Como comprar ações da Eneva (ENEV3); passo a passo para investir

Comprar ações da Eneva, que subiram mais de 50% entre janeiro e julho de 2019, parece um ótimo negócio. Mas é preciso conhecer detalhes

Equipe InfoMoney

Empresa de geração e comercialização de energia termelétrica, a Eneva (ENEV3) está chamando a atenção do mercado. Apenas entre janeiro e julho de 2019, os papéis subiram mais de 50%. O desempenho tem levado muitos investidores a querer comprar ações da Eneva. É o seu caso? Então confira aqui se esse é um bom investimento para você.

O que você precisa saber antes de comprar 

É importante conhecer o histórico e as perspectivas da Eneva antes de investir nos seus papéis. Embora esteja inserida em um segmento tradicional – o setor elétrico – algumas características são únicas da companhia. Por isso, seu desempenho é diferente do das outras empresas.

Em linhas gerais, a Eneva é uma empresa de energia, com negócios complementares em geração termelétrica, exploração e produção de hidrocarbonetos – ou gás natural. As áreas em que as operações estão situadas se concentram na Bacia do Parnaíba, principalmente no estado do Maranhão. Três elementos importantes que todo investidor deve conhecer sobre a companhia são:

A Eneva é a antiga MPX

A Eneva já foi uma das badaladas empresas do Grupo EBX, do polêmico Eike Batista. Ela é a antiga MPX, que estreou na bolsa de valores (atual B3) em 2007. Entre 2012 e 2013, o pequeno império de Batista – que também contabilizava negócios de petróleo, mineração e logística, entre outros – se desintegrou, em meio a acusações de manipulação de dados e uso de informação privilegiada pelo empresário.

A MPX era uma das empresas mais bem estruturadas do grupo, mas acabou envolvida no efeito dominó. Em 2013, seu controle foi vendido para a alemã E.ON e seu nome, alterado para Eneva. Foi uma tentativa de dissociá-la da figura de Batista.

Com um volume elevado de dívidas, a empresa entrou em recuperação judicial em 2014. Ao contrário da maioria dos casos do tipo no Brasil, o da Eneva foi bem sucedido. O processo terminou em um ano e meio. Nesse período, teve um aumento de capital de R$ 2,3 bilhões e passou a ter o banco BTG e a Cambuhy Investimentos como seus principais acionistas. Em 2018, a companhia registrou lucro de R$ 308 milhões, o maior da sua história.

O padrão de chuvas importa para a Eneva

O que o padrão de chuvas no Brasil tem a ver com os resultados da Eneva? Tudo. A matriz energética do país é majoritariamente hidrelétrica. Nos anos em que o clima colabora, a chuva enche os reservatórios e as usinas hidrelétricas ficam abastecidas para produzir energia com tranquilidade.

Os problemas aparecem quando as chuvas rareiam. Com matéria-prima – água – escassa, as hidrelétricas precisam reduzir a produção, apesar de a demanda permanecer a mesma. É quando as usinas termelétricas, como as da Eneva, precisam entrar em ação. Elas são acionadas para suprir a necessidade de energia do país, gerada a partir de outras fontes.

O parque térmico da Eneva representa 11% da capacidade de geração de energia termelétrica a gás no Brasil. Essa participação de mercado grande é um dos diferenciais da empresa, mas não o principal. Sua grande vantagem competitiva é ser a segunda maior operadora de gás natural do Brasil.

Isso posiciona a Eneva um passo à frente dos concorrentes da geração termelétrica, porque permite que ela corte intermediários. Para produzir energia, a empresa não depende de fornecedores de gás natural, já que ela mesma possui reservas da matéria-prima e realiza a sua exploração. Com isso, evita custos, como o de transporte do gás até as suas usinas.

A perspectiva para a economia faz diferença

Quanto mais sólidas são as perspectivas de crescimento da economia, mais as empresas do setor elétrico se beneficiam. Isso porque quanto a atividade está aquecida, os níveis de produção das indústrias se elevam. A consequência é uma demanda maior por energia elétrica, justamente para dar conta desse movimento.

Mas acontece o contrário quando a economia vai mal ou anda de lado. Com uma demanda menor por energia, as empresas do setor podem ser prejudicadas.

Passo a passo para investir 

Por causa do histórico conturbado, os papéis da Eneva sofreram com uma elevada volatilidade nos últimos anos. Esse fator deve ser considerado pelos investidores interessados em comprar ações da empresa. O valor de mercado da companhia variaram segundo o seguinte padrão:

Embora as companhias do setor elétrico sejam conhecidas por pagar bons dividendos aos acionistas, esse não é o caso da Eneva. Em função dos percalços dos últimos anos e da necessidade de equalizar as contas, a empresa não tem um histórico atrativo de distribuição de proventos.

Depois de considerar esses dois fatores, o investidor deve seguir os passos abaixo para investir nas ações da Eneva:

1. Avalie seu perfil de investidor

Você está disposto a encarar os altos e baixos de papéis como os da Eneva? Para responder essa pergunta, procure avaliar seu perfil de investidor. Responda, para si mesmo, perguntas como qual seu nível de conhecimento sobre a empresa ou quanto tempo terá disponível para estudar sobre ela.

Também é preciso identificar seus objetivos com as ações da Eneva: aproveitar uma oportunidade para obter ganhos no curto prazo ou tornar-se um acionista de longo prazo? Também é válido imaginar cenários distintos – bons e ruins. Qual seria sua reação se os papéis subissem ou caíssem 5% em um só  pregão? Essas “simulações” vão ajudar você a saber se comprar as ações da Eneva é uma boa ideia.

2. Entenda melhor a empresa

É muito conhecido o conselho do bilionário investidor americano Warren Buffett: só invista no que você conhece e entende. A dica vale para quem está estudando comprar ações da Eneva. A empresa tem um modelo de negócios híbrido – atua tanto na exploração e produção de gás natural, quanto na geração de energia termelétrica. Isso, às vezes, causa confusão.

Portanto, para tomar uma decisão com segurança, leia relatórios de análise da Eneva feitos por corretoras e casas de análise. Esses materiais costumam ser bem completos e permitem aos investidores estudar a empresa e as suas perspectivas de performance.

Normalmente, esses relatórios começam traçando um perfil das empresas. Depois, os analistas avaliam os seus resultados financeiros e emitem uma opinião: se acham que é hora de comprar, de vender ou de manter as ações. No início do segundo semestre de 2019, quatro analistas que acompanham a Eneva sugeriam comprar as ações, segundo a Thomson Reuters. Nenhum recomendava vender.

3. Cadastre-se em uma corretora

Para comprar ações, é necessário ter uma conta em uma corretora. Elas são as instituições financeiras que realizam as ordens de compra e venda dos investidores no pregão. Existem mais de 80 autorizadas a operar na B3.

Para escolher uma delas, é importantes verificar o valor das suas taxas de corretagem. Trata-se de uma cobrança realizada cada vez que o investidor compra ou vende uma ação. Pode ser um valor fixo, em reais, ou um percentual sobre a operação. Poucas corretoras não têm taxa de corretagem – é o caso da Clear.

Com a conta aberta, é necessário enviar dinheiro. Você pode fazer uma transferência (TED ou DOC) do seu banco para a corretora. Depois, basta acessar o home broker – sistema de negociação online – ou contatar a mesa de operações pelo telefone para passar a ordem de compra. Será preciso informar a quantidade de ações que pretende adquirir e a que preço.

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