Estapar (ALPK3) salta 43,5%, Metal Leve (LEVE3) sobe 12% e Bemobi (BMOB3) cai 4,4%: os destaques de alta e baixa após resultados

Entre as maiores altas, ainda estão Odontoprev e Metal Leve, assim como Banco Pine, com avanços entre 7% e 9%

Lara Rizério

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A temporada de balanços do primeiro trimestre de 2023 (1T23) segue chamando a atenção do mercado, guiando novos extremos na Bolsa.

A grande alta na sessão, além de Grupo Mateus (GMAT3), ficou com a ação da operada de estacionamentos Estapar (ALPK3), esta última fechando em alta de 43,48% (R$ 1,98) após o balanço. Vale destacar também o baixo valor de face desses ativos, fazendo com que mudanças de centavos levem a fortes variações percentuais.

Mahle Metal Leve (LEVE3), por sua vez, disparou 11,85%, a R$ 36,05, e Odontoprev (ODPV3) subiu 5,73%, a R$ 11,07.  Já o Banco Pine (PINE4), sem uma cobertura ostensiva dos analistas, subiu 5,08%, a R$ 1,86.

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Entre as maiores quedas, o destaque é Bemobi (BMOB3), com baixa de 4,44%, a R$ 14,0, afastando-se das mínimas do dia. A ação da companhia, inclusive, foi rebaixada para neutra pelo Itaú BBA após o resultado.

Confira as análises para os maiores destaques de altas e baixa da sessão:

Estapar (ALPK3)

A operadora de estacionamentos Estapar (ALPK3) registrou prejuízo líquido de R$ 26 milhões no primeiro trimestre de 2023 (1T23), queda de 35,2% frente janeiro a março de 2022.

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No 1T23, o Prejuízo Líquido contábil foi de R$ 30,3 milhões, 30,0% inferior ao prejuízo do 1T22. “Acreditamos que o crescimento do faturamento, aliado ao controle de custos e despesas e à redução da alavancagem financeira, consolidarão
tendência de recuperação do Resultado Líquido nos próximos trimestres”, avalia.

O Citi manteve recomendação de compra para as ações da Estapar com preço-alvo de R$ 5 após o balanço, destacando que a receita líquida registrada – de R$ 305,5 milhões, avanço anual de 25,2% – ficou em linha com as suas estimativas e o fluxo de caixa proveniente das operações (FFO) ficou ligeiramente acima do que esperava.

Além disso, a empresa melhorou o perfil da dívida com duas emissões totalizando R$ 430 milhões no 1T23, aumentando o duration em 1,6 anos para 2,7 anos e alterando o custo do spread de CDI+3,54% para 2,95%. Isso apesar da relação dívida e Ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciações e amortizações) ter aumentado para “altíssimos” 183% (+8 pontos percentuais na base trimestral).

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Os investimentos em tecnologia automotiva da empresa avançaram significativamente, com a Estapar Zul+ contribuindo com 16,6% da receita total no 1T23 (+2,1 p.p. frente o 1T22). Estapar Zul+ movimentou R$ 128,6 milhões em Valor Total de Pagamentos (+40% ano a ano), em 10,4 milhões de transações (+42% frente 1T22).

O churn (indicador de perda de contratos) da Estapar está abaixo dos níveis históricos em 0,10%, e o fluxo de veículos atingiu 91% de sua marca pré- pandemia.

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“As operações da Estapar estão em um nível decente, mas lidar com a alavancagem continua sendo o principal desafio”, avalia.

Odontoprev (ODPV3)

A Odontoprev (ODPV3) registrou aumento de 5,1% no lucro líquido no primeiro trimestre de 2023 em relação a igual período do ano passado, saindo de R$ 161,5 milhões para R$ 169,6 milhões.

O Ebitda ajustado foi de R$ 202 milhões, alta anual de 21,5%. Isso levou a um crescimento da margem Ebitda ajustada de 3,3 p.p. (pontos percentuais), para 38,6%.

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Para o BTG Pactual, a companhia reportou bons resultados no primeiro trimestre, um pouco acima de suas estimativas, com baixo crescimento de receita e melhores margens. A receita líquida cresceu 11% na base anual para R$ 524 milhões (em linha), refletindo o crescimento do ticket médio ( 5,5% anual) e um melhor mix de receita (maior exposição a planos PME e individuais).

A sinistralidade caiu 80 pontos-base na comparação anual, para 34%, 140 pontos-base melhor do que a estimativa do banco, principalmente devido a uma forte queda na sinistralidade dos planos individuais (ajudada pela reversão de provisões).

