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Os primeiros três meses de 2022 se encerraram de forma positiva para o Ibovespa, que fechou o período com avanço de 14,41%, sendo que a alta foi de 6,06% em março. Os investidores estrangeiros passaram a ver a Bolsa doméstica como descontada, ao mesmo tempo que a guerra na Ucrânia, iniciada no último dia 24 de fevereiro, também teve menos impacto na Bolsa brasileira, comparando com os índices lá fora. Isso porque as ações de maior peso do Ibovespa são produtoras de matérias-primas, que tiveram forte alta em meio ao conflito.
Neste último mês, algumas ações bastante descontadas, como CVC (CVCB3), Cogna (COGN3) e Qualicorp (QUAL3), tiveram forte avanço em meio ao maior ânimo do mercado; além disso, as duas primeiras companhias tiveram resultados considerados animadores, que fizeram os papéis dispararem 17% e 19,5% na sessão pós balanço, respectivamente. Em março, CVCB3 subiu 32,99%, COGN3 avançou 25,66% e QUAL3 teve ganhos de 24,65%.
Na sequência entre os maiores ganhos do mês, estiveram os ativos da 3R (RRRP3), a ação que mais surfou a disparada do petróleo dentre as que compõem o Ibovespa, com alta de 23,52%, enquanto JHSF (JHSF3) completou a lista das 5 maiores altas de março em meio aos resultados positivos e dividendos, com avanço de 22,35% no período.
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Já entre as maiores quedas de março, poucos destaques em meio a uma alta expressiva do índice. Mas, encabeçando a lista, estiveram os ativos da Embraer (EMBR3), com baixa de 15%, papéis que também lideraram as perdas do trimestre, após serem destaque positivo em 2021. PetroRio (PRIO3), Braskem (BRKM5), Fleury (FLRY3) e Azul (AZUL4) completam a lista de perdas mais expressivas do mês para o Ibovespa, com baixas respectivas de 7,78%, 7,19%, 6,95% e 5,42%.
No trimestre, além de Embraer, entre as maiores quedas estiveram Alpargatas (ALPA4), Banco Inter (BIDI11), Locaweb (LWSA3) e Braskem (BRKM5), todas com baixas superiores a 20%. Entre os ganhos, atenção para Carrefour (CRFB3), B3 (B3SA3), Hypera (HYPE3), Cielo (CIEL3) e Bradespar (BRAP4), com altas superiores a 30%.
Confira abaixo os destaques dos primeiros três meses de 2022 do Ibovespa:
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Maiores altas do Ibovespa no trimestre
Carrefour Brasil (CRFB3): alta de 48%
As ações do Carrefour se destacaram entre as maiores altas do trimestre, com os analistas apontando uma visão positiva em meio aos resultados e as revisões de sinergias com a aquisição do BIG, realizada no ano passado.
A varejista de alimentos divulgou seus resultados em meados de fevereiro e, com eles, a revisão das estimativas das sinergias do Grupo BIG em 15%, para no mínimo R$ 2 bilhões (de R$ 1,7 bilhão antes) até 2025, com a maior parte delas vindo de compras, despesas operacionais e maior produtividade das lojas.
Cerca de um mês depois, o UBS BB reforçou a sua visão positiva para o ativo, mesmo ele já registrando uma valorização no período. Os analistas destacaram que a empresa tem posição de liderança em termos de preço, o que é uma vantagem crucial para o atual momento.
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“Além disso, acreditamos que o Grupo BIG ainda não foi precificado no papel. Depois que a Superintendência do Cade decidiu recomendar a aprovação da operações, com poucos remédios, acreditamos que a incorporação de BIG pode gerar uma criação de valor de R$ 4 por papel”, escreveram os analistas.
Na ocasião, os analistas elevaram preço-alvo para CRFB3, de R$ 20 para R$ 26 (potencial de valorização de 17% em relação ao fechamento da véspera), mantendo recomendação de compra. O banco acredita que o formato de atacado premium do Sam’s Club, pertencente ao BIG, tem espaço para crescer organicamente.
B3 (B3SA3): alta de 43%
Um trimestre de forte fluxo estrangeiro para a B3 em meio à alta de commodities, uma vez que boa parte das ações que compõem a Bolsa são do setor, também impulsionou fortemente os ativos da operadora da Bolsa brasileira no período. Com isso, a empresa deixou para trás um resultado do quarto trimestre de 2021 que não agradou muito os investidores, ao apresentar um lucro antes juros, impostos, depreciações e amortizações (Ebitda, na sigla em inglês) afetado por maiores despesas operacionais.
