De derrocada de 11% da Kroton ao salto da Alliar: a reação de 12 ações aos balanços do 2º trimestre

Confira o desempenho e a análise de bancos e corretoras para os balanços que agitaram o mercado nesta sessão

Lara Rizério

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SÃO PAULO – A sessão foi de forte queda para o Ibovespa por conta das preocupações com a economia global após os dados de produção industrial da China decepcionarem, o PIB da Alemanha registrar queda (entre outros dados negativos da zona do euro), além da inversão da curva de juros nos EUA (veja mais sobre esse último ponto clicando aqui). 

Mas os grandes destaques da bolsa – “tanto para o bem quanto para o mal” – ficam com os papéis de empresas que divulgaram balanços entre a noite de ontem e a manhã desta quarta-feira, com o grande destaque de baixa ficando para os ativos da Kroton (KROT3, R$ 11,41, -11,55%), que chegou a cair mais de 11% após o balanço.

A Embraer (EMBR3), que viu as suas ações subirem na abertura, passou a registrar forte queda com os investidores digerindo os números do segundo trimestre. Já a Alliar disparou e a Randon conseguiu fechar com ganhos apesar do dia negativo no mercado. Confira as reações dos investidores e as análises de bancos e corretoras sobre os resultados do período: 

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Kroton (KROT3, R$ 11,41, -11,55%)
Muito fracos, refletindo um ambiente bastante complicado por questões macroeconômicas, aumento da concorrência com ensino à distância e pressão de todos os lados (volume, preços, recebíveis e geração de caixa). Essa é a avaliação do Morgan Stanley sobre os números da Kroton, que viram seus papéis caírem forte na bolsa.

A companhia de educação apresentou um lucro líquido ajustado de R$ 266,696 milhões no segundo trimestre deste ano, representando queda de 44,2% na comparação com o mesmo período do ano passado. Segundo a empresa, o resultado foi impactado, especialmente, por despesas financeiras decorrentes da aquisição da Somos e um maior nível de depreciação derivado de investimentos realizados nos últimos anos.

O Ebitda (lucro antes de juros, impostos, amortização e depreciação) recuou 4,3%, para R$ 624,767 milhões, enquanto a margem apresentou retração de 6,9 pontos porcentuais, para 35,9%.

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A receita líquida, por sua vez, avançou 14,2%, somando R$ 1,742 bilhão. A empresa destaca que o ticket médio do ensino superior teve recuperação, com alta anual de 6,7% no presencial e de 5,0% no EAD.

A Kroton manteve o seu guidance, mas vai precisar de uma recuperação mais forte no segundo semestre de 2019 para conseguir cumpri-lo, avalia o Morgan. 

“Este é o melhor ativo no setor, mas é mais uma história para 2020”, avalia o Morgan, que mantém recomendação equalweight (exposição em linha com a média do mercado). “Não esperamos uma recuperação cíclica no mercado de pós graduação até 2020/2021, atrasando a recuperação do lucro por ação até 2021, o que implica pouco espaço para alta no médio prazo”, avalia a equipe de analistas do Morgan. 

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Alliar (AALR3, R$ 16,91, +11,25%)
A Alliar reportou um lucro líquido atribuído aos acionistas de R$ 9,6 milhões, crescimento de 82,1%. O lucro pro-forma somou R$ 11 milhões, o que neste critério representou aumento de 108,4%.

O Ebitda somou R$ 65,3 milhões, aumento de 26,4%, com margem de 24,0% (+5,2 p.p.). O Ebitda ajustado, por sua vez, atingiu R$ 73,1 milhões, um incremento de 23%, com margem 26,9% (+5,3 p.p.).

A receita líquida recuou 1%, para R$ 272,4 milhões, com avanço de 2% em same-store-sales (SSS) de +2,0%, porém impactada pelo fechamento de unidades (principalmente a venda da operação no Hospital São Rafael).

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Segundo o Itaú BBA, a Alliar divulgou resultados amplamente em linha, ainda abalados pelo cenário de crescimento desafiador visto nos últimos dois trimestres. Já pelo lado positivo, o controle rígido de custos, impulsionado pela maior utilização da tecnologia pela empresa e pelo foco na maturação dos ativos atuais, gerou ganhos de produtividade e lucratividade, o que animou os investidores.

Embraer (EMBR3, R$ 18,36, -5,85%)
A Embraer teve um lucro líquido atribuído aos acionistas de R$ 26,1 milhões no segundo trimestre, revertendo perdas de R$ 485,0 milhões do mesmo período do ano passado. Já o resultado ajustado, onde excluem-se impostos diferidos e itens especiais apresentou prejuízo de R$ 57,6 milhões, ante perdas de R$ 21,4 milhões de um ano antes.

