Cyrela (CYRE3) ainda vê cenário desafiador e cita possível aceleração de dividendos; ações sobem após balanço

Problema de custo com materiais, que tanto preocupou o setor nos últimos anos, está mais estabilizados, aponta construtora

Augusto Diniz

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CEO da Cyrela (CYRE3), Raphael Horn reconheceu nesta sexta-feira (10) que o mercado anda bem difícil para o segmento imobiliário em que a companhia atua, em meio aos juros altos e ao cenário macro bastante desafiador. Entretanto, disse que a companhia vai continuar apostando no mercado de renda média e alta – embora o de baixa renda passe por um bom momento por conta do Minha Casa Minha Vida (MCMV).

“Está mais difícil, está. Mas a gente vai continuar apostando. Conseguindo encaixar produtos com uma rentabilidade bastante boa”, afirmou, durante teleconferência para comentar os resultados do terceiro trimestre, quando a empresa lucrou R$ 251 milhões, uma baixa anual de 13,1%.

Após os resultados, por volta das 16h10, as ações da companhia registram alta de 2,54%, cotadas a R$ 20,55.

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Cyrela: custos das obras

Os custos de materiais, que tanto preocuparam o setor nos últimos anos, parecem estabilizados, destacaram os executivos.

“A gente continua vendo um cenário benigno na parte de insumos. Não tivemos aumentos relevantes e nossa cesta de custo continua andando próxima ao INCC (Índice Nacional de Custo de Construção)”, disse Miguel Mickelberg, CFO da Cyrela.

Com relação à mão de obra, a preocupação se centra na maior cidade do país.

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“O mercado de São Paulo cresceu bastante e continua com volume alto. E a gente tem ainda dificuldades pontuais com mão de obra, principalmente na alvenaria estrutural. Acho que a boa notícia é que o mercado já teve uma estabilização de lançamentos. Não existe demanda marginal por novos trabalhadores”, ressaltou.

“É difícil conseguir mão de obra de qualidade com boa produtividade para todos os canteiros (em São Paulo). Mas o cenário na margem não tem piorado, tem ficado mais ou menos parecido, desde o início desse ano”, complementou.

Dividendos e fluxo de caixa

Miguel Mickelberg comentou também durante a teleconferência sobre fluxo de caixa e dividendos.

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“Até o terceiro trimestre, excluindo as vendas de ações de Cury que fizemos no segundo trimestre, a gente tem uma queima operacional de R$ 90 milhões. Dá aproximadamente R$ 30 milhões por trimestre. Então a gente está abaixo do que esperava”, explicou.

“Já dá para dizer que, com o encerramento do ano, a gente deve ficar com uma queima inferior ao intervalo que a gente considerava de range. Isso é fator positivo para a gente pensar em mais dividendos. É claro que vai depender do cenário para frente”, acrescentou.

Dependência das vendas para pagar mais dividendos

O CFO acrescentou que a Cyrela teve um volume de compra de terreno esse ano relevante.

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“Mesmo comprando esses terremos, não tivemos problema de caixa”, afirmou. “A gente imagina que no ano que vem a gente deva ter alguma ligeira da queima de caixa. Mas vai depender muito de velocidade de vendas e compra de terreno, que são as duas variáveis que mais impactam esse número”, argumentou.

Miguel Mickelberg vê hoje a companhia bem estruturada e “provavelmente a gente vai ter em algum momento aceleração de dividendos”.

A Cyrela, de 2016 até 2023, teve payout de 65% de dividendos sobre o lucro reportado.

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“Agora esse ano a gente vai ter um payout menor que isso – até o momento só pagamos o mínimo obrigatório -, mas a gente entende que a companhia precisa ter uma estrutura de capital com patrimônio líquido enxuto por que é a única maneira da gente conseguir um retorno sobre o patrimônio atrativos. Mas com certeza está no radar [pagamento de mais dividendos], mas a gente é sempre muito conservador ao olhar o fluxo e tomar decisões de dividendos”, finalizou.

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