Dez minutos de jogo resumem decepção com novo Super Mario e ações da Nintendo desabam 11%

Um dos grandes problemas apontados foi o custo do jogo, de US$ 9,99, o que foi considerado caro pelos usuários

Rodrigo Tolotti

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SÃO PAULO – Na última sexta-feira a Nintendo lançou seu primeiro grande jogo mobile desde Pokémon Go. Após grande expectativa, Super Mario Run foi liberado para usuários do sistema iOS, mas o reflexo de usuários e investidores foi praticamente o oposto do jogo dos monstrinhos.

No Japão, nesta segunda-feira (19), os papéis da companhia desabaram 7% após as primeiras análises do primeiro jogo do encanador fora de um console da Nintendo ficarem bem abaixo do esperado. Em poucas horas, o game disparou na lista de mais baixados da Apple Store, mas não conseguiu chegar ao primeiro lugar.

Nos dois dias de negociação das ações desde a estreia do jogo, as perdas chegam a 11%, o que representa US$ 3,5 bilhões de valor de mercado a menos para a Nintendo. Investidores e analistas estão começando a duvidar das decisões da empresa e de sua capacidade de se dar bem com os aparelhos móveis.

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Um dos grandes problemas apontados foi o custo do jogo, de US$ 9,99, o que foi considerado caro pelos usuários. Os três primeiros níveis do jogo são gratuitos, mas para poder jogar todas as fases é necessário pagar esta taxa. Apesa de o valor já ter sido conhecido antes, a estratégia usada pela Nintendo foi considerada errada e tem deixado muita gente desapontada.

“Um custo inicial de US$ 10 para liberar o jogo é pedir muito e vai na contramão dos jogos móveis atuais que são gratuitos para jogar”, disse Daniel Ahmad, analista da empresa de pesquisa Niko Partners. “Os primeiros três níveis não são muito longos e a tela de pagamento não deixa absolutamente claro o que o usuário obterá em troca desses US$ 10”, completa.

Além do preço alto, as críticas se concentraram na decisão da Nintendo de exigir conexão à internet, e muita gente reclamou de não poder jogar no caminho entre a casa e o trabalho. Outros disseram que a simplificação extrema da jogabilidade eliminou recursos que são uma marca registrada dos jogos Super Mario em consoles, como as bolas de fogo.

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Hideki Yasuda, da Ace Research Institute, disse que as expectativas “estavam muito altas, uma vez que o modelo de negócio do jogo de Mario é muito diferente do de Pokémon”.

Já, Motoi Okamoto, ex-funcionário da Nintendo, acredita que as más análises a Super Mario Run na plataforma da Apple podem afastar os consumidores da versão Android, e diz que depois de terminar o jogo, não considera a estrutura de pagamento a ideal. Para ele, a mensagem para pagar US$ 9,99 após terminar alguns poucos níveis poderá irritar muitos jogadores que baixaram um aplicativo gratuito.

O jogo devia pedir aos jogadores para pagar na hora de baixar ou dar mais conteúdos gratuitos, já que quiseram seguir o modelo grátis para baixar”, diz Okamoto.

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Com Bloomberg

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Rodrigo Tolotti

Repórter de mercados do InfoMoney, escreve matérias sobre ações, câmbio, empresas, economia e política. Responsável pelo programa “Bloco Cripto” e outros assuntos relacionados à criptomoedas.