Com volatilidade e Petrobras pressionando bolsa, ouro é o melhor investimento do mês

Commodity se isola em rentabilidade em agosto; com recuo de 3,51%, Ibovespa fica com posto de pior investimento

Julia Ramos M. Leite

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SÃO PAULO – Em meio a referências díspares no plano corporativo e sinais de desaceleração das maiores economias do mundo, o otimismo visto em julho voltou a dar lugar ao sentimento de aversão ao risco, derrubando os mercados de renda variável mais uma vez em agosto. Assim, o Ibovespa, que teve em julho seu melhor mês desde 2009, recuou 3,51%, pior desempenho desde maio, e perdeu o posto de melhor investimento do mês para o ouro

Com a volta da instabilidade ao mercado, a commodity voltou a ser um porto seguro para os investidores, que têm se voltado para o investimento no metal em tempos de maior volatilidade. Assim, o ouro – pior investimento de julho – se mostrou novamente o melhor investimento em agosto, com rentabilidade nominal de 3,23%.  

Já aplicação em CDBs pré-fixados de 30 dias garantiu retorno nominal médio de 0,85% em agosto, pouco abaixo do benchmark CDI (+0,89%). A caderneta de poupança, por sua vez, apresentou retorno nominal de 0,59% em julho.

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dólar acompanhado pela variação da Ptax, por sua vez, fechou o mês com rentabilidade nominal levemente negativa em 0,07%. Enquanto isso, o dólar comercial fechou o mês com modesta alta de 0,06%.

Vale dizer que, considerando os ganhos reais – ou seja, descontando o IGP-M (Índice Geral de Preços – Mercados), que marcou alta de 0,77% no mês – CDI, CDB e ouro registraram rentabilidade positiva no período, enquanto dólar, poupança e Ibovespa ficaram no campo negativo.  

Cenário corporativo
O mês contou com alguns destaques corporativos de peso – a união das operações entre a TAM (TAMM4) e a chilena LAN, uma descoberta de até 15 trilhões de pés cúbicos de gás na Bacia do Parnaíba pela OGX (OGXP3), além de resultados de AmBev (AMBV4), GOL (GOLL4), Itaú Unibanco (ITUB4), BM&F Bovespa (BVMF3), CSN (CSNA3) e Gerdau (GGBR4) e OPAs da Vale pelas ações da Paranapanema (PMAM3) e da Embratel para as ações preferenciais da NET (NETC4).

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Apesar de todos os destaques acima, agosto foi mesmo o mês da Petrobras (PETR3, PETR4) e a novela de sua capitalização. Confirmada pelo governo e pela própria empresa para 30 de setembro, a operação ainda depende da precificação do barril da cessão onerosa – que, até agora, ainda não foi definida. 

Em meio à falta de informações oficiais, os rumores tomaram conta do mercado: o barril teria ficado em cerca de US$ 8 – contudo, o valor não foi confirmado pelo governo ou pela empresa, e notícias afirmam que o presidente Lula achou o valor muito baixo e, assim, ainda não bateu o martelo sobre o assunto – pressionando ainda mais as ações, que tiveram um mês bastante ruim em resposta: os papéis ordinários recuaram 7,07%, enquanto os preferenciais caíram 5,75%. Cabe dizer ainda que a estatal anunciou seus resultados do segundo trimestre. 

Entre as blue chips, a Vale também contou com noticiário agitado: a mineradora anunciou a redução de 10% dos preços do minério de ferro no novo contrato trimestral e que pode reunir seus ativos relacionados à produção de fertilizantes em uma subsidiária com ações negociadas em bolsa, e foi incluída na lista de devedores da União pelo DNPM (Departamento Nacional de Produção Mineral).

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Agenda
Na agenda econômica global, os EUA e a China dividiram o foco. A maioria dos indicadores da maior economia do mundo decepcionou – uma das exceções foi o PIB do segundo trimestre que, apesar de abaixo da primeira prévia, veio melhor do que o esperado. Alguns números da China, que agora ultrapassou o Japão e se tornou a segunda maior economia do mundo, também preocuparam, especialmente a produção industrial.

