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Dólar hoje sobe antes de decisões do Federal Reserve e do Banco Central brasileiro

Percepção de analistas é que dólar tende a se valorizar frente à moeda brasileira após decisões monetárias

Vitor Azevedo

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Após o real ganhar força na última semana frente à moeda norte-americana, na contramão do resto do mundo, o dólar hoje faz o caminho inverso e subiu 0,35%, indo aos R$ 4,87  –, com investidores no aguardo das decisões do Federal Reserve (Fed) e do Banco Central brasileiro, que sairão na “Super Quarta” (dia 20) dos mercados.

A divisa dos Estados Unidos vem ganhando força mundialmente, na esteira da alta dos treasuries yields. O real, contudo, conseguiu se valorizar frente à americana por conta principalmente das altas das commodities como petróleo e minério de ferro, que melhora a balança comercial brasileira.

“A queda do dólar desde meados da semana passada foi impulsionada pela recuperação do sentimento global após o otimismo em torno da economia chinesa retornar aos mercados, com alguns dados sugerindo que o pior ficou no passado. Tanto os números financeiros quanto os dados concretos apontam para um cenário melhor. Fora isso, o apoio das autoridades sobre a economia é notável”, diz Eduardo Moutinho, analista de mercado da Ebury.

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De acordo com Moutinho, as moedas, nesta terça-feira (19), entraram em um período de consolidação, em compasso de espera. Apesar de o esperado ser que o Federal Reserve deixará sua taxa inalterada, no intervalo de 5% a 5,25%, investidores aguardam as sinalizações da autoridade monetária americana.

A percepção da Ebury é que o Fed irá manter as taxas inalteradas, tendo encerrado seu ciclo, mas, ao mesmo tempo, os dirigentes dificilmente sinalizarão isso – deixando, inclusive, a porta aberta para novas altas. Mas o tom pode variar.

Dólar hoje aguarda “tom do Federal Reserve”

O DXY, que mede a força do dólar frente a outras divisas de países desenvolvidos, caiu 0,05%, indo aos 105,15 pontos. No entanto, o número ainda está próximo das máximas desde outubro do passado.

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O ganho de força da moeda americana mundialmente, como já mencionado, se deu na esteira das altas dos treasuries yields, que subiram nas últimas semanas por conta de dados econômicos mais fortes nos Estados Unidos. Esses números podem fazer o Fed tomar um tom mais hawkish, de aperto monetário.

A lógica quanto à alta dos juros é: uma economia americana mais aquecida gera mais inflação e mais inflação levará os diretores da instituição monetária a subirem mais os juros. Juros maiores tornam o investimentos nos títulos do tesouro americano, considerados os ativos mais seguros do mundo, algo mais atrativo, o que leva capital aos EUA e fortalece o dólar.

A interpretação do Fed sobre o assunto, provavelmente a que mais importa, sai amanhã.

“Todos os investidores acabam segurando um pouco as suas posições justamente para traçar estratégias conforme os resultados que forem saindo. Quando as sinalizações forem saindo eles vão traçar estratégia para onde mandar os seus recursos”, fala Thiago Avallone, especialista em câmbio da Manchester Investimentos.

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Notas de real e dólar sendo trocadas
Notas de real e dólar sendo trocadas (Shutterstock)

Carry trade

Apesar de o Brent estar tocando sua máxima do ano no dia, a cerca de US$ 95,5, o que normalmente seria positivo para o câmbio, a moeda brasileira não se fortalece, de olho no diferencial de juros.

“Provavelmente a gente vai ter o diferencial de juros diminuindo aqui na próxima quarta-feira. Os Estados Unidos podem ter um novo aumento da taxa de juros e a gente deve cortar a taxa de juros aqui no Brasil. Isso deve aumentar a pressão por compra de dólares aqui na bolsa brasileira”, fala Jansen Costa, sócio fundador da Fatorial Investimentos.

A previsão do mercado para o Copom é que a autoridade monetária brasileira cortará a Selic em 50 pontos-base, para 12,75%. Com o Fed mantendo os juros nos Estados Unidos inalterados, então, há impactos no chamado carry trade.

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O carry trade consiste no movimento de investidores pegando dinheiro emprestado nos EUA (ou outro país com taxas menores) e emprestando no Brasil. Se o diferencial cai, o movimento cai.

Mercado antecipou

O mercado, contudo, já se antecipo ao provável aumento desse diferencial. A principal questão, agora, também fica para as sinalizações do BC brasileiro.

“A reação do câmbio deve se apoiar em indicações de que o Banco Central irá acelerar ou não o ritmo de flexibilização. Acreditamos que ainda é cedo para abrir essa porta neste momento, mas o crescimento resiliente e as surpresas positivas no índice de preços sugerem que os mercados podem estar subvalorizando o ciclo de cortes”, diz Moutinho, da Ebury.

“No cenário mais conservador, vemos os riscos de ambas reuniões inclinadas a favor do dólar”, completa.

Se o Federal Reserve trouxer um tom mais duro e o Banco Central brasileiro, um mais leve, como é esperado, o dólar tende a se fortalecer frente ao real.

“A possibilidade de uma queda da moeda americana, embora pequena, dependeria do presidente do Fed, Jerome Powell, efetivamente sinalizar que o ciclo de aperto monetário chegou ao fim, o que não acreditamos que acontecerá tão cedo”, diz o especialista da Ebury.

“A tendência é que tenhamos capital saindo do Brasil em direção a outros lugares, onde seja rentabilizado na comparação com o risco que o país oferece. Via de regra, o dólar ainda opera de lado quando não temos esses cenários traçados”, fala Thiago Avallone.

“É importante lembrar, contudo, que não é só o carry que define o preço do dólar. A gente tem um petróleo a US$95 o barril do tipo Brent, o que gera a entrada de muito capital aqui para o Brasil. Teremos forças de juros puxando o dólar para cima e de balança comercial o trazendo pra baixo. Teremos, assim, um novo equilíbrio”, diz Jansen Costa.

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