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Nesta semana, cabe ressaltar, o Itaú BBA reiterou a recomendação outperform (desempenho acima da média do mercado) para as ações B3SA3, com preço-alvo de R$ 19, ou potencial de valorização de 21% frente o fechamento de quarta-feira.
Os analistas destacaram que a ação foi rapidamente reclassificada de volta para 18 vezes para o múltiplo entre o preço sobre o lucro, com o melhor humor para o Brasil como um todo. A “reclassificação” provavelmente será sustentada por melhores lucros, avalia o BBA.
O banco revisou as suas estimativas, vendo melhores volumes e maiores receitas financeiras e avaliando que apenas parte das pressões de custo do quarto trimestre deva perdurar nos próximos trimestres.
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A avaliação é de que a perspectiva de crescimento de lucro por ação é mais modesta na comparação com grandes bancos. “No entanto, o ano deve começar com uma nota mais positiva, enquanto os grandes bancos enfrentarão sazonalidade adversa de inadimplência”, apontam os analistas.
“Além disso, os investidores também provavelmente ignorarão as tendências de lucro por ação de curto prazo se as perspectivas para as taxas mais baixas de juros (Selic) em 2023 começarem a se cristalizar”. O último Focus apontou projeção de Selic a 9% ao final de 2023, ainda considerada em um patamar alto ante a mínima de 2%, mas abaixo do patamar atual de 11,75% e da projeção de 13% do relatório ao final deste ano.
O Safra também possui recomendação de compra, com preço-alvo de R$ 16,50 para o papel B3SA3 (ainda que em um modesto potencial de valorização de 5,3%).
“Isso porque acreditamos que a empresa tenha um caso de investimento sólido, apoiado por sua liderança no fornecimento de infraestrutura para o mercado de capitais no Brasil (em serviços como negociação, compensação e custódia), forte geração de fluxo de caixa livre, alto índice de payout e boas perspectivas de crescimento”, avalia a casa.
Hypera (HYPE3): valorização de 38%
Também na esteira dos resultados e de revisões de recomendação, as ações da Hypera tiveram um trimestre de disparada na Bolsa brasileira.
A companhia divulgou seus resultados do quarto trimestre de 2021 no final de fevereiro, com um lucro líquido de R$ 366 milhões no quarto trimestre de 2021, número 12,6% maior do que os R$ 324,9 milhões do mesmo período de 2020. Já a receita líquida da companhia avançou 43,3% na base anual, saindo de R$ 1,1 bilhão para R$ 1,62 bilhão.
Mas não foi só isso: segundo o Itaú BBA, a companhia teve resultados positivos, como o esperado, e início de ano promissor. “A empresa não só foi capaz de cumprir sua projeção (guidance) para 2021, mas também aponta para um 2022 muito bom – com crescimento melhor no faturamento e níveis de rentabilidade mais altos do que as nossas estimativas”, apontaram os analistas, que têm recomendação de “compra” para HYPE3, com preço-alvo de R$ 39 ao fim deste ano.
“Além da boa performance no ano passado, destacamos um otimismo com os números da companhia no início deste ano, com as vendas de janeiro e fevereiro em alta de cerca de 30% na comparação anual. Esta aceleração provavelmente é explicada pelo aumento da demanda por produtos relacionados à gripe e apontam para a divulgação de um primeiro trimestre positivo”, reforçam.
Na semana passada, por sinal, o Bradesco BBI elevou a recomendação para as ações da Hypera de neutra para outperform, com o preço-alvo sendo elevado de R$ 36 para R$ 48, o que configura um potencial de alta de 25,5% em relação ao fechamento da véspera.
“Apesar da base de comparação difícil, estimamos que a Hypera pode aumentar as vendas acima da indústria além de 2022, com CAGR (taxa média de crescimento anual ponderado) de 14% para o período de 2022-2028 (versus 12% do mercado em 2018-21 e 8% previsto para 2022-25 pela IQVIA) conspirando o pipeline de novos produtos e entrada no segmento não varejo”, apontam os analistas.
Segundo eles, além de uma maior confiança nos fundamentos de crescimento, a recomendação de compra se baseia em uma combinação de: (i) característica defensiva em meio a condições macroeconômicas desafiadoras e inflação crescente, e (ii) uma avaliação atraente (13 vezes o múltiplo de preço sobre o lucro esperado para 2022 versus o histórico de 15 vezes, que parece injustificado.
