Como a auto-suficiência brasileira em gás de cozinha afeta o seu orçamento?

Especialistas divergem sobre a influência da comercialização do combustível completamente nacional no bolso do consumidor

Equipe InfoMoney

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SÃO PAULO – O Sindicato Nacional das Empresas Distribuidoras de Gás Liquefeito de Petróleo (Sindigás) anunciou, na última quarta-feira, que o Brasil será auto-suficiente na produção do GLP, o famoso botijão de cozinha, já este ano.

A expectativa é que, em 2010, haja um excedente de, no mínimo, 30% na produção, o que possibilitará ao País a exportação do combustível. Tudo certo. Mas o que isso vai mudar no bolso do consumidor?

Divergência

O presidente do sindicato, Sérgio Bandeira de Mello, e o coordenador do curso de administração das Faculdades Integradas Rio Branco, Carlos Eduardo Stempniewski, divergem sobre as mudanças no orçamento familiar: enquanto o primeiro prevê que o botijão passará a valer menos, o último crê que a mudança não será sentida pela população.

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“O GLP, historicamente, sempre foi escasso. Nossa dependência do mercado externo era muito grande, o que justificava, pela Petrobras, a cobrança de preços praticados pelos importadores”, explicou Mello.

Segundo o presidente do Sindigás, com mais oferta do combustível no mercado e com uma provável venda dele no comércio exterior, a tendência é que sejam cobrados em território nacional valores de exportação. “Mas eu ainda não poderia dizer de quanto será esse barateamento”, adicionou.

Melhora ao consumidor

Stempniewski não vê a situação dessa maneira. “Quem já viu alguma coisa mudar para melhor ao consumidor? Isso é quase impossível”, opinou. O docente explicou a idéia com o seguinte raciocínio: estão envolvidos custos na captação desse produto extra. Analisando que esse gás totalmente brasileiro chegue à população em cerca de três ou quatro anos, muita coisa pode mudar, tanto na situação interna quanto na externa.

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“Existe um ciclo que ele precisa percorrer até chegar ao consumidor. Até lá, a Petrobras pode muito bem falar que teve que investir muito na extração do produto e que, por comercializar ações na Bolsa, precisa seguir os preços internacionais”, adicionou.

De acordo com Stempniewski, poderia, inclusive, haver um aumento no preço do botijão. “Temos que sair do discurso da virtualidade para a realidade dos fatos. Nunca houve diminuição dos preços de serviços públicos”, acrescentou.

Otimismo

Mais otimista, Mello cita ainda a possibilidade de ampliação do alcance de utilização do GLP. De acordo com o presidente do Sindigás, em 1980, com a Guerra do Golso, foram proibidas diversas práticas no Brasil: velocidade superior a 80 quilômetros por hora em estradas, funcionamento de postos aos finais de semana e utilização do gás liquefeito em caldeiras, piscinas e motores de qualquer natureza.

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O motivo era o alto grau de dependência do produto vindo de outros países, que era de mais da metade do consumo brasileiro.

“Hoje os postos abrem todos os dias, as estradas permitem velocidade de até 120 quilômetros por hora. Mas o GLP continua com as restrições”, explicou.

Segundo o sindicalista, o gás poderia ser utilizado como combustível automotivo, aquecimento de animais na zona rural e diversos outros pontos. “Podemos estudar a viabilidade de, além de aumentar a oferta, aumentar a demanda do produto”, concluiu.

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A média cobrada pelo botijão de gás no Brasil está em cerca de R$ 30.

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