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O dólar comercial encerrou a quinta-feira com forte alta no Brasil, chegando a oscilar 10 centavos de real durante o dia, com as cotações refletindo a disputa de investidores pela formação da Ptax, as preocupações do mercado com o Orçamento do governo e a alta da moeda norte-americana no exterior.
A divisa americana fechou o dia em alta de 1,68%, a R$ 4,95 na compra e R$ 4,951 na venda. Foi o maior avanço percentual em um fechamento desde 3 de agosto, quando subiu 1,97%. No mês de agosto, o avanço foi de 4,7%, maior alta mensal desde junho de 2022.
A divisa dos EUA oscilou em alta durante praticamente toda a sessão. Pela manhã, parte do impulso era dado pela atuação de investidores comprados interessados na formação da Ptax.
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A Ptax é uma taxa de câmbio calculada pelo Banco Central com base nas cotações do mercado à vista e que serve de referência para a liquidação de contratos futuros. No fim de cada mês, agentes financeiros costumam tentar direcioná-la a níveis mais convenientes às suas posições, sejam elas compradas (no sentido de alta das cotações) ou vendidas em dólar (no sentido de baixa).
Além da Ptax, as cotações reagiam a alguns dados econômicos que deram força à moeda norte-americana. Os gastos dos consumidores, que representam mais de dois terços da atividade econômica dos EUA, aumentaram 0,8% no mês passado, informou o Departamento de Comércio. A projeção dos economistas era de 0,7%.
Por outro lado, a inflação medida pelo índice de preços de PCE subiu 0,2% no mês passado, repetindo a taxa mensal vista em junho.
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Assim, o dólar tinha alta firme ante uma cesta de moedas fortes, o que contribuía para o avanço também no mercado brasileiro.
Com a determinação da Ptax de fim de mês, perto das 13h, o dólar ficou mais livre para oscilar no Brasil. Mas a divisa dos EUA seguiu em alta, com investidores demonstrando cautela com a proposta do governo para o Orçamento de 2024.
Em entrevista coletiva no início da tarde, os ministros do Planejamento e Orçamento, Simone Tebet, e da Fazenda, Fernando Haddad, confirmaram a meta fiscal de resultado primário zero para o próximo ano — um objetivo visto por economistas do mercado financeiro como difícil de ser alcançado.
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Além disso, o Orçamento para 2024 traz uma ampliação de gastos de 129 bilhões de reais em relação a este ano. Para cumprir a meta de primário zero, o projeto estabelece um aumento de 168 bilhões de reais em arrecadação, incluindo receitas ainda não aprovadas.
“Eles vão lutar para atingir a meta zero, mas terão que buscar outras fontes de receita”, comentou Evandro Caciano, head de câmbio da Trace Finance. “Por isso, depois da Ptax o fiscal passou a comandar. Houve um movimento de compra de proteção, com o investidor estrangeiro comprando moeda. O estrangeiro está se protegendo”, acrescentou.
Durante o dia, chamou a atenção a forte oscilação do dólar, próxima de 10 centavos de real — algo incomum para uma única sessão. Na cotação mínima, às 9h33, a moeda à vista marcou R$ 4,8645 (-0,11%). Na máxima, às 12h07, o dólar atingiu R$ 4,9620 (+1,90%).
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No exterior, o dólar se mantinha em alta ante as moedas fortes.
Às 17:16 (de Brasília), o índice do dólar –que mede o desempenho da moeda norte-americana frente a uma cesta de seis divisas– subia 0,50%, a 103,630.
Pela manhã, o BC vendeu todos os 16.000 contratos de swap cambial tradicional ofertados na rolagem dos vencimentos de outubro.
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José Faria Júnior, diretor da consultoria Wagner Investimentos, destacou seguir alerta para a forte agenda dos EUA até 20 de setembro, dia da reunião do Fomc, como um importante ponto para ficar de olho sobre os movimentos da divisa americana.
(com Reuters)
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