSCI India Index EUA BNDA39 29,16%
15º iShares MSCI Acwi (All Country World Index) EUA BACW39 25,68%
16º Btc iShares Core MSCI Europe ETF EUA BIEU39 20,77%
17º iShares Russell 2000 Index EUA BIWM39 20,68%
18º iShares MSCI United Kingdom Index EUA BEWU39 19,59%
19º iShares MSCI Emu Index EUA BEZU39 18,19%
20º iShares MSCI EAFE Esg Optimized ETF EUA BEGD39 16,68%

ETFs têm 82% mais investidores em 2021

A alta do número de ETFs negociados em bolsa levou, claro, ao aumento de cotistas que investem neste produto no Brasil.

Em setembro de 2021, a quantidade de cotistas de ETFs rompeu a marca de 600 mil. Até o fim de novembro eram 618.027 cotistas, a maior quantidade já registrada na B3. Ou seja, uma alta de 82% sobre o total de investidores de 2020.

Segundo dados da B3, dois terços da participação no volume em custódia de ETFs está nas mãos de investidores institucionais, representando 74,8%. Já as pessoas físicas respondem por 20,9%.

Mas a evolução anual do número de negócios mostra que as pessoas físicas têm gradativamente aderido mais ao mercado de ETFs. Em 2020 elas respondiam por 11,14% do total de investimentos em ETFs e, até novembro de 2021, representavam 15,61%.

Patrimônio da indústria cresceu 13 vezes em cinco anos

A indústria de ETFs chegou a R$ 55 bilhões em novembro de 2021. De acordo com a B3, deste total, R$ 41 bilhões estão nas mãos de investidores institucionais. Na sequência vêm os investidores pessoa física que, juntos, respondem por R$ 11 bilhões do total de investimentos em ETFs.

O patrimônio da indústria tem crescido substancialmente nos últimos anos e já é 13 vezes maior do que em 2016, quando respondia por R$ 4 bilhões.

Os 5 ETFs com mais cotistas

Apenas dois ETFs listados na B3 possuem mais de 100 mil cotistas. Outros 10 ETFs têm entre 10 mil e 50 mil cotistas. E o restante tem menos de 10 mil investidores.

Confira os 5 com mais cotistas:

Já os ETFs com maior liquidez (até o fim de novembro) são o Ishares Bova Cia (BOVA11), com R$ 926 milhões de volume médio diário em 2021, o It Now Ibov (BOVV11), com R$ 325 milhões de volume médio diário negociado, e o Ishares S&P 500 (IVVB11), com R$ 83 milhões.

Em setembro de 2020 a B3 diminuiu o tamanho do lote-padrão para negociação de ETFs de 10 para 1 unidade. Desta forma, se antes eram necessários R$ 1.000 para comprar um lote de ETFs que custava R$ 100, agora é possível adquirir somente um.

BOVA11 e BOVV11: os mais negociados de novembro

Apesar das novidades no mercado de ETFs, os investidores têm preferido negociar os ativos mais “antigos”. Segundo dados de novembro da B3, os dois ETFs mais negociados no mês passado foram BOVA11 e BOVV11.

Enquanto o BOVA11 respondeu por 50,11% das negociações de novembro, BOVV11 representou 24,01%. Ou seja, somente os dois ativos responderam por 75% das compras e vendas de ETFs na bolsa brasileira no penúltimo mês do ano.

Completam o top 5 ainda SMAL11 (4,97%), IVVB11 (4,31%) e o novato HASH11 (2,74%).

Indústria de ETFs deve continuar aquecida

Além das facilidades implementadas ao longo de 2021 para se investir em ETFs, o cenário macroeconômico também favoreceu o crescimento da indústria ao longo do ano. Com a taxa Selic baixa em grande parte de 2021 e a valorização do dólar, a renda variável se tornou mais atrativa, especialmente no primeiro semestre. Mas apesar do cenário ter se invertido nos últimos meses, a expectativa do mercado é de que a indústria de ETFs continue aquecida.

“Acredito que devemos ver ainda crescimento no ano que vem. Daqui para a frente não deve haver movimento inverso. Mas talvez não teremos tantos ETFs novos quanto essa leva de 2021”, ressalta Paloma Brum, analista de investimentos da Toro Investimentos

Ela acredita que as novidades deverão surgir principalmente em relação a investimentos alternativos e descorrelacionados à economia brasileira, como mais ETFs expostos a criptoativos, ao mercado de urânio e outros ativos que não acompanhem a volatilidade dos ativos tradicionais.

Danilo Gabriel, sócio-gestor de fundos indexados da XP Asset, destaca que a indústria de ETFs ainda é embrionária. Por isso, ele vê que há um longo caminho de expansão para este mercado.

“O investidor brasileiro passa muito pela dualidade da renda fixa versus renda variável a depender do nível da taxa de juros. Então ele olha para os ETFs como uma possibilidade de investir em outras geografias e economias”, explica. Dentro da XP Asset, Danilo afirma que o foco agora é buscar teses mais nichadas e de temáticas inovadoras.

Últimas novidades em ETFs

Mesmo com um cenário de alta da taxa de juros nos últimos meses de 2021 no Brasil, novos ETFs estão surgindo.

Em 16 de dezembro a BlackRock lançou, em parceria com a B3, um conjunto de 20 novos BDRs de ETFs. Há ativos expostos ao setor aeroespacial, ao mercado chinês, indiano, europeu e a fundos imobiliários. A maior parte dos novos ETFs seguem índices do Morgan Stanley Capital International (MSCI).

Em 15 de dezembro a Investo, gestora independente especializada em ETFs, lançou o ETF Investo Jogo na B3 (JOGO11). O fundo tem como referência o índice MVIS Global Video Gaming & eSports Index, que replica o desempenho das maiores empresas e com maior liquidez no segmento de e-sports e vídeo-gaming.

Em dezembro a Inter Asset lançou em parceria com a EQI e a Teva Índices uma família de três ETFs. O NOGV11 permite investir apenas em empresas privadas da Bolsa. O PUBL11 agrega as empresas estatais. E o GURU11 replica a carteira dos principais gestores de fundos de ações do mercado brasileiro com performance histórica consistente. A expectativa é que esses três fundos, segundo a Inter Asset, sejam apenas os primeiros de uma família que deve crescer em 2022.

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