CSN (CSNA3) e CSN Mineração (CMIN3): minério puxa resultado e executivos veem avanço da siderurgia no resto do ano

A CSN (CSNA3) e a CSN Mineração (CMIN3) divulgaram, nesta quarta-feira (4), seus resultados do primeiro trimestre, que foram considerados sólidos – ainda que não muito empolgantes – pelos analistas. De forma geral, os o braço de minério compensou o desempenho mais fraco do de siderurgia – mas os executivos afirmam que o cenário para este último deve mudar até o final do ano.

“A CSN reportou um Ebitda [lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização, na sigla em inglês] ajustado no primeiro trimestre de R$ 3,2 bilhões, em linha com consenso e com nossas estimativas. No geral, os resultados trimestralmente mais fortes em sua divisão de mineração compensaram os resultados mais fracos das divisões de Siderurgia e Cimento”, diz a equipe de analistas do Santander, chefiada por Rafael Barcellos.

Os preços do minério mais altos em 34%, com media de US$ 125,5 a tonelada, fizeram o Ebitda da CSN Mineração avançar 13% na comparação trimestral, a despeito dos menores volumes vendidos por conta da chuva e de problemas em uma linha de trem da MRS – a companhia vendeu 8,6 milhões de toneladas, ante 9,7 milhões no quarto trimestre.

O Morgan Stanley e o Credit Suisse, quanto ao braço de mineração, atentaram que a companhia teve um custo caixa (C1) maior do que o esperado.

“A unidade apresentou receita líquida de R$ 4,1 bilhões, em linha com nosso consenso, e um aumento de Ebitda de 13,8% no trimestre, para R$ 2,02 bilhões. Apesar dos preços realizados mais altos, os custos caixa C1 ficaram acima de nossa estimativa de US$ 22 por tonelada, a US$ 22,9”, diz a instituição suíça.

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Segundo a própria companhia, os gastos maiores são explicados pelo maior volume de compra de minério de terceiros, além da menor diluição, uma vez que menores volumes foram negociados.

No segmento de metal, a opinião dos especialistas é que os resultados foram pouco empolgantes, mesmo com o recuo de alguns custos com matéria prima, como com carvão e com coque.

A divisão registrou uma receita de R$ 5,7 bilhões, queda de 5% no trimestre e 27% no ano, e um Ebitda de R$ 754 milhões, queda de 9% no trimestre e 63% no ano.

“As vendas domésticas de aço atingiram 644 mil toneladas, com queda de 13% no trimestre e 15% no ano, enquanto embarques totais atingiram 1,03 milhão, alta de 2,5% trimestralmente mas com queda de 11% no ano. A receita líquida na base trimestral no mercado doméstico permaneceu estável, mas os preços médios no mercado externo caíram 19% sequencialmente”, diz o Credit. “Isso, combinado com um mix desfavorável (importações mais altas) causou queda na receita, apesar de melhores volumes”.

O Itaú BBA lembra ainda que os custos da divisão com placas aumentaram 6% na base trimestral, por conta da alta do minério de ferro e da menor diluição.

Por fim, no braço de cimento, com Ebitda de R$ 222 milhões, a percepção foi de volumes maiores  do que o esperado, com alta de 13% no trimestre.

“Os resultados da CSN ficaram em linha com nossas expectativas, já que resultados mais fortes do que o esperado em cimento (impulsionados por volumes e desempenho de custos mais fortes) foram compensados por resultados ligeiramente mais fracos no minério de ferro (impulsionado por custos mais altos) e aço (impulsionado por realização de preço mais fraca). A geração de fluxo de caixa foi fraca, com a alavancagem subindo novamente”, diz o Bradesco BBI.

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Executivos da CSN veem melhora até o final do ano

Apesar das empreitadas em novos braços, a CSN ainda tem como destaque, com maior participação no seu balanço, o seu segmento de metal. E os executivos da companhia acreditam que essa frente deve, a partir do segundo trimestre, trazer melhoras.

“Os custos vão ser beneficiados por aumento de produção e pelo recuo das matérias primas”, disse Benjamin Steinbruch, diretor executivo (CEO) da CSN na teleconferência realizada no fim da manhã desta quinta. “Não temos de inventar nada, só seguir o movimento. Na mineração, fluxo de produção também deve retomar em maio, apesar dos problemas primários, com erros que cometemos. Estamos voltando à normalidade e vamos ter resultados no meio do segundo trimestre”.

Marcelo Ribeiro, diretor financeiro (CFO), também mencionou que os preços do minério, de coque e de carvão vêm recuando consideravelmente.

“O terceiro trimestre será totalmente diferente, algo que não vemos há um ano e meio, com queda de dois dígitos dos gastos. Está tudo encaminhado para vermos uma mudança material”, explicou.

Do lado dos preços, a siderúrgica afirmou que o repasse ficou aquém do esperado. “Sobre preços, falei em março que ia aumentar de 7,5% a 10% em abril. Ficamos, contudo, em patamar abaixo de 7,5%. Fomos mais seletivos para capturar valor”, afirmou o diretor comercial da companhia, Luis Barbos. “Em abril, tivemos preço médio majorado em 4,5%”, disse Martinez, afirmando que a companhia tem uma carteira de pedidos de 680 mil toneladas.

Na frente de minério, apesar do recuo do preço da commodity, a CSN acredita que o bom desempenho virá de volumes recordes – que só não apareceram entre janeiro e março por conta de problemas logísticos, de acordo com os executivos.

Quanto à alavancagem, que vem sendo apontada por alguns analistas como um sinal de atenção na companhia, os executivos voltaram a firmar o compromisso de derrubar o múltiplo, medido pela relação entre Ebitda e dívida líquida, abaixo de 2 vezes até o fim do ano.

“A queda está prevista no orçamento. “Tivemos desembolso alto no ano passado, por conta dos gastos com usinas e com a compra da Lafage. Mas as sinergias desses investimentos são notórias e aparecerão a partir do segundo semestre”, defendeu Steinbruch.

O executivo ainda afirmou que a companhia não descarta buscar no mercado parceiros para um de seus negócios, principalmente para o de energia. “Buscaremos oferecer aquilo que foi prometido. Eventualmente, na alavancagem, podemos usar alguns dos ativos que compramos no mercado, buscando uma estrutura melhor de capita”, falou.

A CSN, por fim, declarou que pretende, após um recuo registrado no final de 2022, voltar com seus dividendos a patamares históricos, mas cumprindo a alavancagem abaixo daquilo mencionado.