CSN (CSNA3) e CSN Mineração (CMIN3): após balanços “apertados”, executivos falam em menos dividendos e novos IPOs para melhorar alavancagem

Queda dos preços do aço e problemas operacionais levaram a companhia a ter sua margem Ebitda esmagada entre abril e junho

Vitor Azevedo

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Os resultados da CSN (CSNA3) e da sua controlada CSN Mineração (CMIN3) foram pouco animadores no segundo trimestre de 2023, de acordo com analistas. Contudo, durante a teleconferência os executivos das companhias defenderam enxergar melhorias operacionais no futuro e ainda falaram de questões como dividendos e ofertas públicas iniciais (IPOs) de subsidiárias.

Às 14h30 (horário de Brasília), as ações da CSN caíam 1,50%, a R$ 13,10, enquanto CMIN3 tinha baixa de 0,93%, a R$ 4,28.

O Credit Suisse, por exemplo, definiu os resultados da Companhia Siderúrgica Nacional como “fracos, mas já esperados”. O JP Morgan usou os mesmos termos para definir os números do período que vai de abril a junho.

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O Ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização, na sigla em inglês) ficou em R$ 2,26 bilhões, queda de 29% no trimestre. de 31% no ano e 3% abaixo do consenso da Bloomberg.

“O trimestre foi marcado por deterioração no aço (custos mais altos), mineração (preços mais baixos) e cimento (preços mais baixos), parcialmente compensado por melhores resultados em Logística e Energia”, aponta o JP Morgan.

As deteriorações dos balanços da CSN e da controlada de mineração, contudo, já eram esperadas. Sobre a CSN, no segmento de aço, o mercado brasileiro está pouco aquecido, bem como o da China, o principal comprador deste produto no mundo, com a reabertura frustrando. Além do impacto no faturamento, essa pressão pesa também nos custos, com menor diluição dos gastos.

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Fora isso, os analistas também pontuaram o fato de que problemas operacionais enfrentados pela CSN no primeiro trimestre ainda refletiram no segundo. A siderúrgica teve gargalos de produção em seu forno de oxigênio básico em Volta Redonda (RJ), o que levou a empresa a aumentar suas compras de placas e aumentou ainda mais os custos.

“Por conta das adversidades que limitaram a produção de aço no mercado doméstico durante o primeiro trimestre ainda acontecerem no segundo, as vendas totais ficaram em 1,05 milhão de tonelada, basicamente cravadas com as nossas estimativas, subindo 1,7% no trimestre, mas caindo 1,5% no ano”, fala a Genial Investimentos, que vê a CSN “espremida”.

A margem Ebitda ajustada foi de 19,8%, o que representa um recuo em relação aos 27,5% do trimestre imediatamente anterior e também ante os 29,7% de abril a junho de 2022.

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Do lado positivo, analistas destacaram o desempenho da frente de minério de ferro. Apesar de a receita, de R$ 3,6 bilhões, ter caído 12% trimestralmente, em parte pelo recuo de 28% na mesma base do preço do minério, a companhia entregou um aumento de 31% das embarcações, para 11,3 milhões de toneladas e um custo de caixa (C1) diminuindo por conta da diluição.

“Apesar de fraco, a CSN trouxe um resultado melhor do que o esperado. A superação em relação à nossa estimativa se deu principalmente por conta de um desempenho de custos melhor do que o esperado na divisão de mineração”, fala o Itaú BBA.

O Bradesco BBI foi na mesma linha, mencionando, além do segmento de mineração, o de logística.

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“Gostamos do desempenho do volume de minério de ferro da empresa, que coloca a empresa no caminho para atingir a orientação do ano de 39-41mt. Também gostamos do desempenho do volume da divisão de aço, que recuperou 10% sequencialmente, muito melhor do que os concorrentes – no entanto, as pressões de custo e os mercados de exportação mais fracos afetaram a lucratividade no trimestre”, menciona o time do banco.

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Na visão da Genial, os números reportados de maneira geral vieram em linha com o esperado para ambas as companhias, em um trimestre de desaceleração, impactados negativamente em preços pela conjuntura setorial na China, enquanto os custos permanecem relativamente altos.

