Como a MetaMask vai usar tecnologia brasileira para nova carteira institucional

Em entrevista, Marcos Viriato, CEO da Parfin, conta como a empresa irá ajudar a dar segurança para clientes institucionais da MetaMask

Rodrigo Tolotti

(Bianca Holland/Pixabay)

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Há duas semanas, a Parfin, fintech global de criptomoedas, anunciou uma parceria com a empresa americana de infraestrutura em blockchain Consensys para prover segurança para a carteira de criptomoedas MetaMask, especialmente para clientes institucionais, em um cenário de forte demanda de gestores e grandes instituições por soluções cripto.

“Quando você fala de clientes institucionais, dos bancos, corretoras, todos estão olhando para oferecer criptoativos para os clientes finais. Este movimento está acelerando”, avalia Marcos Viriato, CEO da Parfin, em entrevista ao InfoMoney.

Para ele, o Projeto de Lei que regulariza o mercado cripto no Brasil – que foi aprovado no Senado nesta semana – vai ajudar a acelerar ainda mais esse ambiente. “A hora que [o mercado] estiver regulado, vai haver uma corrida, uma adoção maluca de cripto”, afirma.

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A MetaMask é uma das principais carteiras cripto do mercado, mas é principalmente voltada para pessoas físicas. Agora, com a parceria, a Parfin se torna uma das responsáveis em oferecer a segurança necessária para a recém-lançada MetaMask Institutional, voltada para investidores institucionais.

“Hoje, para você acessar os protocolos DeFi (finanças descentralizadas) é complicado […], o acesso é complicado, você vai fazer uma operação, você tem que entender o protocolo, não é trivial, e a gente está facilitando esse acesso para clientes institucionais, esse foi o nosso foco”, diz Viriato.

Ao contrário de um cliente pessoa física, investidores institucionais precisam de soluções robustas de segurança para investir em criptomoedas. Quando uma pessoa decide ter posse de seus ativos em sua própria carteira, ela ainda corre o risco, por exemplo, de ter seu computador hackeado e mesmo assim perder suas criptos.

Já para um grande fundo ou banco, enquanto é preciso ter fácil acesso aos ativos, também é necessário ter uma solução de segurança que evite que um problema no equipamento do gestor possa trazer riscos. “A gente integrou o serviço na MetaMask Institucional, onde as chaves privadas ficam guardadas dentro da nossa solução de custódia, e a gente permite que um cliente que usa o nosso sistema mais profissional consiga acessar esses serviços que eles usariam de uma forma mais segura”, explica o executivo.

Em resumo, essa solução da Parfin na custódia utiliza a tecnologia MPC, que faz com que cada chave privada seja dividida em diversas partes, armazenadas em vários servidores diferentes. No momento em que uma transação é iniciada, essas chaves recebem assinaturas parciais e um software de criptografia valida e combina essas assinaturas.

Rendimentos em cripto

Viriato afirma que há uma grande demanda de clientes institucionais em cripto, especialmente para dois tipos de transações: yield farming e staking.

No primeiro modelo, a solução, em tradução livre, significa cultivar juros. Nela, um cliente pode emprestar seus ativos, como Bitcoin (BTC), colocando-o em um contrato inteligente, considerando que ele não quer vender agora porque acredita em sua valorização.

Nesse sistema, que utiliza um protocolo DeFi, esse cliente empresta e passa a receber uma taxa por isso. Os valores, segundo o CEO da Parfin, podem chegar a superar 35% ao ano, caso do Axie Infinity ([ativo=AXIE]), mas ele reforça que esse ripo de ativo também tende a ter mais risco, por isso paga melhor.

“Tem muitos players que acreditam na valorização de longo prazo [das criptos], porém, eles querem uma remuneração daqueles ativos, e o DeFi permite isso”, explica Viriato. “Você pega os fundos de investimento, especialmente os clientes institucionais, ele está comprando, tem uma tonelada de cripto, e ele quer emprestar para remunerar”.

Já no staking, a ideia também é receber uma remuneração com as criptos que o investidor possui, mas neste caso o processo envolve manter esses ativos em uma blockchain por um período de tempo específico para contribuir para a segurança do sistema, recebendo em troca alguma recompensa (veja mais clicando aqui).

“Com a nossa integração, a gente vai facilitar a vida do gestor profissional em alocar, além de ter muito mais segurança do que ter numa solução manual”, conclui.

Integração e próximos passos

Ainda sobre a integração, Viriato diz que a MetaMask já possui 30 protocolos em sua plataforma e que a intenção é adicionar ainda mais. “A partir da nossa custódia a gente já tinha integrado dois, Compound (COMP) e Aave ([ativo=AVE]), mas é muito complexo fazer isso direto”, diz ele sobre a dificuldade de fazer integrações sozinho com protocolos.

“A MetaMask Institucional funciona como uma ponte, a gente não precisa fazer a integração, ela está fazendo. Óbvio que ela cobra para isso, mas eu não preciso ficar me preocupando com todos os protocolos”, afirma.

Por fim, o executivo lembra que a Parfin está prestes a conseguir sua aprovação pela FCA (órgão regulador do mercado no Reino Unido) e que isso será importante até para sua atuação no Brasil. “A gente espera que saia em maio”, conclui ele reforçando que outras novidades estão no radar.

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Rodrigo Tolotti

Repórter de mercados do InfoMoney, escreve matérias sobre ações, câmbio, empresas, economia e política. Responsável pelo programa “Bloco Cripto” e outros assuntos relacionados à criptomoedas.