O Ebitda (lucro antes de juros, impostos, amortização e depreciação) somou R$ 259,6 milhões, representando uma alta de 98%, com margem de 4,8% (+1,9 ponto porcentual). Considerando o Ebtida ajustado, porém, o resultado foi de queda de 55,9%.

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A receita líquida somou R$ 5,402 bilhões, alta de 19,4%. No segundo trimestre, a Embraer entregou 26 aeronaves comerciais e 25 executivas (19 jatos leves e seis grandes) comparado aos 28 jatos comerciais e 20 executivos (15 leves e cinco grandes) entregues no mesmo período do ano passado.

A carteira de pedidos firmes da companhia atingiu US$ 16,9 bilhões no final do segundo trimestre, acima dos US$ 16,0 bilhões reportados ao final do primeiro trimestre. No trimestre, a Embraer atingiu book-to-bill acima de 1X em todas as suas unidades de negócio, liderado pelas vendas no segmento de Aviação Executiva. A companhia reafirmou ainda todas as suas estimativas financeiras e de entregas para 2019.

De acordo com o Bradesco BBI, os resultados superaram as expectativas do consenso. Já o Morgan Stanley cortou o preço-alvo para os American Depositary Receipts (ADRs) da Embraer, citando otimismo reduzido com crescimento do lucro nos segmentos de aviação executiva e de defesa, na esteira da divulgação do balanço do segundo trimestre.

Os analistas do Morgan Stanley mencionaram expectativa de melhora menor na rentabilidade das áreas de defesa e aviação
executiva em 2020, ao reduzirem o preço-alvo para os recibos de ações da empresa de US$ 23,00 para US$ 22,40; estimativa de
Ebitda para as duas áreas caiu em cerca de 2% para o próximo ano.

O desempenho operacional continua fraco, escreveram os analistas do UBS em nota, que possuem recomendação neutra e preço-alvo de US$ 22 para o ADR da Embraer.

Randon (RAPT4, R$ 10,18, +2,41%)
A Randon registrou um lucro líquido de R$ 84,538 milhões de abril a junho, desempenho 2,68 vezes acima do reportado no mesmo intervalo do ano passado, de R$ 31,439 milhões.

O Ebitda consolidado totalizou R$ 203,655 milhões, alta de 61,3%, com margem Ebitda de 15,6% – expansão de 3,2 pontos porcentuais.

A receita líquida consolidada cresceu 27,8%, para R$ 1,302 bilhão.

A Randon publicou resultados sólidos no segundo trimestre, com destaque para o avanço da receita líquida no Brasil, com alta de margem bruta e Ebitda, destaca o Bradesco BBI. A recomendação outperform, mas a instituição elevou o preço-alvo de R$ 15 para R$ 16.

Segundo o Credit, a Randon surpreendeu a todos com um resultado bastante forte e que provavelmente deve ser considerado um dos mais fortes de toda a temporada de balanços. Os analistas ressaltam que os bons números estão diretamente ligado a alavancagem operacional, aumento de preços e disciplina de custos.

O segmento de trailers entregou a segunda maior margem Ebitda da história (14,3%) e, olhando pra frente, os analistas veem um cenário de maior volatilidade pela frente com algum impacto no nível de produção no segmento. 

Também de acordo com o Bradesco BBI, a companhia registrou fortes resultados, guiados principalmente pelas vendas robustas no segmento. Os analistas avaliam que a Randon expandiu sua capacidade de produção e recuperou parte de sua participação de mercado no segmento, que caiu de 41% no segundo trimestre de 2018 para 34% neste ano, o que deve guiar a expansão da margem Ebitda.

Por outro lado, as vendas de vagões continuam a decepcionar, uma vez que as operadoras ferroviárias esperam a renovação da concessão antes de investir.

Alupar (ALUP11, R$ 26,99, -0,59%)
A Alupar apresentou um lucro líquido de R$ 110,9 milhões no segundo trimestre deste ano no critério societário IFRS, desempenho 12,9% abaixo do registrado no mesmo período do ano passado. No mesmo critério, o Ebitda subiu 59,3%, para R$ 437,4 milhões. A receita liquida, por sua vez, avançou 59,3%, a R$ 817,9 milhões.

