Cyberpunk: lançamento do game mais aguardado de 2020 é ofuscado por bugs e ações caem 20%

Analistas, contudo, destacam que houve reação exagerada do mercado, lembrando que os bugs podem ser corrigidos em atualizações

Ricardo Bomfim

O protagonista de Cyberpunk 2077 em Night City (crédito: Divulgação)
O protagonista de Cyberpunk 2077 em Night City (crédito: Divulgação)

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SÃO PAULO – Provavelmente o lançamento mais aguardado no mundo dos videogames em 2020 (principalmente pelo longo processo de desenvolvimento), Cyberpunk 2077 foi lançado globalmente na última quinta-feira (10). Mas, apesar de boas resenhas e de vendas impressionantes, deixou gamers e investidores decepcionados por conta do número de bugs (falhas e defeitos no jogo).

Cyberpunk 2077 é um jogo de ação em primeira pessoa lançado para PC, Playstation 4, Playstation 5, Xbox One e Xbox Series X. Ele foi anunciado pela primeira vez em 2012 e coloca o jogador na pele de um mercenário que busca riqueza e o implante da imortalidade através de missões perigosas em uma cidade futurista controlada por megacorporações e gangues.

Problemas na textura de personagens e veículos, downgrade gráfico (imagem inferior a dos vídeos de apresentação), crashes (jogo para de funcionar e tem que ser reiniciado) e até a impossibilidade de jogar dublado no Xbox estão entre os problemas atrelados ao novo game da CD Projekt Red (CDPR), empresa polonesa que conquistou o mundo em 2015 com The Wicther 3: The Wild Hunt, eleito jogo do ano pela crítica especializada.

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Com a frustração, jogadores e influencers da comunidade gamer correram ao Twitter, YouTube e outras redes sociais para reclamar dos problemas e os investidores correram à Bolsa da Polônia para vender as ações da companhia desenvolvedora.

O resultado, queda de mais de 21% nos papéis da CD Projekt Red em dois pregões. Mas será que há realmente motivo para acreditar em uma derrocada da CDPR por conta desses problemas? Analistas da XP Investimentos, do Credit Suisse e do Morgan Stanley acham que é cedo dizer.

Guilherme Giserman, estrategista internacional da XP, lembra que os bugs podem ser corrigidos em atualizações, então um um movimento de queda tão pesada pode muito bem ser um exagero provocado pelo impacto de curto prazo das críticas. No longo prazo, acredita ele, o investidor poderia até usar essa baixa como ponto de entrada para se posicionar nas ações da CDPR.

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Já os analistas Matthew Walker, Joseph Barnet-Lamb, Ivan Lim e Shaneil Patel, do Credit Suisse, escrevem em relatório que as pré-vendas de Witcher 3 foram 25% do total das seis primeiras semanas de vendas do game.

Como Cyberpunk 2077 vendeu 8 milhões de unidades antes do lançamento, então mantendo-se o padrão do sucesso anterior da empresa, seria possível imaginar 26 milhões de cópias de Cyberpunk vendidas até o fim de dezembro, o que corresponderia a um número de vendas 40% superior ao projetado pelos analistas e relativamente próximo ao de 29 milhões de unidades vendidas em um mês pelo maior sucesso comercial da história dos videogames: GTA V.

O único problema nesse cálculo, admite o banco suíço, é a publicidade negativa provocada pelos depoimentos de jogadores que experimentaram problemas no jogo. No entanto, conforme explicaram os especialistas, além da companhia poder corrigir os problemas com atualizações, o mercado de games hoje é 90% maior do que era quando foi lançado Witcher 3 e 130% maior do que em 2013 quando a Rockstar lançou GTA V.

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“Considerando a espera de oito anos desde que foi anunciado o Cyberpunk 2077 e o nível de antecipação que gerou na comunidade, a proporção de demanda depois da pré-venda pode até ser maior que a vista em Witcher 3. Em 2015, a companhia não era globalmente conhecida”, aponta o CS.

Mais comedido, o banco Morgan Stanley projeta 25 milhões de vendas de Cyberpunk 2077 no primeiro ano desde o lançamento e alerta que “o feedback dos jogadores nas próximas 48 horas será crucial para sabermos qual será o resultado das vendas”, avaliam os analistas Omar Sheikh e Patrick Wellington.

No mais, os analistas do Credit Suisse lembram que a maioria das resenhas do Cyberpunk foram positivas e exaltaram o conteúdo, as missões e a ambientação na cidade fictícia de Night City. O Credit possui recomendação neutra para os papéis da CD Projekt Red, enquanto o Morgan tem recomendação overweight (exposição acima da média do mercado) para os ativos.

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Procurada, a CD Projekt Red não havia enviado um posicionamento sobre essas questões até o fechamento da reportagem.

As ações da companhia fecharam em queda de 11,46% nesta sexta-feira (11) na Polônia.

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Ricardo Bomfim

Repórter do InfoMoney, faz a cobertura do mercado de ações nacional e internacional, economia e investimentos.