EcoRodovias (ECOR3) e CCR (CCRO3) projetam maior competição nos próximos leilões

Novo certame acontece dia 24, da BR-381/MG; operadoras também buscam definição de reequilíbrio de contratos de concessão

Augusto Diniz Camille Bocanegra

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Em meio ao aumento de capex, por conta dos altos volumes de investimentos destinados às últimas concessões conquistadas, tanto EcoRodovias (ECOR3) como CCR (CCRO3) olham com cautela para os próximos leilões de rodovias.

No caso da EcoRodovias, os investimentos feitos nos nove primeiros meses do ano superaram em 28,1% o montante do mesmo período de 2022. Já na CCR, em igual intervalo, a cifra foi superada em 31,4%.

Enquanto isso, a concorrência parece querer ganhar espaço. Os dois primeiros leilões realizados pelo novo governo federal das Rodovias do Paraná foram conquistados pelo Pátria (Lote 1) e Grupo EPR, formado pela Equipav e Perfin (Lote 2).

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Dentro deste contexto, no próximo dia 24, haverá um novo leilão rodoviário. Dessa vez, será da BR-381/MG, no trecho de 304 km que liga Governador Valadares a Belo Horizonte. A CCR e EcoRodovias dizem estudar o ativo, mas reconhecem cenário diferente.

Marcello Guidotti, CEO do EcoRodovias, diz que a companhia tem como estratégia mapear e selecionar com antecedência os potenciais alvos baseados em alguns critérios, como a estrutura do fluxo de caixa, a complexidade do investimento, as sinergias com o portfólio atual, o capex e a taxa de retorno.

“Estamos sempre preparados para aproveitar boas oportunidades”, comentou o executivo durante a teleconferência de resultados do 3T23 a analistas.

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Mas afirmou que a companhia está “muito criteriosa” com relação à questão – o rigor está relacionado diretamente ao aumento de capex já desembolsado pela companhia esse ano para as concessões existentes.

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Concorrência se estruturando

A competição vem se estruturando. Temos visto a participação de novos players recentemente”, afirmou Guidotti. O CEO não vê, no entanto, a concorrência como fator negativo.

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“Tem muitas oportunidades à frente. Mesmo tendo uma competição um pouquinho mais reforçada, isso não impede que a gente possa alcançar boas oportunidades e com agregação de valor”, disse.

Já Miguel Setas, CEO da CCR, vê como inevitável a maior competição nos leilões nas áreas de infraestrutura em que atuam.

“Os últimos leilões já mostraram participação de novos players, além daqueles normais ou estratégicos”, disse o executivo na apresentação dos resultados do 3T23.

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Setas apontou até o perfil dos entrantes nesse mercado, que, segundo ele, incluem players de matriz financeira e ligados aos grandes conglomerados internacionais do setor de construção.

“No segmento de rodovias, esse cenário de competição está mais agravado, intenso”, disse. “Isso significa que teremos mais competição. Estamos nos preparando para um cenário desses”, complementou.

Reequilíbrio de contratos

Em outra vertente, a EcoRodovias e a CCR ainda aguardam a definição de reequilíbrio de contrato de duas concessões de seus portfólios. As duas operadoras já demonstraram interesse em manter os ativos, desde que com mudanças no acordo com o poder concedente.

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Na Eco101 (sistema da BR-101 no Espírito Santo), a EcoRodovias discute no âmbito do TCU (Tribunal de Contas da União) readaptação do contrato. Segundo Guidotti, trata-se de uma discussão complexa, “mas estamos otimista que possamos ter sucesso”.

Por conta do andamento das negociações, foi suspenso o termo que previa a relicitação do trecho rodoviário.

Já a CCR prevê que o reequilíbrio de contrato da concessionária MSVia saia até o 1º trimestre de 2024. A concessionária administra 845 km de rodovias no Mato Grosso do Sul.

A CCR informou que a companhia elaborou proposta de repactuação da MSVia e agora aguarda posição do TCU.

Visão de analistas e investidores

O leilão é visto pela XP com potencial de maior competitividade, tanto pelo perfil de retorno apresentado quanto pelo investimento comprometido menor em comparação com projetos recentes.

“Vemos espaço para retornos positivos e observamos um perfil de fluxo de caixa menos pressionado para os players listados devido ao menor tamanho do projeto”, apontam os especialistas do research da XP.

Para analistas do Bradesco BBI, a participação da EcoRodovias no leilão, que pode ter propostas enviadas até terça-feira (21), seria vitoriosa.

Em pesquisa realizada com investidores, a divisão de research do Bradesco pontuou que 94% dos entrevistados esperava que ao menos uma das duas companhias apresentasse a proposta.

Mesmo considerando a indefinição da EcoRodovias sobre a participação, o BBI considera que a presença da companhia no estado de Minas Gerais em 4 pontos de pedágio já seria um fator positivo.

Além disso, os investidores questionados opinaram sobre o comportamento das ações das companhias de acordo com o desconto adotado na tarifa de pedágio.

Para a maioria dos entrevistados pelo BBI, o desconto máximo para permitir reação positiva dos papéis das empresas seria de 10%. O maior desconto tarifário com pagamento adicional de outorga será o principal critério da licitação.

“Se o desconto ultrapassar 15%, em nossa opinião, a Ecorodovias ou a CCR poderiam explicar a principal mudança nas premissas (ou seja, tráfego, despesas operacionais e investimentos) em comparação com o plano de negócios do governo para justificar tal proposta”, considera a análise.

O BBI ressaltou, para as duas companhias, a disciplina na alocação de capital e a seletividade em leilões.

O banco considera os nomes como Outperform (performance acima do índice de referência, similar a compra), com preço-alvo de R$ 15,00 para Ecorodovias e R$ 18,00 para CCR.

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