A empresa divulgou os resultados no critério “regulatório”, quando reportou um lucro de R$ 77,2 milhões, representando queda de 16,5%. O Ebitda somou R$ 303,4 milhões, retração de 8,7%. A receita líquida recuou 1,4%, para R$ 408,8 milhões.

Para a Alupar, o Itaú BBA considerou o desempenho neutro, com a companhia registrando um Ebitda 11% abaixo das projeções, “impulsionado por sua estratégia de alocação de energia no período, o que deve ser compensada ao longo do ano”. A recomendação da Alupar é de “market perform”, com preço-alvo de R$ 25.

Sanepar (SAPR11, R$ 80,74, -3,25%)
A Sanepar apresentou lucro líquido de R$ 232,6 milhões no segundo trimestre, uma queda de 8,3% na comparação anual. Segundo a empresa, o desempenho foi influenciado, principalmente, pela alta de 13,8% nos custos e nas despesas.

O Ebitda somou R$ 402,2 milhões, aumento de 0,5%. Já a margem Ebitda recuou 2,6 pontos porcentuais, para 36,6%.

A receita operacional bruta cresceu 7,5%, para R$ 1,181 bilhão, influenciada pelos reajustes tarifários de 2018 (5,12%) e deste ano (8,37%), em vigor desde 24 de maio.

A Sanepar informou ainda que houve abstenção de conclusão relativa às informações trimestrais do trimestre findo em 30 de junho por parte da BDO RCS Auditores Independentes.

Segundo a empresa, o parecer da auditoria externa faz referência à ‘Operação Rádio Patrulha’ investigada pelo GAECO, Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado no Estado do Paraná. A Companhia destacou que tomou medidas relativas às providências em relação às investigações relacionadas ao caso.

Os resultados da Sanepar foram considerados neutros para o Itaú BBA. Segundo a avaliação da instituição, os baixos volumes da empresa – queda de 0,4% em relação ao mesmo período do ano anterior, contra nossa projeção de crescimento de 2,3% no volume – foram compensados por bons número de despesas despesa com vendas, gerais e administrativas. A recomendação do Itaú BBA é “Outperform”, com preço-alvo de R$ 109,00.

Qualicorp (QUAL3, R$ 27,15, -2,69%)
A Qualicorp apresentou um lucro líquido de R$ 110,1 milhões entre abril e junho, um resultado 25% acima do reportado no mesmo intervalo de 2018.

O Ebitda ajustado subiu 14,4%, para R$ 246,7 milhões. A margem Ebitda, por sua vez, subiu 5 pontos porcentuais, para 49,6%.

A receita líquida subiu 3%, atingindo R$ 497,5 milhões.

A Qualicorp apresentou Ebitda em linha com as expectativas, por conta da base de comparação e melhora na inadimplência, destaca o Bradesco BBI. A instituição destaca o patamar de vendas por meio de plataformas digitais, que passou a representar 71% das novas vendas.

“Entretanto, o principal driver para o papel é a entrada da Rede D’or como acionista e potencial melhora na disponibilidade de produto e percepção de governança corporativa”, destacou. A recomendação é de outperform, com preço-alvo de R$ 25.

Centauro (CNTO3, R$ 17,25, -3,09%)
A Centauro apresentou lucro líquido em IFRS 16 de R$ 111,829 milhões no segundo trimestre deste ano, revertendo prejuízo de R$ 2,439 milhões do mesmo período do ano passado.

O Ebitda subiu 244,8%, para R$ 175,549 milhões, com uma margem de 32,2% (+22,4 pontos porcentuais). A receita bruta somou R$ 685,769 milhões, alta de 5,7%.

As vendas mesmas lojas subiram 2,9%, com alta de 17,1% no GMV (vendas digitais), mas queda de 0,3% nas unidades físicas.

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Para o Bradesco BBI, a Centauro reportou resultado em linha com as estimativas, mas o crescimento ficou relativamente baixo devido à base de comparação anual, que teve Copa do Mundo.

“Apesar de base de comparação difícil, vemos o resultado como positivo em um trimestre no qual vários outros varejistas vieram receita e margem abaixo do esperado”, destacou o Bradesco BBI. A recomendação é outperform, com preço-alvo de R$ 22.

O Itaú BBA também reforça que o balanço da Centauro ficou distorcido pelo excelente desempenho no segundo trimestre, impulsionado por uma campanha de sucesso na Copa do Mundo. A empresa, no entanto, divulgou uma expansão de receita e margem no segundo trimestre de 2019, bem como um progresso contínuo em suas iniciativas omnichannel. Ajustando-se para a base de comparação difícil, os números divulgados pela Centauro estão indo na direção certa”, avaliam. 