Na Europa, mais referências divergentes: do lado negativo, o rating da Irlanda foi cortado pela Standard & Poor’s, enquanto Bank of England e França cortaram projeções para o crescimento das respectivas economias. Adicionando pessimismo, o prêmio Nobel de economia, Joseph Stiglitz, afirmou que a economia europeia corre o risco de entrar um uma nova recessão. Por outro lado, o PIB da Zona do Euro avançou mais do que o esperado e o banco central alemão elevou suas projeções para o crescimento do país em 2010.

No front de política monetária, tanto o Fomc (Federal Open Market Committee) quanto o BCE mantiveram os juros inalterados. O Fed, contudo, anunciou que irá manter constante o atual patamar de alguns tipos de ativos securitizados sob sua posse, reinvestindo o pagamento do valor principal que receber dos títulos de dívida lastreados em financiamento hipotecário e também de títulos com lastro em Treasuries de longo prazo.

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Por aqui, a taxa de desemprego nas seis principais regiões metropolitanas do País foi a menor para um mês de julho desde 2002, enquanto a produção industrial brasileira avançou 0,4% na passagem de junho para julho, segundo pesquisa divulgada pelo IBGE. Por fim, os diretores do FMI publicaram avaliação periódica do Brasil, com projeção para o crescimento do PIB de 7,1% este ano.

NET e B2W nas pontas do Ibovespa
Em um mês bastante negativo para o principal índice da bolsa brasileira, apenas 16 ações encerraram o período com variação positiva. A principal delas foi a NET, que avançou 17,76% impulsionada pela oferta de aquisição de 100% das ações PN pela Embratel, anunciada no início do mês – somente neste dia, os papéis avançaram 13,21%.

À época, a percepção entre os analistas era que a OPA continuaria a dar suporte aos preços dos ativos ao longo do mês, apesar da discordância de alguns quanto ao preço oferecido por ação, em R$ 23. Ao final do mês, os papéis estavam cotados a R$ 22,28.

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Já na ponta negativa, o destaque foram os ativos da B2W (BTOW3), com recuo de 17,16%. As ações, que já não vinham registrando um bom desempenho – no ano, a queda acumulada já atinge mais de 41%, a maior do Ibovespa – sentiram os efeitos do resultado do segundo trimestre bastante negativo. O último balanço da companhia mostrou lucro de R$ 5 milhões entre abril e junho deste ano, resultado 67% menor do que foi visto no mesmo período de 2009. Apesar de as expectativas para os números não serem positivas, os dados não foram bem recebidos, com o HSBC optando por cortar preço-alvo e recomendação dos papéis, por exemplo. 

Ainda em relação ao Ibovespa, cabe lembrar que a partir da próxima sessão, passa a vigorar uma nova carteira teórica, que deve contar com uma menor participação da Petrobras, além da entrada das units do Banco Santander Brasil (SANB11) e dos ativos da Brookfield (BISA3).

Variações das principais métricas de investimento em agosto:

Investimento Agosto Real* Julho Real**
Ibovespa -3,51% -4,25%   +10,80% +10,63 %
CDI*** +0,89% +0,12%  +0,82% +0,67% 
CDB **** +0,85% +0,08% +0,85% +0,70%
Poupança +0,59% -0,18%  +0,62% +0,47%
Ouro +3,23% +2,44% -4,43% -4,57%
Dólar Ptax -0,07%  -0,83%  -2,46% -2,61%
IGP-M +0,77%  – +0,15%

* Deduzida a variação do IGP-M que ficou em 0,77% em agosto de 2010
** Deduzida a variação do IGP-M que ficou em 0,15% em julho de 2010
*** Taxa Efetiva Andima
**** Taxa pré 30 dias

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