Entenda a tecnologia por trás das exchanges descentralizadas

Consultor financeiro explica o que são pools de liquidez, criadores de mercado automatizados, yield farming e outros componentes das DEXs

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(Getty Images)
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*Por Jackson Wood

Os consultores financeiros estão muito familiarizados com as finanças tradicionais e sabem exatamente como a indústria funciona. As empresas de consultoria de investimento registradas são clientes de custodiantes como Fidelity, Schwab e IBRK, que por sua vez têm relacionamentos com bolsas como a New York Stock Exchange (NYSE) e a Nasdaq.

Os títulos individuais são negociados em bolsas e as carteiras de valores mobiliários são mantidas com custodiantes. Os clientes das firmas têm acesso às plataformas construídas pelos custodiantes, e os consultores podem gerenciar esses ativos por meio deles. É assim que o sistema financeiro tradicional funciona há décadas.

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As finanças descentralizadas (DeFi), no entanto, são muito diferentes. E é importante que os profissionais do mercado tradicional entendam esse novo sistema para que possam explicá-lo aos clientes e estejam aptos para fazer recomendações sobre criptoativos.

No centro do DeFi estão as exchanges descentralizadas (DEX, na sigla em inglês). Essas corretoras facilitam a negociação de ativos digitais para usuários em todo o mundo.

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Ao contrário de exchanges centralizadas como a NYSE, as DEXs não usam livro de ofertas, sistema que há décadas faz parte das bolsas de valores – e que, para ser sincero, continua funcionando bem hoje. A razão pela qual as DEXs não utilizam essa ferramenta comprovada pelo tempo é porque ela requer tecnologia e uma equipe de indivíduos centralizados para funcionar.

Em vez disso, as exchanges descentralizadas usam contratos inteligentes (pedaços de códigos autoexecutáveis) para facilitar a negociação. Os smart contracts, na tradução para o inglês, que regem a negociação em uma DEX são chamados de pool de liquidez.

O que é um pool de liquidez?

Um pool de liquidez é simplesmente um conjunto de ativos bloqueados em um contrato inteligente. Eles são “crowdsourced”, o que significa que as criptos emparelhadas ali dentro não são garantidas por uma única pessoa ou instituição. Fiel ao estilo descentralizado e de base do mercado cripto, essas ferramentas passam a existir a partir de contribuições feitas pela comunidade. Para facilitar o entendimento, pense nos pools como potes gigantes repletos de ativos digitais emparelhados, que estão dispostos dessa forma para facilitar a troca entre eles.

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O que são criadores de mercado automatizados?

Os pools de liquidez são regidos por criadores de mercado automatizados (AMMs, em inglês), códigos de software que regem e automatizam o processo de troca de ativos, fornecendo liquidez para uma DEX. Em plataformas com AMMs, os usuários não negociam com outra contraparte (pense em comprador e vendedor no sistema tradicional de book de ofertas); em vez disso, eles negociam contra o conjunto de ativos emparelhados.

Para entender os AMMs, é preciso conhecer a fórmula matemática que está no cerne desse sistema: X * Y = k.

Em um post publicado há cinco anos pelo cofundador da (ETH), Vitalik Buterin, ele propôs a fórmula do AMM. Pouco depois, nasceram os protocolos com esse formato. Na fórmula, X representa o token A, Y representa o token B e k representa um equilíbrio constante entre os dois ativos.

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Em um pool de liquidez de dois ativos emparelhados, se o preço de X aumenta, o preço de Y diminui e, portanto, a constante k permanece a mesma. Somente quando novos ativos são colocados no pool é que o volume total aumenta. Essa fórmula rege essa ferramenta e cria um estado de equilíbrio entre os preços. A compra do token A aumentará o preço do token A e a venda do token A diminuirá o preço do token A. O oposto acontecerá com o token B.

Outro componente dos AMMs é o recurso de arbitragem. Esses contratos inteligentes são capazes de comparar os preços de ativos emparelhados em seus próprios pools com os do ecossistema DeFi. Se o preço variar muito, o AMM incentivará os traders a aproveitar o erro de precificação na liquidez nativa e nos pools externos e, com esse incentivo, o AMM atinge o equilíbrio mais uma vez.

Entendendo o yield farming

Os AMMs não apenas incentivam os traders a arbitrar preços de pools cruzados, mas os próprios pools de liquidez reais dão aos participantes um incentivo para depositar ativos neles. O yield farming (processo de armazenar criptos em um contrato e receber juros) é uma maneira popular de gerar renda no ecossistema de criptomoedas. A estratégia oferece uma oportunidade atraente para os detentores de tokens conseguirem retorno. Dessa forma, eles não precisam depender apenas da valorização da moeda.

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Quando um indivíduo compromete ativos emparelhados no pool de liquidez, ele começa a gerar recompensas tokenizadas. No momento que o usuário deseja trocar ativos por meio de um pool, o sistema cobra uma pequena taxa dele para facilitar a troca. Essa tarifa é então paga aos indivíduos que ofereceram seus ativos ao pool, geralmente no formato de um token de provedor de liquidez (LP).

Por exemplo, um usuário pode depositar ativos em um pool de liquidez em uma exchange descentralizada, como a PancakeSwap (CAKE). Com isso, o doador gerará um rendimento para ele, conforme determinado pelo AMM, e, em troca de fornecer liquidez, será pago em CAKE, o token LP nativo criado pela PancakeSwap. O usuário pode então vender seu token LP por qualquer outro que desejar.

Cuidados

A atenção é importante quando se trata de yield farming. Novos pares de ativos, com liquidez muito baixa, muitas vezes incentivam os indivíduos a contribuir para o pool oferecendo um rendimento muito alto. Com frequência, esses pares e pools são novos e os usuários enfrentam um risco maior de serem vítimas de fraude ou roubo.

A maioria dos novos pools oferece uma maneira atraente para os criminosos virtuais executarem um golpe chamado “rug pull” (puxada de tapete, na tradução para o português). Esse é um tipo de scam em que os criadores de um projeto coletam tokens da comunidade e depois fogem com os recursos dos investidores.

Outra forma de risco é a chamada de perda impermanente, que ocorre principalmente durante um período de alta volatilidade, algo bastante comum no mercado de criptomoedas.

Quando o preço de um token em um pool se move significativamente em comparação com o preço de outro, e por causa disso os provedores de liquidez decidem retirar alguns ativos, os indivíduos que depositaram tokens podem ter menos do que sua contribuição original. Se o provedor de liquidez decidir manter os ativos no pool, é possível que o valor da liquidez retorne ao ponto de equilíbrio com tempo suficiente e com uma diminuição na volatilidade.

Navegando em um novo sistema

Então, como um consultor deve navegar nesse espaço totalmente novo de troca de ativos, descentralização e yield farming, e lidar com os riscos associados? É importante saber que o sistema financeiro tradicional não vai desaparecer tão cedo. No entanto, a tecnologia blockchain que alimenta o DeFi é extremamente atraente, tanto para usuários quanto para provedores do setor financeiro.

Os consultores precisam entender como essa tecnologia funciona e estar preparados para ver o crescimento da indústria DeFi nos próximos anos. As melhorias em eficiência e custos são atraentes para os consumidores e aumentarão a experiência do usuário dos clientes.

*Jackson Wood é consultor financeiro da Freedom Day Solutions

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