Enjoei e Méliuz: resultados decepcionam e ações fecham com queda de mais de 10%, mas por que os analistas seguem otimistas?

Números foram impactados por maiores despesas, mas analistas veem tendência positiva para os ativos com aceleração das receitas

Lara Rizério Mariana Zonta d'Ávila

Méliuz (Reprodução: Instagram)
Méliuz (Reprodução: Instagram)

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SÃO PAULO – A sessão desta segunda-feira (16) foi de forte queda para o Ibovespa sendo que, fora do índice, duas ações registram baixa ainda mais expressiva.

As ações da Enjoei (ENJU3) chegaram a ter queda de 16,67%, a R$ 5,75, enquanto Méliuz (CASH3) chegou a ter perdas de 15,23%, a R$ 47,47. E os ativos não fugiram tanto das mínimas: ENJU3 fechou o pregão em forte baixa de 15,80%, a R$ 5,81, enquanto CASH3 teve queda de 12,59%, a R$ 48,95.

O Enjoei teve alta do prejuízo em 10,9 vezes no segundo trimestre, para R$ 30,040 milhões. A receita líquida do Enjoei  teve alta de 100%, a R$ 26,4 milhões no segundo trimestre. O volume bruto de mercadoria (GMV) teve alta de 82% na mesma base de comparação, a R$ 205 milhões.

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A XP aponta que a Enjoei reportou resultados mistos referentes ao segundo trimestre de 2021, com a receita líquida 8% acima das estimativas devido a uma taxa de comissão (take-rate) melhor do que esperado.

Mas, em termos de rentabilidade, a companhia registrou queda expressiva na margem bruta (queda de 20,5 pontos percentuais na base anual), devido a maiores custos com frete e logística.

Além disso, também houve queda de lucro antes de juros, impostos, depreciações e amortizações (Ebitda) ajustado para R$ 19 milhões negativos, frente a maiores despesas de vendas. Assim, o prejuízo líquido excluindo-se o efeito do plano de remuneração em ações totalizou R$ 18 milhões, versus a estimativa da XP de R$ 15 milhões.

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Para a XP, mesmo diante de um trimestre ainda bastante desafiador para a categoria de vestuário e com uma forte base de comparação para o e-commerce, a companhia novamente registrou um sólido crescimento de GMV e receita (alta de 82% e de alta de mais de 100% na base anual, respectivamente). Inclusive, a companhia teve o maior crescimento de GMV online do setor de e-commerce: Via (VIIA3;+20%), Americanas (AMER3;+37%), Magalu (MGLU3;+46%), Mercado Livre (MELI34;+44%), Westwing (WEST3;+14%), Mobly (MBLY3;estável).

“No entanto, a companhia apresentou uma forte queda de rentabilidade por conta de maiores custos de frete, por clique (CPC) e maiores investimentos em marketing”, apontaram.

Já o BBI revisou as estimativas, com a projeção da GMV subindo entre 1%-5% (estimado no período 2021-2023), mas as vendas líquidas caindo 12-24% devido à menor taxa de compra.

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“Isso posterga o ano em que a Enjoei atinge o ponto de equilíbrio na linha Ebitda em um ano, de 2023 anteriormente a 2024 em nosso modelo mais recente”, apontam os analistas.

O BBI destaca, novamente, que a companhia apresenta “dores do crescimento” . De acordo com os analistas, apesar dessas “dores” que os analistas do banco viram nos últimos trimestres – ou seja, a necessidade de ajustar a estratégia da Enjoei para garantir o crescimento futuro – os analistas mantiveram recomendação de compra à medida que continuam a ver a empresa como a melhor colocada no crescente mercado de revenda.

O preço-alvo do BBI, por sua vez, caiu de R$ 23 (para o final de 2021) para R$ 17 (no final de 2022), o que ainda corresponde a uma alta de 146% em relação ao fechamento da véspera.

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A XP também segue com recomendação de compra para as ações ENJU3, com preço-alvo de R$ 15, o que corresponde a um potencial de alta de 117% frente o fechamento de sexta.

“A companhia deu uma atualização geral das principais iniciativas que tem conduzido, sendo as principais (i) nova política de comissionamento, a qual foi testada ao longo do segundo trimestre para entender o melhor formato, e que passará a cobrar taxas menores para produtos com ticket médio mais elevados; (ii) nova política comercial, que visa estimular o melhor comportamento dos vendedores de modo a refletir em uma melhor experiência para o comprador; (iii) aumento do sortimento no EnjuPro e B2C, o que contribui para uma maior rentabilidade; e (iv) avanços na frente logística, com a expansão do seu CD EnjuPro e redução da dependência dos Correios”, apontam os analistas da casa.

De acordo com compilação da Refinitiv, de quatro casas que cobrem o papel, três possuem recomendação de compra e uma neutra. O preço-alvo médio é de R$ 16, uma alta de 132% em relação ao fechamento de sexta.

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Méliuz: fundamentos sólidos continuam

O Méliuz teve prejuízo líquido atribuído a controladores de R$ 6,7 milhões no segundo trimestre de 2021. O valor representa um aumento da ordem de 3% frente o mesmo período do ano anterior, quando o prejuízo foi de R$ 6,5 milhões.

Entre abril e junho deste ano, a receita líquida da companhia cresceu cerca de 120% na base anual, para R$ 54,5 milhões.

Além disso, a empresa abriu, em média, 39 mil novas contas por dia útil no período e apresentou um aumento de 265% no número de usuários ativos.

Apesar da forte queda das ações na B3 nesta segunda (16), os analistas da XP e do Bradesco BBI seguem otimistas com a companhia e recomendam compra para os papéis na Bolsa.

Em relatório, a XP avalia que os resultados operacionais vieram fracos, mesmo considerando a integração de suas empresas recém-adquiridas, com receitas chegando a R$ 55 milhões.

O time de análise destaca que o resultado foi impactado por despesas de marketing, software e pessoal, que aumentaram drasticamente com a integração de suas novas empresas.

Por conta disso, a avaliação é de que os investidores não devem acompanhar os lucros – ao menos no curto prazo.

Apesar dos resultados mais fracos do que o esperado, a XP afirma que a empresa ainda apresenta fundamentos sólidos “para um sucesso de longo prazo”.

A casa tem recomendação de compra para os papéis CASH3 e preço-alvo de R$ 48 por ação (ainda que com preço-alvo 14% abaixo do fechamento de sexta).

“Acreditamos que a startup é o melhor veículo para capturar a concorrência agressiva nos setores de e-commerce e financeiro”, escreve.

A recomendação outperform (acima da média do mercado) também é a do Bradesco BBI, com preço-alvo de R$ 90, ou alta de 61% em relação ao fechamento de sexta.

A avaliação é de que as tendências de geração de receita permanecem sólidas – e devem, segundo os analistas, ganhar mais fôlego no futuro.

Além disso, os analistas afirmam que o aumento de custos já era esperado, uma vez que a empresa continua a investir em sua equipe e plataforma.

Segundo compilação da Refinitiv, as quatro casas que cobrem a ação CASH3 possuem recomendação de compra, com preço-alvo médio de R$ 58,67, uma alta de 4,77% em relação ao fechamento de sexta.

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Lara Rizério

Editora de mercados do InfoMoney, cobre temas que vão desde o mercado de ações ao ambiente econômico nacional e internacional, além de ficar bem de olho nos desdobramentos políticos e em seus efeitos para os investidores.