Entre queda da Petrobras e Fed, Ibovespa fecha em baixa de 0,69%

Autoridade norte-americana mantém juro básico do país em atual patamar; indicadores positivos não ofuscam cautela

Anderson Figo

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SÃO PAULO – Pressionado novamente pela queda nas ações da Petrobras, o Ibovespa encerrou a sessão desta terça-feira (21) em baixa de 0,69%, a 67.719 pontos. O volume financeiro do dia ficou em R$ 5,98 bilhões.

Embora tenha demonstrado uma ligeira alta logo após a abertura do mercado, chegando a atingir a máxima de 68.255 pontos (leve alta de 0,09% em relação ao fechamento anterior), o principal índice da bolsa brasileira, porém, oscilou no campo negativo por grande parte do dia. Com a divulgação do comunicado do Fed, o benchmark ensaiou uma recuperação, mas não conseguiu sustentar os 68 mil pontos da véspera.

Apesar de o Fed não ter anunciado medidas adicionais de estímulo à economia, se limitando a manter o atual programa de reinvestimento dos valores que receber dos títulos securitizados atualmente sob sua posse, a sinalização de que está pronto para implementar novas medidas de ajuda à economia norte-americana caso seja necessário amenizou as perdas vistas nas globais ao longo do dia.

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Destaques da bolsa
Na ponta vendedora do índice, chamou atenção novamente o comportamento dos papéis da Petrobras, que figuraram entre as principais baixas do dia. Esta semana marca o encerramento dos pedidos de reserva da oferta de varejo para pessoas não vinculadas para a oferta da estatal, a ocorrer na próxima quarta-feira, e a precificação das ações, que ocorre um dia depois. Cabe ressaltar que o preço dos papéis será fixado em dólar e, posteriormente, convertido em reais.

A Sabesp foi outro destaque negativo no dia. As maiores baixas, dentre as ações que compõem o Índice Bovespa, foram:

 Cód. Ativo Cot R$ % Dia % Ano Vol1
 SBSP3 Sabesp ON 34,62 -3,48 +1,20 7,39M
 PETR3 Petrobras ON 29,80 -3,25 -27,06 136,38M
 RSID3 Rossi Resid ON 15,92 -2,81 +5,65 27,77M
 PETR4 Petrobras PN 26,35 -2,77 -26,59 765,45M
 PDGR3 PDG Realty ON 19,75 -2,61 +15,39 77,51M

As ações da CCR Rodovias, por sua vez, se destacaram na ponta positiva do índice, impulsionadas pelo anúncio da companhia quanto ao pagamento de dividendos. A distribuição será equivalente a R$ 1,70 por ação ordinária, a partir do próximo dia 30.

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Os papéis da Usiminas também ficaram entre os principais ganhos do dia. As maiores altas, dentre os papéis que compõem o Índice Bovespa, foram:

 Cód. Ativo Cot R$ % Dia % Ano Vol1
 USIM3 Usiminas ON 49,26 +1,99 -1,41 23,75M
 VIVO4 Vivo Part PN 47,10 +1,95 -9,77 25,10M
 BVMF3 BMFBovespa ON 14,35 +1,70 +20,73 191,67M
 USIM5 Usiminas PNA 45,35 +1,68 -7,93 156,36M
 CCRO3 CCR Rodovias ON 41,57 +1,27 +9,17 34,68M

As ações mais negociadas, dentre as que compõem o Índice Bovespa, foram :

 Código Ativo Cot R$ Var % Vol1 Vol 30d1 Neg 
 PETR4 Petrobras PN 26,35 -2,77 765,45M 641,54M 23.919 
 VALE5 Vale PNA 42,68 +0,19 756,17M 619,88M 15.798 
 OGXP3 OGX Petróleo ON 19,88 -1,44 219,47M 298,66M 10.872 
 BBAS3 Brasil ON 30,00 +0,70 194,39M 103,16M 10.981 
 BVMF3 BMFBovespa ON 14,35 +1,70 191,67M 157,56M 6.607 

* – Lote de mil ações
1 – Em reais (K – Mil | M – Milhão | B – Bilhão)

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Agenda
O principal destaque na agenda econômica do dia ficou com a reunião do Federal Reserve. Sem surpresas, o Fed voltou a manter a taxa básica de juro dos EUA entre 0% e 0,25% ao ano pela 14ª reunião consecutiva. Vale lembrar que a última vez em que a taxa básica de juro dos EUA foi cortada foi em dezembro de 2008. A frase sobre manter a Fed Funds Rate em níveis muito baixos por um “extenso período de tempo”, como nas últimas reuniões, constava novamente no comunicado da autoridade monetária.

Além da manutenção, já consenso nos mercados, o banco central norte-americano também afirmou que a recuperação desacelerou na maior economia do mundo – assim como havia feito no último comunicado – e se mostrou pronto a agir para sustentar a economia.

