Em dia vólátil por FOMC, Petrobras, bancos e Vale caem mais de 1%; TIM dispara 3%

Confira os principais destaques da Bovespa nesta quarta-feira (17)

Lara Rizério

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SÃO PAULO – O Ibovespa teve uma tarde de zigue-zague após a decisão do Fomc (Federal Open Market Committee) nesta quarta-feira (17). Em menos de uma hora, a Bolsa amenizou – logo após a divulgação do comunicado da autoridade monetária – voltou a cair mais forte (mais de 1%) e amenizou novamente. As blue chips do índice amenizaram bem as perdas, com destaque para bancos, Petrobras, Vale e siderúrgicas. Confira os destaques:

TIM (TIMP3, R$ 9,96, +3,32%)
As ações da TIM subiram forte, seguidas pelos papéis da Telefônica Brasil (VIVT4, R$ 43,02, +1,53%). Os papéis subiram forte em meio à notícia de que a Vivendi deve expandir sua fatia na Telecom Italia, que controla a TIM, de acordo com fontes ouvidas pela Reuters.

A Vivendi deve se tornar a maior acionista individual da companhia, devendo usar parte do dinheiro que recebeu com a venda da GVT, concluída em maio. De acordo com as fontes ouvidas pela Reuters, a Vivendi irá aumentar sua participação entre 10% e 15%.

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O grupo de investimento da Telecom Italia, Telco, ainda informou que concluiu sua cisão nesta quarta-feira, disse em comunicado.

Quando a cisão se tornar efetiva, as ações ordinárias da Telecom Italia detidas pela Telco, ou 22,3 por cento do capital em ações ON da empresa, será dividido da seguinte forma: 14,72 por cento para a Telefónica e 4,31 por cento para o Generali, sendo que Intesa Sanpaolo e Mediobanca terão, cada um, 1,64 por cento, informou a companhia.

Vale (VALE3, R$ 19,47, -1,42%; VALE5, R$ 16,85, -1,00 %)
As ações da Vale operaram em queda pelo quarto dia seguido, seguindo a baixa da cotação do minério de ferro na China, mas com baixa bem menor em relação à mínima do dia, de cerca de 1,5%. O minério de ferro spot do porto de Qingdao registrou baixa de 2,23%, a US$ 61,51 a tonelada nesta quarta-feira. Em quatro sessões, a baixa da Vale já chega a mais cerca de 7%. 

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As ações das siderúrgicas também registraram baixa, caso de Usiminas (USIM5, R$ 4,49, -3,26%), CSN (CSNA3, R$ 5,67, -2,24%) e Gerdau (GGBR4, R$ 7,96, -2,69%). Além da queda do preço do minério de ferro, destaque ainda para as notícias negativas para o setor. 

Segundo informações do jornal Valor Econômico, em meio a uma crise profunda, a maior desde 2009, o setor de siderurgia já computa 11,2 mil demissões de funcionários desde junho de 2014, enquanto 1,4 mil trabalhadores entraram em regime de layoff (suspensão temporária dos contratos de trabalho). A Usiminas desativou dois de seus alto-fornos no início do mês. A estimativa é que sejam cortados mais 4 mil postos de trabalho do setor nos próximos meses se a situação de fraca demanda persistir. 

Petrobras (PETR3, R$ 14,49, -1,29%; PETR4, R$ 13,19, -1,20%
A Petrobras seguiu o dia de fortes variações na Bolsa e amenizou. Após chegar a subir 1,80% mais cedo, os papéis viraram para queda no início da tarde e amenizaram as perdas. 

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Em destaque, o Senado decidiu ontem acelerar a tramitação do projeto que altera o modelo de exploração de partilha do pré-sal.

