DCF, P/L, EV/Ebitda: veja as vantagens dos critérios de valuation mais comuns

Analistas e gestores conversam sobre formas de avaliar se uma ação está barata, nunca utilizando somente uma delas

Giulia Santos Camillo

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SÃO PAULO – O que é uma ação barata? Era possível olhar para a General Motors no início deste ano, por exemplo, e assumir que, depois de cair mais de US$ 20 por ação em um ano, o papel estava com um bom preço de entrada. Entretanto, não houve recomendações de compra para a empresa.

Para saber se uma ação está barata, é necessário determinar, antes, o quanto ela deveria valer. E, para tanto, os analistas e gestores utilizam diversos critérios, entre comparações fundamentalistas e mercadológicas e avaliações de DCF
(Fluxo de Caixa Descontado, na sigla em inglês).

O critério preferido varia de acordo com a instituição e o analista, porém uma coisa é certa: não há uma verdade absoluta. Todas as formas de avaliar o preço das empresas são defectíveis, afinal, não haveria motivos para a existência de tantos critérios se houvesse um perfeito.

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Comparações mercadológicas

“No meu caso, são dois critérios básicos: aspectos mercadológicos e fundamentalistas”, resume o estrategista do BB Investimentos, Hamilton Moreira Alves. No primeiro critério, Alves compara as empresas em relação aos pares e em relação ao mercado, utilizando como base, por exemplo, a relação entre dois papéis atualmente em comparação ao que foi ao longo dos últimos 12 meses.

“A vantagem para o longo prazo é que, se a empresa for sólida, com bons níveis de governança corporativa e boa administração, ela tende a voltar para a média. A desvantagem é que você não sabe exatamente quando isso vai acontecer, pois fica a mercê de outros fatores e também dos mercados externos”, explica o estrategista.

Análise de múltiplos

O segundo critério utilizado por Alves leva em consideração a análise de múltiplos. Essa comparação é, na verdade, uma das formas de avaliação mais utilizadas pelos analistas. A vantagem disso é a possibilidade de julgar como a empresa está frente a seus pares, considerando outras variáveis além do preço.

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“A desvantagem é que às vezes a empresa está cara, mas tem triggers para continuar subindo, aí vale a pena comprar. Ou ela está barata, mas não tem razões para subir. Então, no final, tem que seguir a empresa, falar com analistas e procurar uma asset com bom histórico”, afirma Patrícia Branco, sócia-gestora da Global Equity.

Na análise de múltiplos, entretanto, é possível considerar diversas variáveis, sendo as principais o P/L
e o EV/Ebitda, cada um com suas próprias limitações (lembrando que múltiplos baixos tendem a indicar maiores descontos):

Múltiplos P/L – Os múltiplos P/L medem a relação entre o preço das ações e o EPS (lucro por ação, na sigla em inglês) podendo se referir tanto aos ganhos já reportados quanto às estimativas. Nesse sentido, Patrícia explica que a medida só faz sentido se comparada entre empresas do mesmo setor e que atuam no mesmo segmento. Além disso, outra desvantagem é a suscetibilidade à falta de informação agregada ao EPS.

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Múltiplos EV/Ebitda – Os múltiplos EV/Ebitda medem o valor da empresa em relação ao seu Ebitda (geração de fluxo de caixa) e costumam ser utilizados por empresas consolidadoras, pois levam em consideração os níveis de dívida da companhia a ser adquirida. Além disso, como não admitem distorções causadas por políticas fiscais de cada país, são utilizados para comparações transnacionais. Da mesma forma que o P/L, contudo, só fazem sentido se comparados entre empresas do mesmo setor.

Fluxo de Caixa Descontado: o principal

Embora haja diversas formas de avaliação das ações, o critério preferido de grande parte dos analistas para precificar as empresas é o DCF (Fluxo de Caixa Descontado). Simplificando, essa análise usa projeções de fluxo de caixa futuro e descontam a valor presente, normalmente utilizando o WACC
(Custo Médio de Capital Ponderado).

“A partir do DCF você tem um preço-alvo da ação e, consequentemente, seu upside em comparação com o preço atual”, afirma Patrícia Branco, da Global Equity, que considera este o principal critério para precificação das ações por proporcionar uma visão do retorno potencial do papel.

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“A desvantagem é que, se a empresa não tem transparência, você pode chegar a um target errado. A empresa tem que estar disposta a dar informações, para que os analistas possam projetar da melhor forma possível”, comenta.

Outra desvantagem vista por João Marcelo Grossi Ferreira, analista de investimentos da Skopos Administradora de Recursos, é justamente o fato da medida ser baseada em projeções. “Você não pode confiar cegamente naquilo que o DCF está te mostrando. Ele é uma ferramenta a mais e não uma verdade absoluta, até porque tem muita premissa envolvida”, explica Ferreira.

Aliando critérios

Assim como Hamilton Alves alia os aspectos fundamentalistas com os critérios mercadológicos e Patrícia Branco alia a análise de fluxo de caixa descontado com análises de múltiplos, Ferreira também não utiliza somente um critério.

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Segundo ele, o DCF é o critério mais razoável e, utilizado com premissas conservadoras, há uma margem de segurança mínima. Se mesmo com projeções conservadoras houver um valuation atrativo, este é o início de um investimento. Porém, é necessário ter uma medida qualitativa.

“Aliado ao DCF, que eu acho que é a ferramenta matemática que vai te dar uma ideia de valor, nós olhamos a qualidade do investimento. Se aquela empresa tem um diferencial no segmento em que ela atua e se o segmento tem qualidade”, afirma. “Não adianta você ter uma ação matematicamente muito barata se não gostamos do segmento, se ele é ruim e se as perspectivas são ruins. Então acho que sempre tem que ter as duas coisas”, conclui.

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