A ODPV perdeu 53 mil membros (organicamente): -25 mil no corporativo; -6 mil em PME; -22 mil no individual. O Bradesco já representa 49% dos associados (ante 45% em 2020). As dificuldades de adesão, porém, foram compensadas por um ticket médio mais alto, que subiu 5,5% ano a ano ( 3,6% no corporativo; 6,6% na PME; 11,3% no individual) e 1% frente o 4T22, em linha com os comentários da empresa que o momento de precificação está melhorando.

“A Odontoprev é uma tese defensiva interessante em nossa cobertura de saúde, pois sua sinistralidade está abaixo dos níveis pré-pandêmicos (recorrentemente) e tem uma sólida posição de caixa líquido. Mas consideramos que o cenário mais otimista está precificado, deixando-nos assim neutros”, aponta o BTG.

O Itaú BBA também aponta que, num primeiro momento, o balanço da Odontoprev no primeiro trimestre pode parecer negativo: a companhia registrou perda líquida de 53 mil beneficiários, contra uma perda líquida de 28 mil um ano antes, com desaceleração em todos os segmentos. Somente no segmento corporativo, a queda foi de 25 mil vidas, enquanto os planos para pequenas e médias empresas (PME) perderam 6 mil beneficiários e o individual, 22 mil vidas. O fraco desempenho foi parcialmente compensado pela marca Bradesco Dental, responsável por 5 mil adições líquidas no segmento corporativo, 12 mil na vertical PME e 3 mil nos planos Individuais.

“Apesar disso, a companhia apresentou aumento de preço (ticket) médio consolidado de 5,5% em um ano que mais do que compensou a perda de vidas. Os planos corporativos tiveram aumento de 3,6% em base anual, enquanto os planos PME e individual expandiram 6,6% e 11,3%, respectivamente. Assim, a receita líquida totalizou R$ 524 milhões, alta de 11,1% em um ano e ligeiramente acima do que esperávamos, enquanto a sinistralidade e a rentabilidade superaram nossas expectativas. Mantemos a nossa recomendação neutra (desempenho em linha com a média do mercado) para ODPV3, com preço-alvo de R$ 11 ao final de 2023”, avalia o banco.

Grupo Mateus (GMAT3)

O Grupo Mateus (GMAT3) obteve lucro líquido de R$ 240 milhões no primeiro trimestre de 2023 (1T23), o que representa um crescimento de 20,3% frente igual etapa do ano passado.

O lucro antes juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda, na sigla em inglês) totalizou R$ 411 milhões no 1T23, um crescimento de 36,1% em relação ao 1T22.

A receita líquida da companhia cresceu 28,2% no ano, chegando a R$ 5,86 bilhões. O lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda, na sigla em inglês) cresceu 31,6%, para R$ 345 milhões. O lucro líquido subiu 20,3%, chegando a R$ 240 milhões.

“Foi o melhor da classe. O Grupo Mateus apresentou resultados sólidos, com melhoria da rentabilidade e manutenção de uma dinâmica de capital de giro mais saudável, este último recentemente tendo sido um importante tema de discussão com investidores. No geral, a empresa foi a líder entre os varejistas de alimentos”, fala o time do Itaú BBA, chefiado por Thiago Macruz.

Mesmo em um movimento de expansão, com o Grupo Mates fechando março com 238 lojas em operação, contra 218 um ano antes, a margem Ebitda do varejista cresceu 0,5 ponto percentual no ano, chegando a 5,9%.

“Como esperado, um forte plano de expansão (principalmente na região Nordeste com o atacarejo) levou a uma queda de 120 pontos-base na margem bruta ano a ano, atingindo 21,1% (20 pontos-base abaixo da nossa estimativa), mas a diluição das despesas operacionais acima do esperado gerou uma margem Ebitda melhor”, explica o BBA.

O Bradesco BBI vai na mesma linha, afirmando que o destaque ficou para as simultâneas expansões da margem Ebitda e da receita líquida.

Mahle Metal Leve (LEVE3)

A Mahle Metal Leve (LEVE3) registrou lucro líquido de R$ 186 milhões no primeiro trimestre de 2023. A cifra é 51,2% maior que a registrada um ano antes pela empresa de autopeças, quando o lucro foi de R$ 123 milhões.

O Ebitda foi de R$ 260,1 milhões no período, crescendo 45,7% no mesmo intervalo de tempo. A margem Ebitda da companhia cresceu 5,3 pontos percentuais para 25,4%.

O JPMorgan aponta que o Ebitda reportado foi 27% além do que esperava e 36% acima do consenso, beneficiado por uma margem bruta recorde de 31,1% (+4,6 pontos percentuais na base anual e 4,1 p.p. acima da projeção do JP).

Ajustando o Ebitda pelos expressivos R$ 31 milhões em ganhos monetários líquidos (versus R$ 16 milhões no 1T22) seria de R$ 229 milhões, ainda +12-20% acima do consenso do banco.

