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SÃO PAULO – As ações das donas de shoppings centers Multiplan (MULT3) e Iguatemi (IGTMA3) chegaram a subir quase 4% pela manhã, puxadas pela divulgação de um relatório do banco Credit Suisse que aponta que ambos os papéis têm bons fundamentos para investidores que quiserem surfar na reabertura da economia, após a segunda onda de Covid-19, e que elas são suas ações preferidas no setor.
Ainda que o Brasil esteja no pior momento da pandemia e o próprio banco suíço tenha anunciado que vai diminuir a exposição às ações brasileiras, a análise sobre os shoppings foca no cenário futuro.
Entre as justificativas para o otimismo, o Credit disse que ações de shoppings nos Estados Unidos e na União Europeia subiram 85% desde a reabertura do mercado em novembro, superando seus índices locais em mais de 50%, em média. Já no Brasil, as ações caíram 15% em relação ao Ibovespa no mesmo período, atingindo o menor nível em relação ao índice em dez anos.
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Eles também argumentam que os shoppings brasileiros apresentam desempenho inferior aos pares internacionais pela primeira vez em três anos, embora tenham apresentado números operacionais semelhantes ou melhores em 2020 – vacância média de 2,5%, ante 3,8% nos EUA e 2,9% na União Europeia e vendas semelhantes às da UE, em cerca de 63% dos níveis de 2019. Além disso, diz o banco, o Brasil possui um portfólio mais defensivo, com mix de lojas mais expostas a serviços e lazer, e tem iniciativas online com alto potencial de crescimento, como o Iguatemi 365 (shopping virtual da Iguatemi) e Delivery Center (market place que conecta shoppings e entregadores).
Em termos de múltiplos, o banco cita que os pares internacionais estão operando a 29 vezes o EV/Ebitda (múltiplo que mostra o valor de mercado mais dívidas sobre o Ebitda, lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização) esperado para 2022, enquanto os shoppings brasileiros estão operando a 14 vezes, portanto estão descontados em relação aos pares.
Já em relação à rentabilidade, o Credit projeta um FFO de 6,9% para as ações de shoppings nos próximos dois anos, cerca de 2,7 pontos percentuais acima dos rendimentos de títulos ligados à inflação, acima da margem histórica de 1,4 ponto percentual. O FFO, da sigla em inglês Funds From Operation, é um indicador muito observado no setor, que mostra a rentabilidade com aluguéis em relação ao patrimônio.
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“Embora o novo fechamento de shoppings, exigido pelo aumento de casos de Covid, seja um retrocesso no processo de recuperação e adie o interesse dos investidores nas ações, o pior está definitivamente para trás e a recuperação dos ganhos deve começar assim que o fluxo de clientes voltar. Os resultados recentes provam isso bem”, diz o relatório do Credit. “As empresas surpreenderam positivamente, com a cobrança de aluguel atingindo no quarto trimestre de 2020 82% do nível do mesmo trimestre de 2019. E a geração de caixa acelerou significativamente, voltando a 61% do nível observado antes da pandemia.”
Apesar de dizer que as ações possuem bons fundamentos para o investidor que deseja surfar na reabertura mais à frente, os analistas do Credit afirmam que cortaram as estimativas de EBITDA para as ações de shoppings brasileiras em 6%, em média, e o FFO em 11%, para 2022. As revisões refletem o fechamento atual de shoppings e as taxas de juros mais altas e, como consequência, os preços-alvos para os papéis do setor foram reduzidos em 7%, em média.
Por fim, o banco diz que as ações da Multiplan e Iguatemi são as top picks (ações preferidas) no setor, porque são ações com portfólio mais defensivo e de qualidade, portanto mais indicadas para ganhar com a reabertura. Apesar de reiterar a recomendação de compra das ações, os analistas reduziram os preços-alvos de R$ 48 para R$ 45 para Iguatemi e de R$ 30 para R$ 29 para Multiplan.
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Por outro lado, o banco tem recomendação neutra para as ações de BR Malls (BRML3) e BR Properties (BRPR3) e reduziu o preço-alvo de ambas, de R$ 13 pra R$12 no caso da primeira e de R$ 12 para R$ 10 para a segunda.
Preço baixo e perspectivas otimistas
Pedro Lang, head de renda variável da Valor Investimentos, diz que outras casas também têm seguido na linha do Credit Suisse e destacado aos clientes que as ações de shopping apresentariam uma boa oportunidade para comprar na baixa. “Claro que tem motivo para esses papéis estarem descontados, mas eles estão muito descontados, com um preço que, olhando historicamente, é irreal. Muitas casas dão recomendação de compra para shoppings com alvo gigantesco, tem gestor falando em 100% de upside [potencial de valorização]“, diz.
Além do desconto das ações, os otimistas também ressaltam a recuperação do setor como gatilho de alta para as ações. “Ao olhar a Europa e principalmente os Estados Unidos, que estão passando por processos de reabertura, vemos uma demanda extremamente reprimida, de pessoas retornando aos shoppings com uma vontade enorme de voltar à vida normal. Esse movimento deve jogar por um tempo as vendas e o faturamento lá para cima”, diz Bruno Musa, CEO da Acqua Investimentos.
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Ele pondera, no entanto, que a melhor oportunidade de compra dessas ações pode ter passado, já que o mercado se antecipa e muitos investidores já aproveitaram para investir nos papéis quando as primeiras medidas de lockdown no país foram anunciadas, há duas semanas. “Mas ainda dá para aproveitar a alta que deve vir com o avanço da vacinação. E não adianta esperar o Brasil todo estar vacinado para comprar as ações, esse movimento tem que ser agora, quando elas ainda estão negociando abaixo do preço histórico e dos pares.”
Mas tem também aqueles com visão mais cética. “As ações de shoppings são uma aposta clássica na reabertura da economia. Mas pode ser arriscado comparar com a performance do setor nos Estados Unidos e na Europa, dado o estágio que o Brasil se encontra no enfrentamento da pandemia”, diz Roberto Attuch Jr, CEO da casa de análise Ohm Research.
No quadro abaixo, que traz as recomendações dos principais bancos e corretoras do mercado, compiladas pela Refinitiv, é possível notar que BR Malls tem mais recomendações neutras e de venda do que de compra. Já BR Properties e Multiplan têm mais recomendações de compra, mas quase empatadas com as indicações neutras e de venda. E a única ação com ampla maioria de recomendação de compra é Iguatemi.
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Ação | Compra | Neutra | Venda | Preço-alvo (potencial de valorização*) |
BR Malls (BRML3) | 5 | 5 | 1 | R$ 11,85 (+20,30%) |
BR Properties (BRPR3) | 4 | 2 | 1 | R$ 12,07 (+36,23%) |
Multiplan (MULT3) | 6 | 3 | 2 | R$ 25,91 (+6,71%) |
Iguatemi (IGTA3) | 9 | 2 | 1 | R$ 43,16 (+15,56%) |
Fonte: Refinitiv / *Upside em relação à cotação das 11h, do dia 22/03/21
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