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Ao longo dos últimos cinco anos, cerca de 80 empresas abriram o capital na Bolsa brasileira, a B3 – todas vendendo aos potenciais acionistas projeções de robusto crescimento. No entanto, olhando a trajetória da maior parte dessas companhias desde o início de suas negociações, 8 em cada 10 valem atualmente menos do que na época de seu IPO (oferta inicial de ações, na sigla em inglês). Ou seja, em 80% dos casos, quem comprou papéis na estreia desses negócios ficaria no prejuízo se decidisse vender hoje. Os dados são de um levantamento feito pela Economática/TC a pedido do Estadão.
Apesar de o Brasil ter visto um cenário recente de alta nos juros, que incentiva a migração do investidor para a renda fixa, a queda das “novatas” na B3 não reflete um cenário de crise para o sistema financeiro como um todo. Isso porque, nos últimos cinco anos, o índice Ibovespa, referência para o mercado brasileiro, subiu mais de 70%.
Outro levantamento, feito pelo Estadão, mostra que, além de operar no vermelho, algumas dessas empresas perderam tanto valor de mercado que nem sequer valem o montante captado no momento do IPO. Nessa lista estão, por exemplo, o braço brasileiro da varejista C&A (CEAB3), hoje avaliada em R$ 980 milhões (menos da metade do total arrecadado na estreia na B3), e a rede de farmácias D-1000 ([ativo=DVMF3]), que hoje vale menos de R$ 200 milhões (no IPO, havia captado R$ 400 milhões).
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O descompasso entre a euforia dos investidores na estreia de um negócio e a realidade atual fica ainda mais clara no caso da rede de depilação Espaçolaser (ESPA3). A companhia levantou nada menos do que R$ 2,6 bilhões em sua oferta inicial, mas hoje seu valor de mercado é equivalente a menos de um terço disso (cerca de R$ 750 milhões).
TOMBO
Em alguns casos, quase todo o valor do negócio se esvaiu. Empresas como Getninjas (NINJ3), Westwing (WEST3), Mobly (MBLY3) e Enjoei (ENJU3), que abriram capital há pouco mais de um ano, registram quedas de mais de 80%. O Nubank (NU), maior banco digital do mundo, que realizou um dos IPOs mais disputados da última década (na Bolsa brasileira e na de Nova York), perdeu cerca de 60% desde dezembro.
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Fundador e presidente da Getninjas, Eduardo L’Hotellier, diz que a empresa está confortável no momento com seu forte caixa oriundo do IPO e que, ao contrário de outras startups, ainda tem feito algumas contratações. “Como empreendedor, a queda das ações dói, mas a empresa está em sua melhor fase e o negócio está evoluindo”, comenta.
A C&A, em nota, disse que “segue confiante no seu plano de investimentos e geração de resultados positivos ao longo do ano”. Frisou que, desde sua oferta inicial de ações, abriu mais de 50 lojas. Já o Espaçolaser destacou que o plano de crescimento apresentado aos investidores no IPO segue o mesmo. “A companhia continua com a estratégia de crescimento saudável”, diz. As demais empresas citadas não comentaram.
NO VERMELHO
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Das 45 empresas que estrearam na Bolsa em 2021, apenas 9 estão no azul – a maior parte do setor de commodities, que estão em alta pelo “fator Guerra da Ucrânia”, que elevou os preços dos insumos, diz a sócia e analista de ações da casa de análise Nord, Danielle Lopes. O desânimo com os resultados desses negócios após a abertura de capital deve deixar o mercado paralisado por algum tempo. “Não acho que veremos outros IPOs neste ano”, afirma Danielle.
Além disso, o “custo” do risco de ir à Bolsa é alto para o investidor neste momento. “O cálculo do mercado é se vale a pena investir em renda fixa ou renda variável. A inflação e a alta dos juros fazem com que a renda fixa se torne mais atrativa, uma vez que os fundamentos da economia se encontram tão incertos sobre o desfecho da pandemia”, destacam os analistas da corretora Terra, Eliz Sapucaia e Régis Chinchila.
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