Os principais pontos positivos foram: i) margens brutas dos segmentos de componentes de motores e filtros
aumentaram +4,0 p.p. 8,7 p.p. ao ano, respectivamente; ii) receitas do mercado de reposição em alta de 21% da base anual e 1% acima do esperado pelo JP, com receitas domésticas no segmento subindo 8% além da projeção do banco; e iii) a margem Ebitda foi de 25,5%, +6,1 pontos percentuais além do esperado pelo JPMorgan e no nível mais alto desde 2010, ou em 22,4% ao ajustar para ganhos monetários líquidos (ainda +3,1 p.p. versus o esperado pelo banco).

Entre os principais pontos negativos, estiveram a receita abaixo do esperado, além de despesas gerais e administrativas além da projeção.

Banco Pine (PINE4)

O Banco Pine (PINE4) lucrou R$ 30,6 milhões de forma líquida no primeiro trimestre de 2023, número consideravelmente maior do que o R$ 1,8 milhão do mesmo período do ano passado.

A Margem Financeira Bruta somou R$ 131 milhões entre janeiro e março, um crescimento de mais de 150% em relação ao mesmo período do ano anterior, impactada , de acordo com o Banco Pine, pelo crescimento das carteiras de crédito de Empresas, pela consolidação do segmento Varejo Colateralizado e pelo crescimento da receita de Operações Estruturadas e venda de Ativos Imobiliários.

Bemobi (BMOB3)

A Bemobi (BMOB3) lucrou R$ 19,1 milhões de forma líquida no primeiro trimestre de 2023, número 16% menor do que os R$ 22,6 milhões registrados no mesmo período do ano passado.

A companhia de aplicativos viu sua receita ficar praticamente estável na base anual, saindo de R$ 135 milhões para R$ 137 milhões.

A XP aponta que a Bemobi reportou resultados neutros no primeiro trimestre, porém ligeiramente abaixo das suas estimativas.

A receita líquida foi de R$ 137 milhões, com um aumento de apenas 1,5% em relação ao ano anterior e 1,0% abaixo da projeção da casa. Este é o primeiro trimestre em que tanto a M4U, quanto a Tiaxa estão na mesma base comparativa, apontam os analistas.

O Ebitda ajustado totalizou R$ 44 milhões, com um aumento de 3,1% ano a ano, alcançando uma margem de Ebitda de 31,7% (+0,5 ponto na base anual, mas queda de 1,7 ponto na trimestral).

Já o lucro líquido ajustado foi de R$ 19 milhões no 1º trimestre de 2023 (-15,5% ano a ano), principalmente devido ao impacto negativo de despesas financeiras não monetárias relacionadas à operação de swap (um impacto negativo de R$ 3,5 milhões no lucro líquido). A XP segue com recomendação de compra e um preço-alvo de R$ 25 para a ação para o final de 2023.

Após o resultado, o Itaú BBA reduziu a recomendação para as ações da Bemobi para equivalente à neutra.

“Desde que iniciamos a cobertura em Bemobi em setembro, demos à empresa o benefício da dúvida. Somos grandes fãs de Pedro Ripper, devido ao seu histórico e excelente histórico como empresário e CEO em diversos empreendimentos, inclusive na Bemobi. Também acreditamos que a Bemobi passou por uma diversificação inteligente de negócios, adicionando muitos negócios interessantes, como microfinanças e pagamentos para clientes de telecomunicações e serviços públicos. No entanto, a tecnologia tem tudo a ver com esse impulso e, após uma sequência de trimestres piores do que o esperado, os resultados decepcionantes do 1T23 levantam mais preocupações. Por esse motivo, estamos rebaixando as ações”, destacam os analistas.

Eles apontam que, apesar das compensações parciais associadas ao conflito Rússia-Ucrânia, o crescimento da receita desacelerou 10 pontos percentuais na base trimestral no 1T23, para um pouco inspirador avanço de 1% anual. “Embora a empresa tenha feito um bom trabalho de melhoria de eficiência e CAC, não foi suficiente para compensar o efeito na alavancagem operacional da desaceleração das receitas, que afetou todo o P&L”, avalia. O preço-alvo foi reduzido de R$ 25 para R$ 17.

“Se a empresa conseguir reacelerar, ou apresentar uma narrativa clara sobre quando é provável que seu momento melhore, certamente mudaríamos nossa opinião de volta para uma postura positiva”, avalia.

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Lara Rizério

Editora de mercados do InfoMoney, cobre temas que vão desde o mercado de ações ao ambiente econômico nacional e internacional, além de ficar bem de olho nos desdobramentos políticos e em seus efeitos para os investidores.