Crise de confiança pode levar Credit Suisse a vender ativo

A crise no banco suíço reflete apostas erradas feitas por seus executivos nos últimos anos

Estadão Conteúdo

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A crise de confiança que paira sobre o Credit Suisse, segundo maior banco da Suíça e um dos maiores do mundo, se agravou neste começo da semana. A ação do banco chegou a cair 12% na Bolsa de Zurique, batendo nas mínimas históricas, e o Credit Default Swap (CDS) da instituição, derivativo de crédito que protege contra calotes, subiu novamente e chegou a superar os 300 pontos, atingindo patamar recorde ao ultrapassar os níveis vistos na crise financeira mundial de 2008.

Há poucos meses, o banco era avaliado em mais de US$ 30 bilhões. Ontem, valia menos de US$ 10 bilhões em meio a comparações com a delicada situação do Deutsche Bank em 2016 ou com o americano Bear Stearns, que faliu em 2008 e desencadeou a crise financeira mundial. A título de comparação, o neobanco brasileiro Nubank vale US$ 22 bilhões na Bolsa de Nova York. Os analistas do Citi minimizaram os riscos, mas recomendaram que só os “corajosos” apostem nas ações do banco.

Com o agravamento da situação, o novo CEO do Credit, Ulrich Koerner, distribuiu na última sexta-feira um comunicado interno falando que o banco está capitalizado e tem liquidez. Ao mesmo tempo, reconheceu que a situação do Credit é bastante “crítica”.

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O executivo admitiu também que as especulações sobre os rumos do banco vão prosseguir e podem ficar ainda mais ruidosas nas próximas semanas. No fim de semana, segundo o Financial Times, o comando do Credit conversou com investidores e clientes para tranquilizá-los sobre a situação de liquidez do banco.

ATIVOS NA MESA

O Credit promete divulgar, em 27 de outubro, quando anuncia seus resultados, um plano de reestruturação para cortar custos. Especula-se que os cortes podem superar US$ 1,5 bilhão. As conversas são de que o banco suíço terá de vender ativos.

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E a América Latina pode ser uma das regiões com redução de negócios, segundo a imprensa suíça, embora os executivos tenham sinalizado disposição de manter o negócio no Brasil. Analistas da Keefe, Bruyette & Woods (KBW) estimam que o Credit pode precisar de ao menos US$ 4 bilhões, mesmo vendendo ativos.

No Brasil, além da operação própria local, o Credit é dono de 15,8% do Modalmais, do qual se tornou sócio em 2020. No mercado, essa fatia vale cerca de R$ 330 milhões. No quadro acionário, o Credit é acompanhado pelos controladores do Modal. A XP, no entanto, fechou a compra do controle do banco em janeiro deste ano.

A crise de confiança no Credit reflete apostas erradas feitas por seus executivos nos últimos anos. Em meados de 2021, o Credit perdeu mais de US$ 10 bilhões de clientes em produtos da financeira inglesa Greensill, que faliu.

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Outra aposta problemática em 2021 foi a participação em empréstimos de mais de US$ 30 bilhões para a Archegos Capital Management, que também entrou em falência após uma aposta nas ações da ViacomCBS. O Credit calculou na época prejuízo perto de US$ 5 bilhões. Uma investigação independente do banco concluiu que houve falhas na gestão de riscos. Ao menos nove executivos foram demitidos.

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