Dessa forma, a Casa deverá discutir e votar diretamente em plenário uma proposta do senador José Serra (PSDB-SP) que exclui, por exemplo, a obrigatoriedade de participação mínima de 30% da Petrobras na exploração e produção de cada licitação. O assunto, polêmico, já havia sido tema de muita discussão entre os senadores na última semana. Conforme destacaram fontes à agência Bloomberg, o presidente da Petrobras, Aldemir Bendine, defende que a empresa tenha o direito, e não a obrigação, de operar os campos do pré-sal.

Os senadores também decidiram que, antes de apreciar o mérito da matéria, a Casa realizará uma sessão de debate em plenário para discutir o tema. O presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), afirmou que o projeto deverá ser votado no mérito no início de julho.

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Marfrig (MRFG3, R$ 4,50, 0,00%) 
Após ter disparado 5,88% na sessão passada e abrirem em forte alta, as ações da Marfrig viraram para queda e zeraram.

O mercado segue na expectativa com plano de exportações de carnes. Dilma vai anunciar acordo sobre carne em encontro com o presidente Barack Obama, disse Katia Abreu, ministra da Agricultura, em evento em São Paulo, que vislumbra ainda maior abertura em outros importantes mercados como Japão, Rússia e China. A liberação de exportações de carne bovina in natura para os EUA deve ocorrer em agosto. A ministra sinalizou também a abertura do mercado japonês para carne bovina processada e in natura do Brasil, o que pode ocorrer já este ano.

Bancos 
Após duas sessões de alívio, os bancos voltaram a ser pressionados na Bolsa, mas com perdas menores em relação às quedas de mais de 2%. Ontem, os papéis do Itaú Unibanco (ITUB4), Bradesco (BBDC3BBDC4) e Banco do Brasil (BBAS3) tiveram forte alta coincide com o vencimento de opções sobre ações da Bovespa, que ocorreu na segunda-feira, já que muitos investidores zeraram suas opções vendidas nesses papéis.

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O dia foi de baixa para Banco do Brasil (BBAS3, R$ 22,55, -2,84%), Bradesco (BBDC4, R$ 27,72, -2,08%), Itaú Unibanco (ITUB4, R$ 33,94, -1,77%) e Santander (SANB11, R$ 16,36, -1,80%). 

O Bradesco confirmou que fez uma proposta para comprar as operações do HSBC no Brasil, mas a oferta final só será feita em julho. A afirmação foi feita por Luiz Carlos Trabuco Cappi, presidente do Bradesco, ao participar de evento em São Paulo, segundo informações do Valor Econômico

Segundo informações da Bloomberg do início do mês, o Bradesco seria o mais provável comprador do HSBC no Brasil, por um valor entre R$ 10 bilhões e R$ 14 bilhões, de acordo com fontes.

Ontem o diretor de relações com investidores do Itaú, Marcelo Kopel, destacou que o cenário econômico atual é “desafiador”. Diante das dificuldades, o banco aposta que a inadimplência marcará o ano de 2015, inclusive entre as grandes empresas. Apesar de prever que o restante do ano será melhor do que foi o primeiro trimestre, o Itaú mantém no radar o risco do “calote”. Para se precaver, aumentou a reserva com perdas duvidosas, o que deverá ter efeito direto sobre o spread do banco. 

A avaliação de Kopel é que a inadimplência não é exclusividade de segmentos isolados da economia, como poderia ser o caso do setor de petróleo e gás natural, atingido pela Operação Lava Jato, da Polícia Federal. As dificuldades econômicas afetam diversos segmentos, de acordo com Kopel. Por isso, o Itaú continuará, nos próximos meses, revendo a classificação do risco dos seus grandes clientes, de diversas áreas, trabalho já iniciado no primeiro trimestre.

Copel (CPLE6, R$ 33,90, +1,04%)
As ações da Copel registraram leve alta após a companhia comunicar que a Aneel (Agência Nacional de Energia Elétrica) autorizou o reajuste tarifário da Copel Distribuição com efeito médio de 15,32% a ser percebido pelos consumidores cativos.