Cielo (CIEL3): em alta de 36%
A Cielo teve um forte desempenho no primeiro trimestre de 2022, ainda que se tenha que levar em consideração o baixo valor de face dos papéis (na casa dos R$ 3), que levam a uma grande variação percentual variações mínimas em termos absolutos.
Mas o trimestre foi de notícias positivas para a companhia. No início de fevereiro, ela divulgou seus resultados do quarto trimestre do ano passado, com um lucro líquido de R$ 337 milhões no período, acima das projeções do mercado de lucro de R$ 224,6 milhões.
Ainda que, na sessão pós-balanço, a ação tenha reagido em queda, analistas destacaram positivamente o controle de custos e desempenho da Cateno, subsidiária da Cielo voltada para a gestão de cartões. Por outro lado, a dificuldade na expansão das receitas – em meio a maior concorrência – e a queda de margens seguem sendo desafios para a companhia e levando a uma maior cautela de analistas de bancos.
Porém, Luiz Barsi, um dos maiores investidores individuais da Bolsa, destacou que estava aproveitando a queda das ações para comprar mais. “Estou até vibrando com a cotação da Cielo, que está baratinha, porque estou comprando bastante”, afirmou Barsi ao InfoMoney, em fevereiro de 2022.
E, animando ainda mais as ações, a companhia informou no mesmo mês que assinou contrato para venda da Merchant E-Solutions para a Integrum Holdings pelo valor total de até US$ 290 milhões.
Analistas de mercado destacaram a venda como muito positiva para a empresa, pois a MerchantE era a principal subsidiária fora do core-business da Cielo, linha que vinha pressionando os resultados consolidados da empresa.
“Considerando que a MerchantE atualmente não agrega valor à Cielo, e assumindo uma taxa de câmbio atual de R$ 5,17, a entrada em dinheiro poderia adicionar cerca de 10% ao valor de mercado da Cielo, assumindo um pagamento de imposto muito baixo dessa venda. Se as metas para os pagamentos variáveis forem atingidas, o valor adicionado à Cielo pode chegar a 22%”, apontou o Safra.
Além disso, trata-se de mais um movimento da Cielo para simplificar sua estrutura societária, com a venda de ativos fora do negócio de adquirência (outro exemplo foi a recente venda da M4U), o que deve permitir que a administração disponha de mais tempo e energia para a recuperação da Cielo, avaliaram os analistas da casa. A recomendação para o papel, contudo, segue neutra, com preço-alvo de R$ 3, dois centavos acima do fechamento da última quarta-feira.
Bradespar (BRAP4): valorização de 32%
Os altos lucros e a distribuição de dividendos, na esteira de bons números divulgados pela sua controlada, a Vale (VALE3), impulsionaram os ativos da Bradespar no trimestre.
Nesta semana, a companhia divulgou um lucro líquido de R$ 2,960 bilhões no quarto trimestre de 2021, o que representa um crescimento de 808,6% em relação ao mesmo trimestre de 2020. Segundo a Bradespar, o robusto desempenho é o melhor resultado da história da companhia, reflexo do balanço da Vale no mesmo período.
O resultado operacional cresceu 988,6% no último trimestre do ano passado, totalizando R$ 2,921 bilhões. As despesas gerais e administrativas somaram R$ 1,9 milhão no quarto trimestre de 2021, uma diminuição de 46,9% em relação ao quarto trimestre de 2020.
A diretoria da Bradespar ainda propôs o pagamento de dividendos no montante de R$ 600 milhões, sendo R$ 1,433324328 por ação ordinária e R$ 1,576656761 por ação preferencial. A proposta será votada no dia 29 de abril.
Cabe ressaltar que, no início de fevereiro, a agência de classificação de risco Fitch reafirmou o rating de longo prazo AAA para a Bradespar, com perspectiva estável.
“A participação no capital acionário da Vale tem alta liquidez e proporciona robusta flexibilidade financeira à Bradespar, que atualmente não possui dívidas”, destacou a agência.
Confira as maiores altas do Ibovespa no trimestre:
Maiores quedas do Ibovespa
Embraer (EMBR3): ação cai quase 40%
A ação da fabricante de aviões Embraer passou por uma montanha-russa nos últimos meses. A companhia quase triplicou de valor em 2021, obtendo 180% de valorização, na contramão do tombo que o Ibovespa levou no mesmo período. Com parte do mercado embolsando os lucros, o primeiro trimestre foi de queda para os ativos.
A maior queda diária foi em 10 de março, no dia seguinte à divulgação do balanço da companhia. Ainda que a Embraer tenha conseguido reverter prejuízo, com analistas elogiando a geração da caixa da empresa, o papel caiu quase 15% naquele dia.
