Como a Dama de Ferro brasileira está revolucionando o BNDES

Maria Silva Bastos vem reduzindo o "tamanho" do banco, fechando escritórios internacionais e mudando o foco para privatizações, concessões de infraestrutura e investimentos no estilo de private equity

Bloomberg

Publicidade

SÃO PAULO – O último andar da sede do Rio de Janeiro do gigante de crédito do Estado brasileiro já foi ocupada por seu presidente e seus assessores, e contava com uma sala reservada para as ocasiões em que o chefe de Estado chegava de Brasília.

O escritório foi uma das primeiras coisas que a presidente Maria Silvia Bastos, reformou ao chegar em junho depois que Dilma Rousseff foi afastada durante o processo de impeachment. Bastos, 59, derrubou paredes e abriu espaço para o conselho da companhia. Ela e seus companheiros de equipe se mudaram para o local no mês passado.

Ela também se desfez de oito andares de espaço de aluguel e economizou R$ 490 milhões (US$ 144 milhões) ao eliminar um segundo edifício que teria acomodado o crescente número de burocratas do banco.

Continua depois da publicidade

“A mudança gera estresse, mas espero que seja para melhor”, disse Bastos, que trabalha em um laptop em um escritório com vista para o centro da cidade, reformado com o financiamento do banco para a Olimpíada do Rio. “Infelizmente, muitas vezes os países só se movimentam em crises, e as crises são boas para chacoalhar as coisas.”

Bastos, apelidada de “Dama de Ferro” pela imprensa local quando administrou a Companhia Siderúrgica Nacional entre 1999 e 2002, é uma das principais adeptas da austeridade em um país que enfrenta uma grave crise fiscal com um déficit orçamentário quase recorde. O plano radical do presidente Michel Temer de congelar o gasto público durante 20 anos está passando pelo Congresso atualmente.

Bastos vem reduzindo a enorme instituição estatal de crédito que deu impulso a muitos dos gigantes industriais do País com empréstimos subsidiados durante a gestão de seu antecessor, Luciano Coutinho. O dinheiro ajudou essas empresas a se expandir no País e até mesmo no exterior. Uma das primeiras medidas tomadas por ela foi fechar os escritórios internacionais do banco.

Continua depois da publicidade

Ela mudou o foco para privatizações, concessões de infraestrutura e investimentos no estilo de private equity com o objetivo de recuperar empresas em problemas, mas que são viáveis, ou financiar aquelas que não conseguem crédito em outro lugar. Bastos disse que o BNDES criou uma linha de crédito para comprar ativos de empresas em recuperação judicial.

Durante a administração de seu antecessor, o BNDES se transformou na ferramenta de empréstimo mais agressiva para a intervenção estatal em uma democracia em desenvolvimento. Suas práticas há muito eram secretas e seus livros só foram abertos quando uma investigação sobre corrupção na Petrobras e outros inquéritos criaram pressão para aumentar a transparência.

Em seu novo escritório com vista para o centro do Rio, Bastos estava sentada em sua mesa enquanto seus diretores conversavam a alguns passos de distância, em uma área que antes era dividida por paredes para dar privacidade. Elas foram demolidas a pedido de Bastos.

Continua depois da publicidade

“Vou lhe dizer uma coisa: não trabalho com restrições”, disse. “Quando o Presidente da República me convidou, a única coisa que eu perguntei a ele, eu tenho independência para formar minha equipe para trabalhar? A resposta dele foi sim. Por isso que eu aceitei esse convite. Nós somos gestores profissionais.”

Newsletter

Infomorning

Receba no seu e-mail logo pela manhã as notícias que vão mexer com os mercados, com os seus investimentos e o seu bolso durante o dia

E-mail inválido!

Ao informar os dados, você concorda com a nossa Política de Privacidade.