Já para o Bradesco BBI, sobre a CSN Mineração, os dados foram um pouco melhores do que o esperado e não deveriam ser um fator determinante para as ações. O Ebitda ainda caiu 46% sequencialmente, devido principalmente aos preços mais baixos do minério de ferro.

Para o BBI, o desempenho do volume foi um destaque positivo, com produção de 11,1 milhões de toneladas e embarques de 11,3 milhões de toneladas sendo recordes trimestrais e colocando a empresa em um bom caminho para entregar a orientação de produção de 39 a 41 milhões de toneladas para 2023.

“Olhando para o futuro, esperamos que a dinâmica dos lucros permaneça estável, já que os preços do minério de ferro devem continuar pairando em torno de US$ 100 a 110/tonelada, enquanto não prevemos grandes melhorias no lado dos custos”, apontam os analistas, que recomendam compra para CMIN3. Já para a CSN, os analistas do banco possuem recomendação neutra.

Executivos da CSN falam em recuperação

Na teleconferência de resultados, os executivos da CSN apontaram que a companhia vem enfrentando certas dificuldades – mas que enxergam melhoras no segundo semestre.

“Estamos entrando no segundo semestre na siderúrgica em busca da normalidade de produção, queda de custos e melhora de margens”, disse Benjamin Steinbruch, diretor presidente da CSN.

O presidente da siderúrgica falou que vem escutando relatos de uma melhora do mercado chinês, após uma primeira metade do ano conturbada.

“Temos notícias boas vindas da China. Hoje recebemos um relatório que trouxe um número importante, de BQ (bobina com espessura), com US$ 30 de aumento”, pontuou. “Apesar de a produção no primeiro semestre por lá ter sido bastante alta, eles vão, de acordo com comentários, restringi-la no segundo semestre para combater a poluição novamente. Além disso, a margem da indústria chinesa opera negativa”.

Nos próximos meses, a CSN espera que uma alta dos preços lá fora a permita aumentar os preços no mercado brasileiro. “”Vamos lutar muito para ter estabilidade de preços e, dependendo do que acontecer na China, poderemos pensar em realinhamento de preços no Brasil para setembro”, disse Luis Martinez, diretor executivo.

Os preços baixos do aço no mundo no primeiro semestre, com a economia mundial cambaleando e produção alta, vêm se mostrando um problema para a CSN, que sofre com a importação e a competição no mercado brasileiro. O presidente da companhia, em determinado momento da teleconferência, chegou a defender uma proteção às produtoras brasileiras de aço.

“Pressão de importados dificultou muito nossa vida. Não foi fácil segurar os preços, mas estamos vendo melhora no segundo semestre. Imaginamos que nem os chineses consigam segurar esses prêmios”, falou Steinbruch. “Defesa comercial não é ilegal, mas é inexistente no Brasil. É algo que precisa melhorar muito. Todo mundo tem isso”.

De qualquer forma, a CSN afirma que está se esforçando para melhorar sua operação e também seu caixa – e que segue atuando para entregar a alavancagem, hoje de 2,7 vezes, dentro do guidance de 2 vezes no fim do ano.

“Acreditamos que o atual nível de alavancagem, de 2,6 vezes, é o pico do ano. Devemos, a partir de agora, caminhar para o nosso guidance, que é de 2 vezes no final do ano”, falou Marcelo Cunha Ribeiro, diretor financeiro (CFO), mencionando ainda que o segundo semestre é, usualmente, um período de maior fluxo de caixa.

Fora isso, a CSN espera diminuir um pouco seus dividendos e não descarta novos IPOs das suas subsidiárias de cimento e energia.

“Valores dos últimos dividendos foram extraordinários, ambos de mais de R$ 2 bilhões semestrais, acima daquilo que foi visto no passado, que era mais próximo de R$ 1 bilhão. Nosso plano é voltar ao passado. Isso vai ajudar a melhorar o fluxo de caixa e reduzir a alavancagem, bem como outros fatores como o IPO do cimento e de energia”, comentou Martinez.

A CSN, no entanto, segue de olho em novas oportunidades. “Estamos em um momento de busca de equilíbrio, mas avaliando oportunidades que contribuam para o nosso crescimento sem prejudicar nosso Ebitda. Tem de ser adequado e que justifique o esforço da aquisição”, falou o CEO.

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