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Uma criptomoeda menos conhecida alcançou notoriedade em meio a um sentimento pessimista entre investidores no último mês por conta de fatores macroeconômicos. Entre os motivos está um coquetel de novidades positivas do projeto – e um forte movimento especulativo que liga o ativo digital, ao mesmo tempo, à Rússia e à Ucrânia.
A Waves (WAVES) é uma cripto inflacionária (com emissão constante) oferecida como recompensa pela mineração de blocos na blockchain open source descentralizada de mesmo nome.
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Segundo dados da CoinDesk, o token disparou 240%, chegando a US$ 30, nas últimas quatro semanas e está entre as moedas de melhor performance do mercado, que têm capitalização superior a US$ 1 bilhão.
O rali ajudou a criptomoeda a chegar ao ranking das 50 maiores criptomoedas por valor de mercado. Até o fechamento da matéria, a Waves era o 41º ativo digital da lista, com capitalização de mercado de US$ 3,35 bilhões.
“O principal motivo para o crescimento do WAVES foi o valor total bloqueado do protocolo Neutrino ter subido 338% no último mês”, afirmou Rudy Chen, analista da empresa de classificação de risco de criptomoedas TokenInsight, em entrevista ao CoinDesk.
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O Neutrino é um protocolo que traz stablecoins criadas na rede da Waves e que têm valores atrelados a ativos do mundo real, como moedas nacionais ou commodities.
Dados observados pela ferramenta Defi Llama mostram que o Neutrino é o maior protocolo na Waves, respondendo por 62%, ou US$ 1,74 bilhão, dos US$ 2,8 bilhões bloqueados no ecossistema de finanças descentralizadas (DeFi) na blockchain na Waves. O valor total bloqueado é uma das métricas mais usadas para avaliar o crescimento do setor de DeFi.
A oferta do USDN, por exemplo, uma stablecoin descentralizada fixada no dólar, aumentou substancialmente em um mês, possivelmente colocando uma pressão de alta no WAVES.
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Segundo a Messari, para gerar USDN, é necessário bloquear WAVES nos contratos inteligentes do Neutrino (removendo unidades da criptomoeda de circulação). Já ao devolver USDN e resgatar o ativo subjacente, o usuário produz efeito contrário — destrói a stablecoin para desbloquear WAVES no mercado.
“A oferta de USDN aumentou aproximadamente 66% desde meados de fevereiro (um crescimento de cerca de 350 milhões de tokens), o que significa que uma quantia de WAVES equivalente em dólar foi bloqueada no Neutrino para cunhar essa nova quantidade de USDN”, disse Gabriel Tan, analista de investimentos no The Spartan Group.
“Isso pode ter aumentado substancialmente a demanda por WAVES, considerando que uma grande fatia dos tokens bloqueados pode ter sido comprada no mercado secundário.”
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Dados da CoinGecko mostram que a capitalização de mercado do USDN subiu mais de 60%, chegando a US$ 736 milhões em um mês, possivelmente alavancando o WAVES
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Ainda segundo analistas, houve duas fontes de demanda por USDN, portanto provocando pressão de alta sobre o token da Waves. A primeira foi o crescente interesse de investidores em fazer staking (depósito com rendimentos) de USDN no Neutrino. A segunda foi a calmaria generalizada do mercado.
“Po que houve um aumento na oferta do USDN? Poderia ser por conta da porcentagem de rendimentos anuais relativamente alta com o staking do USDN, de 9,5% do Neutrino ou da de 19,84% para fornecer USDN no [protocolo] Vires.finance”, afirmou Tan, da Spartan.
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Usuários podem utilizar o USDN como garantia para negociar ou cunhar ativos sintéticos ou fazer staking da stablecoins para ganhar um rendimento extra. Staking é o ato de manter criptomoedas em uma carteira para se credenciar como operador de rede em troca de moedas recém-cunhadas.
O processo é parecido com o investimento passivo. O Vires.finance é um protocolo descentralizado de liquidez não-custodial com base na blockchain da Waves, que permite que usuários façam ou ofereçam empréstimos.
Normalmente, investidores colocam seu dinheiro em stablecoins, que oferecem estabilidade no preço e proteção contra a volatilidade generalizada de mercado durante épocas de tensão.
Acredita-se que investidores tenham feito exatamente isso nas últimas semanas, após a invasão da Rússia na Ucrânia em 24 de fevereiro, e a então falta de clareza quanto aos efeitos de aperto monetário do Federal Reserve tanto sobre as criptomoedas quanto os mercados tradicionais.
“Quando o mercado caiu, a tendência das pessoas era vender seus criptoativos e se voltar para as stablecoins. É por isso que o token LUNA, da Terra, e o WAVES tiveram uma performance extraordinária em relação ao mercado, porque ambos têm um forte consenso de comunidade acerca de stablecoins algorítmicas UST e USDN”, afirmou Chen, da TokenInsight.
Alguns especialistas também associaram o rali da WAVES ao upgrade recém-implementado da Waves 2.0, anunciado no mês passado. Espera-se que o upgrade deixe a rede mais rápida, mais segura e compatível com a Ethereum Virtual Machine (EVM).
No entanto, Tan, da Spartan, discorda disso. “Pode-se dizer que o anúncio da Waves 2.0 no dia 11 de fevereiro provocou o rali, mas eu acho improvável. O rali só começou na última semana de fevereiro. A não ser que os mercados tenham sido ineficientes e lentos ao precificar o anúncio”, brincou o analista, chamando atenção para a reação inflexível do mercado a anúncios similares feitos por outras blockchains no passado.
“Se você observar anúncios de compatibilidade com EVM antigos para outras redess, como Kava, Cronos e Near, nenhum dos preços desses tokens subiu três vezes no mês ou dois meses seguintes ao anúncio, como fez a criptomoeda da Waves”, acrescentou Tan.
Embora desenvolvedores tenham anunciado o upgrade da Waves 2.0 no dia 11 de fevereiro, o rali do token começou no fim do mês, perto da época em que a Rússia invadiu a Ucrânia. Isso fez analistas se perguntarem se o crescimento foi resultado de especulações se antecipando às relações do projeto Waves com o país russo.
“A Waves foi interpretada erroneamente pelos mercados como um projeto associado à Rússia/Ucrânia e pode ter atraído demanda especulativa de traders que queriam se aproveitar da narrativa”, afirmou Tan.
A blockchain da Waves é muitas vezes chamada de “Ethereum russa”, por conta da sua associação com a Rostec, grande corporação russa, e das ideias sem fundamento sobre a nacionalidade russa do fundador da Waves, Alexandr “Sasha” Ivanov.
No começo deste mês, no entanto, Ivanov informou à Blooomberg que é cidadão ucraniano e que o rali do WAVES não tem nada a ver com a situação na Rússia.
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