Segundo a companhia, o reajuste será aplicado integralmente a partir de 24 de junho deste ano.

Multiplan (MULT3, R$ 46,80, -2,26%)
A Multiplan registrou queda nesta quarta-feira. A companhia decidiu adiar para abril de 2017 a inauguração do shopping que está construindo em Canoas, na região metropolitana de Porto Alegre. A inauguração antes prevista para junho de 2016 foi alterada pela administração da companhia, em função da desaceleração do varejo verificada já no fim de 2014.

Conforme destaca a Planner Corretora, o ano de 2015 deverá apresentar maiores dificuldades para as empresas de shopping centers. “Os dados mais recentes do setor de varejo mostrando queda nas vendas no mês de abril e no acumulado do ano indicam que mais dificuldades deverão ainda surgir. A economia fraca, o aumento do desemprego, os juros elevados e outros problemas, deverão continuar pressionando o desempenho do setor na segunda metade deste ano”, destaca a corretora. 

Sabesp (SBSP3, R$ 16,30, -1,21%)
A Sabesp registrou a sua quinta sessão de queda seguida, em meio ao cenário de dificuldades por conta da crise hídrica, mas diminuem as perdas em relação à queda de 2%. 
Na segunda, os ativos caíram quase 5% após a Fiesp entrar  com pedido de liminar contra o reajuste de 15,24% nas contas da companhia. 

E na terça-feira, o destaque ficou para a notícia da Bloomberg, destacando que o plano de contingência da Sabesp considera, no pior dos cenários, que o reservatório do Cantareira secaria em julho. O pior cenário possível seria diante de volume de água que chega às represas de menos de 80% do registrado em 2014, e sem obras emergenciais prontas, segundo documento obtido pela Bloomberg.

O plano de contingência considera ainda, no pior cenário, a implementação de um rodízio de 5 dias sem água e 2 dias com abastecimento na região abastecida pelo Cantareira. No melhor cenário, Cantareira chegaria em outubro com mais da metade da primeira reserva técnica recuperada.  

Educacionais
As ações das educacionais cairam cerca de 2%, interrompendo uma sequência de oito altas em meio ao alívio no setor com notícias sobre o Fies. O setor de ensino superior privado está considerando positivas as mudanças a serem implantadas no segundo semestre deste ano no programa de financiamento estudantil do governo, o Fies, apesar da redução no número de novos contratos. O novo modelo, ainda não anunciado oficialmente, terá alta de juros e redução do limite de renda dos alunos atendidos.

Já hoje, as ações da Kroton (KROT3, R$ 12,65, -0,08%) e Estácio (ESTC3, R$ 20,74, -1,24%). Fora do índice, Anima (ANIM3, R$ 23,09, -3,59%) teve queda mais forte, enquanto a Ser Educacional (SEER3, R$ 14,52, -2,02%), teve menores perdas.

Sweet Cosmetics (SWET3, R$ 0,36, -10,00%)
Após subir 25% na máxima do dia, as ações da Sweet Cosmetics zeraram os ganhos na Bovespa passaram a cair. Contudo, vale destacar o baixo valor de face dos papéis, que fazem com que variação de centavos represente uma variação percentual expressiva. No ano, a alta é de 114,29%.

A ex-mineradora concluiu hoje o seu processo de transformação na Bolsa. A empresa, fundada com foco em identificação e exploração de mineração como ouro e minério de ferro, anunciou em janeiro deste ano mudança para o ramo de cosméticos e produtos de beleza. 

No final de março, a companhia confirmou a mudança de sua denominação social para All Ore Cosmetics, que foi alterado posteriormente para Sweet Cosmetics.

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Lara Rizério

Editora de mercados do InfoMoney, cobre temas que vão desde o mercado de ações ao ambiente econômico nacional e internacional, além de ficar bem de olho nos desdobramentos políticos e em seus efeitos para os investidores.