Estratégia dos fundos de ações e multimercado mais rentáveis em 12 meses

SÃO PAULO – Depois de deixar a inflação causada pela alta dos alimentos corroer os salários, o Banco Central pisou no freio monetário no primeiro semestre de 2011, elevou os juros e restringiu o consumo. Na segunda metade do ano, a inflação deu trégua e o governo surpreendeu ao iniciar o corte dos juros. Em menos de 12 meses, a economia brasileira adquiriu duas faces bastante distintas. 

A capacidade de antever as decisões da cúpula monetária garantiu uma enorme diferenciação entre gestores de fundos de investimento. Ainda assim, as melhores rentabilidades destes veículos nos últimos 12 meses pertenceram à gestores com uma visão cautelosa sobre o mercado brasileiro. A edição bimestral da Invista, de maio e junho, traz na capa alguns papéis e ações essenciais para se ter em carteira neste momento, seja pela gestão experiente, pelas perspectivas futuras, ou pela forma de avaliar o cenário da economia brasileira e suas oportunidades.

Além dos papéis listados na matéria, alguns outros também merecem espaço. Eles estão listados logo abaixo, considerados apenas aqueles listados na Anbima (Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais), que não são fechados para captação, exclusivos ou abertos apenas aos investidores qualificados. A aplicação mínima escolhida possui um valor máximo de R$ 40.000. Confira as categorias ações e multimercados:

Ações
Enquanto o fundo XP Absoluto Consumo liderou o ranking dos últimos 12 meses, apoiado em uma carteira de ativos focada no mercado interno, o fundo Apogeo Dividendos, o segundo colocado na disputa, não deixou por menos. O fundo apostou em uma carteira menos volátil que o Ibovespa, que rendeu 38,59% até 30 de março.

A gestão antecipou o movimento de alta da inflação e privilegiou as ações do setor de energia elétrica e consumo. No primeiro caso, a demanda é inelástica e a inadimplência é de mais fácil controle. No segundo, a saúde do mercado interno garante o repasse de preços. Outra estratégia foi uma gestão sistemática do caixa do fundo, com blue chips completando o portfólio para promover liquidez, explica o diretor técnico Paulo Bittencourt.

Multimercados
Seguindo de perto o desempenho do fundo Advis Delta 30, que liderou o ranking da revista ao replicar a estratégia do fundo Delta, agora fechado para captação, o fundo Venturestar Multimercado, da gestora independente paulista de mesmo nome, apresentou rentabilidade de 21,93% nos últimos doze meses.

O fundo trabalha como a suspensão de um automóvel, com ferramentas para que o passageiro oscile o mínimo possível, segundo as palavras de seu único gestor, Luiz Paulo Mesquita. A principal estratégia é equilibrar um ativo vencedor com outro que tende a não performar tão bem.

Mesquita percebeu, ainda nos primeiros seis meses de 2011, que a taxa de juros estava caindo em todo o mundo e antecipou este movimento para a economia local. Assim, passou a preferir dois tipos de ativos: os títulos de renda fixa corrigidos por índices de preços e as ações de empresas que estavam protegidas ou ganhavam com a aceleração da inflação.

Neste ano, o VentureStar continua apostando na convergência da Selic e em um cenário de inflação mais elevada, mas mudou seus mecanismos de proteção. Após o avanço da renda variável nos primeiros três meses do ano, o gestor trocou as posições em ações por títulos públicos norte-americanos.