Porém, a projeção de receita líquida da companhia, de US$ 4,75 bilhões para 2022, ficou abaixo do que o mercado esperava. A Embraer ainda sofre com falta de peças em função na crise de abastecimento na cadeia produtiva, que ainda não se recuperou totalmente. Alta do combustível e guerra na Ucrânia também preocupam.
Contudo, e conforme destacou matéria recente do InfoMoney sobre o Eve Day, analistas seguem otimistas, destacando as projeções positivas para o braço de mobilidade aérea urbana da companhia.
A XP reiterou visão positiva sobre Embraer, suportada pelo potencial da Eve que, para os analistas Lucas Laghi e Pedro Bruno, ainda não foi totalmente precificado. A análise destaca que o eVTOL (sigla em inglês para veículo elétrico de decolagem e pouso verticual) da Eve está com processo de certificação junto à Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) desde o último mês de fevereiro, o que abre “caminho para um maior compromisso na comprovação do cumprimento das normas técnicas internacionais” combinado com “a longa experiência da Embraer no processo de certificações de aeronaves”.
O Bradesco BBI destaca que, até 2030, a Eve espera aumentar as entregas para mais de 1 mil unidades até 2030 e reforçou a importância de parcerias estratégicas com empresas de mobilidade aérea urbana e aplicações de pilotagem. “Ao fazer isso, a empresa evita concorrência com clientes potenciais, reduz os riscos de alavancagem financeira (pois não deve reservar nenhuma aeronave em seu balanço) e promove a adoção mais rápida de suas aeronaves no mercado global”, afirmam os analistas Victor Mizusaki, Andre Ferreira e Pedro Fontana.
Alpargatas (ALPA4): em baixa de 29%
Entre as empresas de varejo e consumo, que não tiveram um primeiro trimestre fácil na Bolsa, quem se destacou negativamente foi a Alpargatas, que fechou o período em forte queda.
A companhia divulgou seus números do quarto trimestre de 2021 em 10 de fevereiro, além de realizar uma oferta de ações no final do mês passado, com esse follow-on sendo realizado para financiar a “salgada” compra da Rothy’s. A oferta primária levantou R$ 2,5 bilhões. A Alpargatas pagou US$ 475 milhões por uma fatia de 49,9% na fatia da marca de calçados sustentáveis.
Já com relação ao balanço, a Levante Ideias de Investimentos apontou que os números vieram razoáveis, com um crescimento de receita dentro das expectativas, mas uma queda nas margens que pode ser considerada inesperada.
A margem bruta fechou o trimestre em 42,9%, uma retração de 7,3 pontos percentuais. A dinâmica foi a mesma tanto para Brasil como para as operações internacionais. Já a margem operacional medida pelo Ebitda após ajustes foi de 15,8%, retração de 9,1 pontos percentuais. A margem Ebitda (Ebitda sobre receita líquida) no segmento internacional foi negativa em 21,5%.
A Levante Ideias de Investimentos ainda destacou que o aumento dos preços das commodities (que se intensificou com a guerra na Ucrânia, atinge em cheio o Custo de Produtos Vendidos (CPV) da Alpargatas, posto que a maior parte do seu custo é com matéria-prima, avalia.
“Ainda assim, podemos elencar alguns pontos encorajadores. O aumento da receita líquida foi interessante, embora insuficiente para repassar todo aumento de custo. Além disso, Havaianas Internacional foi bem, especialmente na Europa, com crescimento anual de quase 31%. As iniciativas digitais tanto no Brasil como nas demais regiões também nos parecem em um bom momento. Segundo a companhia, 39% da sua receita internacional é oriunda dos canais online”, avalia a Levante.
Banco Inter (BIDI11): queda superior a 25% no trimestre
O cenário macroeconômico em meio a Selic mais alta, que impacta especificamente ações de crescimento – ainda que elas tenham registrado recentemente uma recuperação com o Banco Central reforçando o fim do ciclo de alta de juros no Brasil na próxima reunião – segue no radar, afetando o Banco Inter.
Mas além disso, revisões foram feitas pós-resultado da companhia, divulgado no final de fevereiro. Naquela ocasião, o banco reportou lucro líquido contábil de R$ 6,4 milhões no quarto trimestre de 2021, cifra 67,1% inferior ao registrado em igual etapa de 2020. Já o lucro líquido ajustado somou R$ 20,2 milhões no 4T21, aumento de 4,2% em relação ao 4T20. Naquela sessão, as units BIDI11 caíram 9,62%.
