Dólar sobe 5,8% em novembro e Ibovespa avança pelo 3º mês seguido

Mercado termina novembro com desempenho levemente positivo e se aproxima das máximas históricas

Ricardo Bomfim

(Shutterstock)
(Shutterstock)

Publicidade

SÃO PAULO – O Ibovespa fechou estável nesta sexta-feira (29), mas atingiu seu terceiro avanço mensal consecutivo, subindo 0,7% em novembro e 6,8% desde agosto. Na semana, a Bolsa teve uma queda de 0,5%.

Neste mês, o índice foi impactado por grandes eventos como o megaleilão do pré-sal, que frustrou expectativas ao atrair pouco capital estrangeiro. O governo levantou US$ 70 bilhões, ante projeções de que iria arrecadar R$ 106 bilhões. A principal compradora dos quatro blocos ofertados foi a Petrobras, que arrematou 90% de Búzios e 100% de Itapu.

Outro grande fator foi a soltura do ex-presidente Lula, que levou o mercado a cair diante da insegurança jurídica e política que surgiram como subprodutos da decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) de acabar com a possibilidade de prisão em segunda instância.

Continua depois da publicidade

Também vale lembrar as grandes tensões na América Latina, principalmente os protestos contra a política econômica liberal do presidente Sebastian Piñera no Chile. O ambiente incerto levou a uma depreciação em bloco das moedas de países latino-americanos. O real não escapou e acabou perdendo ainda mais valor depois do ministro da Economia, Paulo Guedes, dizer que é normal o dólar acima de R$ 4,00.

Do lado positivo, as negociações entre Estados Unidos e China para um acordo comercial avançaram, levando as bolsas internacionais a renovarem máximas, o que também teve reflexos positivos por aqui.

Hoje, a Bolsa caiu em sintonia com os índices internacionais, que ainda refletem a assinatura do presidente americano Donald Trump de uma lei em apoio aos manifestantes de Hong Kong. Apesar do discurso duro, as autoridades da China ainda não anunciaram qual será a retaliação tomada contra os americanos.

Continua depois da publicidade

O Ibovespa teve leve variação negativa de 0,05%, a 108.233 pontos com volume financeiro negociado de R$ 14,177 bilhões.

Já o dólar comercial fechou em alta diante de uma apreciação do peso chileno aquém da esperada mesmo após intervenção do banco central do país, que vendeu US$ 20 bilhões para conter a desvalorização da moeda local. O câmbio terminou a sessão desta sexta com alta de 0,58% a R$ 4,2385 na compra e a R$ 4,2405 na venda. O dólar futuro com vencimento em dezembro subia 1,18%, a R$ 4,2465. No mês, a moeda dos EUA teve alta de 5,77% em relação ao real.

Leia também:
• Com alta do dólar e de ações estrangeiras, fundos de BDR já sobem 30% no ano

Continua depois da publicidade

No mercado de juros futuros, o DI para janeiro de 2021 subiu um ponto-base a 4,70% e o DI para janeiro de 2023 registrou uma alta de dois pontos, a 5,89%.

Entre os indicadores desta sexta, a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio (Pnad) Contínua, mostrou uma queda na taxa de desemprego de 11,8% para 11,6% no trimestre encerrado em outubro. O dado veio em linha com a mediana das estimativas do consenso Bloomberg.

No Brasil, após o cheque especial, governo busca alterações no cartão de crédito. Segundo o jornal O Estado de S.Paulo, o parcelamento de compras sem juros está na mira e uma das medidas em análise é restringir o número de parcelas deste tipo de operação, que é visto pela equipe econômica como uma forma de crédito.

Continua depois da publicidade

Cartão e Cheque Especial

Depois de travar os juros do cheque especial em 8% ao mês (o equivalente a 150% ao ano), a equipe econômica mira agora as operações com cartão de crédito, segundo o Estadão. Uma das distorções apontadas pelo Banco Central (BC) – e que o governo quer atacar – é a possibilidade de parcelar as compras no cartão de crédito sem juros.