Hapvida (HAPV3, R$ 46,10, +4,54%)
A Hapvida reportou um lucro líquido de R$ 227,1 milhões no segundo trimestre, sem IFRS, desempenho 51,4% superior ao reportado no mesmo período do ano passado. Com IFRS, o lucro somou R$ 223,4 milhões.

O Ebitda atingiu R$ 268 milhões, alta de 28,2%. A margem ficou em 21%, aumento de 2,2 p.p.. Com IFRS, o Ebitda somou R$ 293,8 milhões, com margem de 23%. A receita líquida avançou 14,9%, para R$ 1,276 bilhão.

Os destaques do balanço da Hapvida são a recuperação da base de clientes com aumento de 52 mil após queda de 38 mil no primeiro trimestre, enquanto o Ebitda subiu 28% na base de comparação anual. 

“Apesar de nossos números e também do consenso serem conservadores devido à visibilidade limitada, acreditamos que este resultado possa levar a revisões em estimativas para cima devido à surpresa positiva em controle de custos e recuperação da base de clientes”, afirma a equipe do Bradesco BBI.

Movida (MOVI3, R$ 16,00, -6,16%)
A Movida teve lucro líquido de R$ 41,5 milhões no segundo trimestre, aumento de 4%. O Ebitda subiu 31,0%, para R$ 154,9 milhões, com uma margem sobre a receita liquida de serviços de 45,8% (+2,9 p.p.).

A receita líquida subiu 56,8%, para R$ 956,2 milhões. O faturamento líquido de aluguéis de carros avançou 16,7%, enquanto de gestão e terceirização de frota avançou 40,4%. Já a receita de seminovos cresceu 84,8%.

De acordo com o Credit Suisse, a Movida reportou Ebitda e lucro, ambos acima do consenso. O resultado mais forte veio principalmente por causa de semi-novos e gestão de frotas. Nos semi-novos, os analistas destacam o volume forte (16.1k), menor despesas com vendas, gerais e administrativas e aumento da margem bruta. 

“Acreditamos que com o aumento de capital, a empresa deve continuar melhorando as operações de semi-novos e crescendo mais agressivo em aluguéis de carros”, avalia Credit. 

Santos Brasil (STBP3, R$ 6,08, -0,33%)
A Santos Brasil encerrou o segundo trimestre com um lucro líquido de R$ 6,3 milhões, revertendo o prejuízo de R$ 4 milhões reportado no mesmo período do ano passado.

O Ebitda somou R$ 58,7 milhões, com margem de 22,2%. O Ebitda pró-forma totalizou R$ 35 milhões, com margem de 13,2%. Em base recorrente, o Ebitda pró-forma foi de R$ 42,6 milhões, com margem de 16,1%. A receita líquida consolidada cresceu 14,9%, totalizando R$ 264,9 milhões de abril a junho. 

A análise do Bradesco BBI é de que o resultado foi positivo, tendo como destaque o aumento de 23% do volume de containers, aumento em 6 pontos percentuais da participação de mercado no porto de Santos. Os analistas acreditam que o resultado sólido confirmam o ponto de inflexão para Santos Brasil e para o porto de Santos, acelerado pela Recuperação Judicial de Libra e Rodrimar.

Com isso, os analistas mantêm recomendação outperform no papel, com novo preço-alvo de R$8 (antes R$ 6), acreditando que a empresa é bem posicionada no porto de Santos para aproveitar de recuperação de volume e melhora de alavancagem operacional. 

CPFL (CPFE3, R$ 33,00, -1,84%)
A CPFL Energia apresentou um lucro líquido de R$ 574 milhões de abril a junho, resultado 27,4% acima do registrado no mesmo período do ano passado.

O Ebitda somou R$ 1,505 bilhão, incremento de 9,9%. A receita operacional líquida atingiu R$ 7,036 bilhões no trimestre, aumento de 1,3%.

O Itaú BBA avaliou como “pouco positivo” o resultado da CPFL Energia. “O crescimento de 11% do Ebitda foi impulsionado, principalmente, pelo sólido desempenho da divisão de distribuição, enquanto os resultados da subsidiária renovável foram os de baixa performance do trimestre”, diz, informando que a recomendação é de “Outperform”, com preço-alvo de R$ 39,00.

 

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Lara Rizério

Editora de mercados do InfoMoney, cobre temas que vão desde o mercado de ações ao ambiente econômico nacional e internacional, além de ficar bem de olho nos desdobramentos políticos e em seus efeitos para os investidores.