O Bradesco BBI apontou ver o resultado como ruim, colocando na balança os fatores positivos e negativos.
Do lado positivo, a geração de receita foi bastante forte, com a receita média por usuário (ARPU) crescendo 8,7% na variação anual (versus 20% no 3T21), enquanto o custo para servir ficou bastante estável na variação anual. Além disso, os analistas destacaram a forte contribuição da Intershop, com margem de lucro bruto aumentando para 15% de 10% no 3T21.
“Do lado negativo, o Inter reportou um prejuízo antes dos impostos de R$ 13 milhões, manchado por maiores ‘outras despesas operacionais’, que foram impactadas por um prejuízo de cerca de R$ 70 milhões em uma operação de venda de empréstimos. Em suma, achamos que as preocupações do mercado com a lucratividade de longo prazo ainda devem impedir uma reclassificação significativa da ação por enquanto”, avalia o BBI.
Já o Itaú BBA viu a queda como exagerada, atribuindo a alguma confusão que as cessões de crédito trouxeram para este trimestre, usando o crédito permanece como o esperado, enquanto a aceleração na receita “foi impressionante”.
Locaweb (LWSA3): baixa superior a 23%
Além da equação de alta de taxa de juros, queda das ações de techs, os papéis da Locaweb repercutiram os resultados, que não agradaram os investidores e também trouxeram expectativas mais sombrias para 2022.
A companhia divulgou os resultados do quarto trimestre de 2021 na última semana, com dados que não agradaram o mercado e levaram as ações a caírem cerca de 7% na sessão pós-balanço. A companhia registrou prejuízo de R$ 7,2 milhões no quarto trimestre de 2021, impactada por aquisições. Em teleconferência, ela ainda se mostrou mais cautelosa ao destacar perspectivas para novas compras em meio ao custo de capital ainda alto.
Na sequência, os analistas do Bradesco BBI fizeram um duplo rebaixamento de recomendação para a ação da Locaweb (LWSA3), de outperform para underperform (desempenho abaixo da média do mercado, equivalente à venda), além de cortar o preço-alvo de R$ 17 para R$ 7, um valor 32% em relação ao fechamento da véspera.
O BBI destacou que a revisão foi feita em função de um cenário mais fraco do que o esperado para margens em 2022, pois os analistas acreditam que a maior parte da alavancagem operacional e das sinergias das empresas recentemente adquiridas provavelmente serão capturadas apenas mais adiante em comparação com as expectativas iniciais, melhorando apenas em 2023.
Dessa forma, o desempenho das ações deve ser fraco nos próximos trimestres à medida que o mercado digerir o aumento mais lento do que o esperado do Ebitda e revisar para baixo suas estimativas, avaliam os analistas.
Braskem (BRKM5): queda de 23%
O noticiário sobre a Braskem foi movimentado no trimestre, com destaque para a decisão da Petrobras (PETR3;PETR4) e da Novonor, o conglomerado antes conhecido como Odebrecht, de adiar uma bilionária oferta de ações da petroquímica no final de janeiro, alegando condições de mercado.
Conforme destacaram os analistas do UBS BB, Luiz Carvalho, Matheus Enfeldt e Tasso Vasconcellos, as dificuldades da Petrobras e Novonor em venderem suas participações na Braskem mantêm os papéis pressionados.
Em relatórios comentando a oferta de ações, analistas, como da Levante Ideias de Investimentos, apontavam que o follow-on seria positivo para todas as partes envolvidas, sendo essencial para o plano de recuperação judicial da Novonor.
Para a Braskem, a conclusão da operação eliminaria a pressão vendedora sobre seus papéis. Além disso, a migração para o Novo Mercado também seria um ponto positivo. Assim, apesar da pressão vendedora que normalmente afeta os papéis antes de um follow-on, os analistas esperavam um impacto positivo nas ações BRKM5 por conta da oferta que, contudo, ainda não aconteceu.
A companhia também divulgou seu resultado do quarto trimestre de 2021 com um lucro líquido de R$ 530 milhões no período, representando uma queda de 37% no resultado na comparação anual, que foi de R$ 846 milhões.
Para o UBS BB, os resultados encerraram um bom ano para a companhia, mas os spreads começam a sinalizar uma inflexão que sinalizam um 2022 desafiador. Os analistas do banco esperam pressão nas margens da companhia, com a alta nos custos não sendo acompanhada por um reajuste no preços dos produtos.
Confira as maiores baixas do Ibovespa no trimestre:
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