Segundo apurou o Estado, uma das medidas em análise é restringir o parcelamento nesse tipo de operação. Na prática, o parcelamento sem juros acaba funcionando como uma forma de crédito. “Alguém paga essa conta”, disse ao Estado uma fonte da equipe econômica que acompanha os estudos para um novo desenho para o produto.

A alteração das regras, no entanto, deve demorar um pouco mais pela “complexidade” de funcionamento desse tipo de meio de pagamento. Para vender parcelado aos seus clientes sem juros, os lojistas pagam uma taxa mais alta para o emissor do cartão.

Continua depois da publicidade

O governo já fez mudanças na regulação do cartão, mas não está satisfeito com os juros cobrados nessa linha de crédito, que chegaram a 317,22% ao ano em outubro passado, de acordo com dados do Banco Central.

A decisão de limitar os juros foi criticada pela Federação Brasileira de Bancos (Febraban), que falou em “tabelamento de preços”, e, segundo especialistas, pode prejudicar a oferta de crédito pelos bancos e ter um efeito contrário ao desejado pelo Banco Central (BC), diz o Globo.

O BC informou ainda que colocou em consulta pública, até 31 de janeiro de 2020, “propostas normativas para implementação no País do Sistema Financeiro Aberto (Open Banking) e do Ambiente Controlado de Testes para Inovações Financeiras e de Pagamento (Sandbox Regulatório), bem como para disciplinar a atividade de escrituração de duplicata escritural”.
De acordo com o BC, as três ações buscam “aumentar a eficiência do Sistema Financeiro Nacional, fomentando a inovação, a transparência, a concorrência e a inclusão financeira e estão inseridas na Agenda BC#”.

O open banking é um conceito que prevê o compartilhamento dos dados bancários dos clientes, com prévia autorização do titular. A partir disso, será possível a um cliente bancário visualizar, por exemplo, em um mesmo aplicativo, o extrato consolidado de todas as suas contas bancárias e investimentos.

Noticiário Corporativo

No noticiário das empresas, a Petrobras selecionou Sinopec, da China, Mubadala, de Abu Dhabi, e Ultrapar e Raizen do Brasil, para a segunda rodada de venda de refinarias, segundo informaram fontes à Reuters. Ultrapar, Raizen e Mubadala não comentaram; Petrobras e Sinopec não comentaram imediatamente à agência. Já a PetroRio comprou fatia de Frade da Petrobras por US$ 100 milhões.

Na Usiminas, a siderúrgica aprovou o adiamento da reforma do Alto Forno na Usina de Ipatinga em 12 meses. A Iguatemi exerceu direito e adquiriu shoppings por R$ 260,1 milhões.

Na Alliar, Sami Foguel foi eleito CEO, Fernando Terni renuncia. A Fleury acertou a compra da Inlab por R$ 90 milhões e a Telefônica alienou 1.909 torres para Telxius por R$ 641 milhões. Já o GPA convocou AGE para 30 de dezembro para tratar de migração para Novo Mercado.

Por fim, o Banco do Brasil aprovou distribuir R$ 502,3 milhões em JCP relativos ao quarto trimestre de 2019. Os JCPs serão pagos em 30 de dezembro tendo como base a posição acionária de 11 de dezembro.

(Com Agência Estado, Agência Brasil, e Bloomberg)

Quer investir com corretagem ZERO na Bolsa? Clique aqui e abra agora sua conta na Clear!

Newsletter

Infomorning

Receba no seu e-mail logo pela manhã as notícias que vão mexer com os mercados, com os seus investimentos e o seu bolso durante o dia

E-mail inválido!

Ao informar os dados, você concorda com a nossa Política de Privacidade.

Ricardo Bomfim

Repórter do InfoMoney, faz a cobertura do mercado de ações nacional e internacional, economia e investimentos.