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SÃO PAULO – Um dos certificados mais cobiçados do mundo financeiro, o CFA (Chartered Financial Analyst) também entrará na onda das criptomoedas em breve, assim afirmou o presidente do CFA Society Brazil, Mauro Miranda, em entrevista para o InfoMoney. Segundo Miranda, à medida em que as moedas digitais ganham espaço no mercado financeiro, elas devem entrar no material de estudos no futuro próximo.
Além do presidente do CFA Brasil, o InfoMoney também conversou com Paul Smith, presidente global do CFA Institute. Durante a conversa, ele falou que o processo para tirar um dos certificados mais difíceis do mercado financeiro sofreu atualizações em 4 áreas – alocação de ativos, renda fixa, investimentos alternativos e economia -, o que significa que os alunos terão ainda mais conteúdo para estudar: “por meio dessas quatro áreas, estamos fornecendo aos candidatos 10 novas leituras curriculares”, afirmou.
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Atualmente existem 1.125 profissionais certificados no Brasil e a média de idade das pessoas que procuram a certificação gira em torno de 30 anos, segundo informações do CFA Society Brazil. O baixo número não está relacionado pela falta de interesse, mas sim pela complexidade das três provas. Segundo a associação, apenas 17% dos candidatos conseguem completar o programa, ou seja, aprovados nos três níveis.
Confira os principais trechos da entrevista com Mauro Miranda e Paul Smith:
InfoMoney: Após a graduação, tradicionalmente os profissionais de mercado buscam fazer uma pós-graduação para aprofundar seus conhecimentos, porém, alguns defendem que o CFA é melhor para a carreira. Qual o grande diferencial entre o CFA?
Mauro Miranda: Além de aprender um conteúdo amplo e aprofundado em finanças, como possuir uma certificação reconhecida mundialmente, que permite o seu detentor possa desenvolver carreira não apenas no Brasil, mas também em outros centros financeiros importantes, o CFA oferece uma rede de networking bastante vasta, fazendo parte de um grupo com mais de 150.000 profissionais certificados, que trabalham em mais de 160 países. IM: Vocês pretendem abordar o Bitcoin na matéria de Investimentos Alternativos? Qual sua opinião sobre a evolução da criptomoeda no mercado financeiro?
MM: Sem dúvida, temas como Fintech e criptomoedas, na medida em que se tornam relevantes para profissionais de investimento, devem entrar no material de estudos no futuro próximo. O material de estudos do Programa CFA representa um corpo de conhecimentos em constante evolução. Recentemente, temas como ESG (Environmental, Social, and Governance) e HFT (High-Frequency Trading) foram incorporados ao material de estudos. IM: Mesmo sendo uma das provas mais difíceis do mercado financeiro, o CFA Institute pretende aumentar a exigência da prova no ano que vem. Quais serão as novidades? Qual o objetivo do CFA com essa medida?
Paul Smith: Não aumentaremos o nível de dificuldade do exame em 2018 e nos esforçamos para assegurar um nível de dificuldade similar em cada aplicação. No entanto, o que fazemos é atualizar constantemente o currículo para garantir que ele seja relevante. Para 2018, fizemos atualizações em quatro principais áreas: alocação de ativos, renda fixa, investimentos alternativos e economia. Por meio dessas quatro áreas, estamos fornecendo aos candidatos 10 novas leituras curriculares. E, olhando para 2019 e além, perguntas relacionadas a Fintech serão incorporadas ao exame. Os assuntos incluirão inteligência artificial, serviços de investimento automatizados e análise de dados. IM: Por serem grandes centros financeiros, São Paulo e Rio de Janeiro concentram a maior parte dos profissionais com CFA no Brasil. O instituto pretende expandir sua atuação em outras capitais?
MM: Tanto o CFA Institute como a CFA Society Brazil trabalham diariamente para atender os profissionais detentores da certificação CFA onde quer que eles se encontrem, por meio de educação continuada e eventos de mercado. Ao longo de 2018, aumentaremos nossas atividades nas cidades de Porto Alegre, Belo Horizonte e Brasília, estendendo nosso alcance eventualmente também para outras cidades conforme a evolução do Programa CFA no Brasil. IM: A Anbima trabalha para que a CGA (Certificação de Gestores Anbima) tenha equivalência com o CFA, tendo em vista o mesmo conteúdo da prova. Na sua visão, quais outros certificados podem ser comparados com o nível de exigência do CFA?
MM: Recentemente, a Anbima (Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais) reconheceu de maneira oficial a importância da certificação CFA e passará a oferecer em 2018 um módulo especial do Exame CGA com conteúdo reduzido, voltado especificamente para profissionais que já são detentores da certificação CFA. Assim, esses profissionais poderão obter a certificação CGA mediante a aprovação nesse módulo especial com apenas 50 questões (sem necessidade, portanto, de realizar o Exame CGA completo, com 120 questões). No mundo, entidades reguladoras e autorreguladoras de mais de 30 países já reconhecem a certificação CFA como qualificação suficiente para isenção total ou parcial de diversas outras certificações em finanças. IM: O episódio envolvendo as provas no Rio de Janeiro: o CFA já passou por isso em outro lugar do mundo? E quais medidas o CFA adotará para evitar que esse prejuízo aconteça de novo?
PS: Incidentes são muito raros, mas acontecem, tendo o último sido há seis anos, quando uma remessa foi perdida. Sempre atualizamos os procedimentos de segurança dos exames para ter certeza de que eles são os mais rigorosos possível e mudaremos os procedimentos no Rio de Janeiro por causa do incidente ocorrido. Em resposta, reembolsamos totalmente os candidatos e permitiremos que eles se inscrevam para o próximo exame CFA sem pagar nada. Além disso, os candidatos afetados poderão realizar a prova novamente este mês no Rio de Janeiro, sem custo algum, como garantiremos que o processo de pontuação da prova seja realizado de forma mais rápida. Dado o comprometimento das medidas de segurança no Rio de Janeiro, implementaremos medidas de segurança adicionais para proteger os materiais da prova e garantir seu retorno seguro ao centro de correção e pontuação.
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