Conversor de R$ 250 é limitado, afirma especialista

SÃO PAULO – Apesar do governo defender a possibilidade dos conversores custarem próximo a R$ 250, o diretor editorial da Tela Viva, André Mermelstein, não considera abusivo o preço praticado pelos fabricantes.

“O conversor de R$ 250 que o ministro Hélio Costa adora mostrar não é ficção científica. Ele existe sim. Só que o que não é dito é que ele é limitado e não recebe o sinal de alta definição. Ele recebe a parte do sinal que é dirigida pelos aparelhos portáteis, por exemplo, os celulares, ou seja, um sinal para telas pequenas. Então é um receptor que você não vai ter a TV Digital em sua plenitude”, explica.

Quando chegarem às lojas, o set top box mais barato custará R$ 499. “Quem quiser ter acesso a uma televisão digital com alta resolução terá que gastar entre R$ 499 e R$ 1.100, o que não significa que os preços não cairão no futuro”.

Impostos

Mermelstein explica ainda que, ao contrário do que o governo afirma, a importação não diminuiria o preço. “Tem fabricante importando da China e vendendo por mais de R$ 700. Como ainda não há esse conversor pronto pelo mundo, não tem como o importado ser mais barato. Para se ter idéia, só o chip que vai dentro do set top box custa mais de R$ 200”.

Para o diretor, a polêmica em torno do preço é em razão a uma briga fiscal entre fabricantes e governistas. “Os fabricantes querem que o governo diminua a carga tributária incidente nos componentes utilizados para a produção do receptor, e o governo, por sua vez, nega que a culpa seja dos altos impostos e insiste que são os fabricantes que querem ganhar demais em cima do aparelho, e faz questão de frisar que em outros países o preço é menor”, explica.

Mais de um conversor

Para os que pretendem comprar um conversor, segue a dica: “cada conversor sintoniza apenas um canal por vez, ou seja, para quem tem mais de um televisor em casa, será necessário comprar mais de um set top box, senão todos os televisores terão que ficar sintonizados em um mesmo canal”.

Para quem não quer gastar muito com o aparelho, o diretor aconselha paciência. “Sei que muita gente gosta de tecnologia e quer consumí-la rapidamente, afinal teve brasileiro indo buscar iPhones nos EUA, mesmo sabendo que eles, teoricamente, não funcionariam aqui. Mas, para quem puder esperar, eu aconselho: primeiro porque o preço tende a cair e segundo porque a tecnologia ainda será aprimorada. Os primeiros conversores disponíveis não trarão o Ginga, software de interatividade do sistema brasileiro”.