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Os atos de depredação que atingiram a Praça dos Três Poderes no último domingo (8) encontraram ecos no setor elétrico e que culminaram com a queda de duas torres de transmissão de energia elétrica das concessionárias Furnas e Eletronorte, da Eletrobras (ELET3;ELET6).
Segundo boletim desta terça-feira (10) do Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS), além das ocorrências em empreendimentos da Eletrobras, também foi registrada na segunda-feira a queda de uma torre do Bipolo 2 do Complexo do Madeira, operado por uma transmissora do grupo Evoltz –em linha que vai de Rondônia a São Paulo.
Documento da Aneel ressalta que não foram observadas condições climáticas que pudessem ter causado algum tipo de dano à linha de transmissão e diz que “há indícios de vandalismo”.
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As ocorrências à infraestrutura da Eletrobras envolveram linhas no Paraná e em Rondônia. No caso paranaense, foi derrubada uma torre do Bipolo 2, que transmite energia gerada pela hidrelétrica Itaipu para o Sistema Interligado Nacional. Segundo o documento do ONS, também foram verificadas avarias em três outras torres do empreendimento.
As ações ELET6 se destacaram entre as quedas do Ibovespa na sessão desta terça-feira (10), fechando com baixa de 1,63%, a R$ 42,19 (com que chegou a ser de 3% mais cedo), em um dia positivo para o benchmark da Bolsa brasileira. Ainda que analistas divirjam sobre os catalisadores para a queda das ações, o acontecimento desta terça é mais um fator a ser monitorado de perto para setor, apontam.
A princípio, aponta uma analista que acompanha o setor, haveria impactos para a Eletrobras pois as linhas de transmissão são remuneradas pela disponibilidade, que foi afetada com os ataques. “No entanto, o impacto é irrisório pensando na magnitude da indisponibilidade e do tamanho da companhia”, avalia. Segundo a analista, houve uma reação exacerbada ou há uma preocupação de que os casos possam ter uma escalada.
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Na mesma linha, Luiz Adriano Martinez, sócio e gestor de renda variável da Kilima Asset, avalia que a notícia sobre a queda das torres de transmissão é negativa, o que levou a uma baixa dos ativos da ex-estatal mais forte do que de outros do setor. Porém, o movimento de queda foi atenuado com as indicações de um ato isolado. Na reta final do pregão, o índice de empresas de energia elétrica da B3 subia 0,95%, abaixo da alta de 1,5% do Ibovespa, mas com desempenho positivo frente aos ativos da Eletrobras.
Anderson Meneses, CEO & Fundador da Alkin Research, destacou que a notícia levou a um susto do mercado, mas que foi dirimido durante o dia, o que inclusive levou a ação a amenizar ao longo do pregão.
“Contudo, seria um evento muito negativo se houvesse novas ocorrências nessa direção. Acho que a principal questão é se o evento está controlado ou se desencadeará em uma cadeia de eventos. Aí sim pode ser negativo tanto setorialmente quanto na questão institucional do país, gerando uma repercussão mais ampla”, aponta Martinez.
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Para Nelly Colnagh, analista da Levante Investimentos, as ações da Eletrobras podem apresentar volatilidade, uma vez que as linhas de transmissão operadas por Furnas são as mais representativas da companhia, com 25,7 mil km de extensão ao todo e responsáveis por um faturamento anual (RAP) de R$ 4,9 bilhões para a Eletrobras.
“Entretanto, entendemos que a queda da ação pode se tratar mais de um ruído, uma vez que, até o momento, não houve interrupção no fornecimento de energia em nenhuma localidade. Seguimos aguardando posicionamento da empresa sobre o ocorrido”, ressalta a analista.
Já para Sidney Lima, analista da Top Gain Research, as ações do setor em geral não agiram negativamente de forma relevante, tendo em vista que isso foi um caso pontual e está em resolução, sem grandes consequências para o setor.
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“O mercado precifica muito os impactos econômicos do ocorrido. Como é algo pontual, em resolução e que não comprometeu a eficiência e o trabalho de distribuição no país, não houve uma reação forte”, apontou.
Contudo, também aponta que, se os acontecimentos ganharem maiores proporções, investidores vão começar a olhar quais são as consequências na capacidade de geração de receita e na despesa atrelada à correção de danos causados.
Bernardo Viero, analista CNPI da Suno Research, aponta que, mesmo as ações da Eletrobras tendo apresentado queda ante uma alta do Índice de Energia Elétrica quando se revelaram os possíveis ataques que atingiram linhas de transmissão, o fato não deve atingir os resultados da empresa de maneira relevante considerando uma penalização por indisponibilidade temporária nas receitas contratuais.
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Ele também cita que a empresa é uma gigante do setor e esses ativos representam uma parte ínfima dos seus resultados. Adicionalmente, avalia, é de se esperar que a Eletrobras busque alguma compensação para o fato, que não tem relação direta com a gestão dos ativos.
“Para o setor, o fato reitera a robustez do Sistema Interligado Nacional (SIN), que tem como um de seus objetivos contribuir com a segurança energética do país em cenários como esse. Quando algumas linhas têm o funcionamento interrompido em casos de manutenção, sejam ocasionados por causas naturais ou até mesmo sabotagens, outras assumem e demonstram a flexibilidade do sistema”, afirma Viero.
Revisões para o setor
Cabe ressaltar que as notícias sobre recomendações no setor elétrico também movimentam o setor. Nesta terça, o Itaú BBA fez um rebaixamento duplo nas ações de AES Brasil (AESB3) e de Auren Energia (AURE3), enquanto reiterou compra para Engie Brasil (EGIE3).
Os analistas incorporaram o menor risco hidrológico (GSF) para os próximos anos e curva de preços de energia, apontando que uma temporada de chuvas robusta e crescimento mais fraco na demanda de energia deve manter a pressão sobre os preços, enquanto o aumento na diversificação da matriz energética do país também reduz os riscos hidrológicos.
No início de dezembro, cabe destacar, a Claritas destacou no podcast Stock Pickers ter posição vendida (short, apostando na queda da ação) em Eletrobras, apontando excesso de energia no mercado.
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