Também nos EUA, o Housing Starts, que mede o número de casas em início de construção nos EUA, registrou 598 mil casas no resultado anualizado de agosto, superior aos 550 mil imóveis esperados. Já o Building Permits, que mensura o número de autorizações para construção de novas casas nos EUA, chegou a 569 mil em agosto, também acima das expectativas.

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Na Europa, a Irlanda anunciou ter sido bem sucedida na emissão de € 1,5 bilhão em bônus, aliviando temores sobre dificuldades do país para rolagem de sua dívida. Do mesmo modo, Madri também mitigou os receios fiscais ao obter êxito no mercado de crédito nesta sessão, lançando € 7 bilhões em dívida de curto prazo.

Cenário doméstico
No front doméstico, atenção recaiu sobre a Nota do Setor Externo, divulgada pelo Banco Central. O documento revelou que o resultado global do balanço de pagamentos brasileiro em agosto deste ano foi superavitário em US$ 4,38 bilhões, sendo que no mesmo período de 2009 a conta registrara um saldo positivo de US$ 8,143 bilhões. Já a conta de transações correntes teve déficit de US$ 2,861 bilhões, maior que o saldo negativo de US$ 809 milhões contabilizado em agosto do ano passado.

Ainda na cena interna, o mercado também repercutiu dados inflacionários. O IPCA-15 (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo – 15) apontou inflação de 0,31% em setembro, segundo dados publicados pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística). A variação foi 0,36 ponto percentual maior do que a registrada no mês passado (-0,05%) e maior que a taxa de 0,19% apurada no mesmo período de 2009.

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No mesmo sentido, o IGP-M (Índice Geral de Preços – Mercado) apontou inflação de 1,03% na segunda prévia de setembro, taxa 0,48 ponto percentual acima da vista no mesmo período do mês anterior.

Dólar
Após operar no campo positivo durante a manhã – chegando a beirar o patamar de R$ 1,735 -, a trajetória do dólar comercial foi perdendo forças no começo da tarde, passando para o lado negativo após a divulgação do comunicado do Federal Reserve. Acentuando suas perdas até o final da sessão, a moeda interrompeu a sequência de duas altas com queda de 0,58% nesta terça-feira, cotada na venda a R$ 1,718.

Pouco antes do fechamento dos negócios, o Banco Central do Brasil realizou sua segunda intervenção no mercado cambial de dólares, através de um leilão de compra entre as 15h53 e às 16h03 (horário de Brasília), com uma taxa de corte aceita em R$ 1,7182. A autoridade monetária já intervira no mercado de câmbio por volta de 12h20, quando comprou a moeda a R$ 1,7297.

Os investidores também avaliaram a autorização dada ao Fundo Soberano Brasileiro, que agora pode entrar no mercado para comprar moeda estrangeira. A medida, embora possa conter a apreciação do real frente o dólar no curto prazo, não deverá ser suficiente para reverter a trajetória da taxa de câmbio no longo prazo, de acordo com os especialistas do mercado.

Renda Fixa
O mercado de juros futuros encerrou sem tendência definida, com destaque para a alta nas taxas dos contratos de curto prazo. O contrato de juros de maior liquidez, com vencimento em janeiro de 2011, fechou com taxa de 10,68%, alta de 0,01 ponto percentual em relação ao fechamento anterior.

No mercado de títulos da dívida externa, o título brasileiro mais líquido, o Global 40, fechou em alta de 0,15% em relação ao fechamento anterior, cotado a 137,65% do valor de face.

O Risco-País registrou variação positiva de 12 pontos-base em relação ao fechamento anterior, fechando em 210 pontos-base.

Bolsas Internacionais
O índice Nasdaq Composite, que concentra as ações de tecnologia norte-americanas , fechou  em leve baixa de 0,28% e atingiu 2.349 pontos. Seguindo esta tendência, o índice S&P 500 desvalorizou-se 0,25% a 1.140 pontos. Por outro lado, a Dow Jones, que mede o desempenho das 30 principais blue chips norte-americanas, fechou em leve alta de 0,07% atingindo 10.761 pontos.

Na Europa, o índice FTSE 100  da bolsa de Londres  registrou leve baixa de 0,47% e atingiu 5.576 pontos; no mesmo sentido, o índice DAX 30  da bolsa de Frankfurt desvalorizou-se 0,30% chegando a 6.276 pontos e o CAC 40, da bolsa de Paris, caiu 0,10% a 3.784 pontos.

Confira os eventos previstos para quarta-feira
No front doméstico, destaque para a divulgação da Sondagem do Consumidor referente ao mês de setembro, que será divulgada pela FGV (Fundação Getulio Vargas). Além disso, o Banco Central do Brasil vai revelar a Nota de Política Monetária do mês de agosto.

Lá fora, a atenção se divide entre o nível dos estoques de petróleo nos Estados Unidos e a minuta da última reunião do BOE (Bank of England), no Reino Unido.

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