Destacando a alta dos custos operacionais, analistas veem resultado da TAM como fraco

Para bancos e corretoras, aumento na concorrência e nos preços do combustível também pressionam margens da empresa

Anderson Figo

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SÃO PAULO – Os resultados da TAM (TAMM4) no primeiro trimestre deste ano foram mal recebidos por bancos e corretoras nesta terça-feira (17), que os avaliaram como fracos. No geral, um dos principais pontos negativos do balanço foi apontado como o aumento nos custos, que afetaram as margens da empresa.

Entre janeiro e março deste ano, a companhia aérea registrou um lucro líquido de R$ 128,8 milhões, revertendo o prejuízo de R$ 70,9 milhões auferido no 1T10. Junto com a reversão do prejuízo, porém, a empresa também viu uma escalada de seus custos operacionais, os quais cresceram 16% na comparação anual, para R$ 2,932 bilhões.

Segundo o analista Leonardo Nitta, do BB Investimentos, esse aumento nos custos operacionais da TAM no primeiro trimestre deste ano decorre dos maiores gastos com despesas de pessoal e combustível. “Tais impactos refletem o reajuste salarial de 8,75%, novas contratações, que aumentaram a base de funcionários em 16%, forte valorização do preço do petróleo de 19,7% no período e o consumo 12,3% maior”, explicou Nitta.

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O crescimento da oferta de assentos por quilômetros, porém, ofuscou em partes o avanço dos custos operacionais da TAM no 1T11, disse o analista do BB. Além disso, Nitta destacou que, apesar dos impactos da alta do petróleo, o spread entre RASK (receita operacional por assento-quilômetro oferecido) e CASK (custo operacional por assento-quilômetro voado) apresentou um pequeno crescimento de 3,1% sobre o 1T10.

Custo de combustível
Em relação aos custos de combustível, os analistas Caio Dias, Bruno Amorim e Alexandre Amson, do Santander, destacaram que a TAM, assim como seus pares no mercado aéreo brasileiro, está mais exposta à volatilidade do preço do combustível de aviões que seus pares na América Latina, devido a sua “limitada capacidade de elevar os yields”.

“A TAM não elevou suas posições de hedge de combustível, mantendo 25% de cobertura do consumo projetado para os próximos 12 meses, o que a deixa mais vulnerável a uma forte flutuação no preço do petróleo, mas que também reduz seus custos financeiros”, disse Nitta, do BB.

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Competição aperta
Outro ponto negativo ressaltado por bancos e corretoras no trimestre foi o aumento da concorrência. Segundo a analista Kelly Trentin, da Spinelli Corretora, a forte competição no setor levou a TAM a reduzir suas tarifas no período em 4,1%, para R$ 256,00, enquanto que sua principal concorrente, a GOL (GOLL4), conseguiu elevá-las em 1,2%, para R$ 198,20.

Além disso, a analista da Spinelli ressalta que mesmo baixando as tarifas e registrando uma taxa de ocupação maior em seus voos domésticos, a TAM perdeu 0,8 ponto percentual em market share nos três primeiros meses deste ano, indo para 41,8%.

De acordo com os analistas Angela Lieh e Stephen Trent, do Citigroup, a companhia “tem encarado a competição no setor aéreo de uma maneira racional, com novas adições de capacidade de oferta em um ritmo à margem da crescente demanda”.

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Multiplus impulsiona receitas da TAM
Por outro lado, o vetor positivo dos resultados da TAM no 1T11 foi apontado pelos analistas como a receita bruta da empresa no período, que cresceu R$ 462 milhões frente ao 1T10, para R$ 3,2 bilhões. Desse total, R$ 303 milhões vieram da operação do programa de fidelidade da Multiplus (MPLU3), assim como das parcerias do programa, entre outros.

“O grande destaque do trimestre é o desempenho da Multiplus, que garantiu a expansão do yield geral”, destacou, por sua vez, o analista do BB Investimentos.

Além do resultado, ações ainda devem repercutir fusão com a LAN
No geral, os analistas destacaram que, além dos resultados, as ações da companhia aérea também deverão repercutir os próximos passos da fusão com a chilena LAN.

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“Embora a fusão com a LAN permaneça em foco, nós acreditamos que estes números confirmam que o cenário mais competitivo e os preços do petróleo estão colocando muita pressão nas margens da TAM. Nós esperamos mais detalhes da operação no final de maio, quando haverá uma audiência pública no Chile sobre o caso”, disse o analista Luiz Otavio Campos, do Credit Suisse, o qual manteve sua recomendação de desempenho acima da média do mercado para as ações da empresa, com preço-alvo de R$ 50,00 para 12 meses.

O Citigroup e o Santander, por sua vez, também possuem recomendação de compra para os ativos da companhia aérea.

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