Com exterior e política no radar, Ibovespa Futuro abre em baixa; dólar sobe e DIs operam estáveis

O Ibovespa Futuro é um bom termômetro de como será o pregão, mas nem sempre prevê adequadamente movimentos na Bolsa a partir do sino de abertura.

Mário Braga

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SÃO PAULO – Acompanhando o movimento de baixa nos mercados internacionais e de olho no cenário político doméstico, o Ibovespa Futuro abriu esta sexta-feira (31) em baixa, sinalizando uma possível sessão de perdas, após o principal benchmark da bolsa brasileira interromper a sequência de seis altas e fechar em baixa de 0,40% na véspera, aos 65.265 pontos. Às 9h05 (horário de Brasília), os contratos futuros do índice com vencimento em abril operavam com variação negativa de 0,50%, a 65,265 pontos. [Clique aqui para ver mais cotações do mercado futuro].

Os investidores digerem nesta sexta-feira a decisão do CMN (Conselho Monetário Nacional) decidiu reduzir a Taxa de Juro de Longo Prazo (TJLP) de 7,5% para 7% ao ano. O presidente do BC, Ilan Goldfajn, e o ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, concederão uma entrevista coletiva sobre o tema às 11h. Também no radar, as movimentações no Congresso sobre a reforma da Previdência, o processo no TSE que pode resultar na cassação do presidente Michel Temer e uma pesquisa CNI/Ibope com a avaliação do governo que será publicada às 11h.

No mesmo horário, os contratos de juros futuros com vencimento em janeiro de 2018 recuavam um ponto-base, a 9,885%, enquanto os DIs com vencimento em janeiro de 2021 operavam estáveis, a 9,89%. Já os contratos de dólar futuro com vencimento em abril deste ano tinham ligeira alta, de 0,11%, sinalizando cotação de R$ 3,154.

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Veja ao que se atentar neste pregão:

Bolsas mundiais

As bolsas europeias e os mercados futuros de Nova York registram baixa nessa sessão por três motivos: além da incerteza crescente em relação ao Brexit, que teve um início duro, e expectativa pela fala de dirigentes do Federal Reserve, uma surpresa sul-africana abalou o mercado. O presidente Jacob Zuma demitiu o ministro das finanças, Pravin Gordhan, um dos destaques da reunião do G-20 em Frankfurt. Com isso, ações expostas ao país registram queda nesta sessão. 

Na Ásia, os mercados acionários da China avançaram nesta sexta-feira e encerraram sequência de quatro dias de queda, mas ainda assim os principais índices tiveram a maior perda semanal desde meados de dezembro devido a preocupações sobre a liquidez mais apertada e as restrições no investimento imobiliário, reduzindo o apetite por risco. No restante da região os mercados caíram, com os investidores equilibrando posições no último dia do trimestre. A sexta-feira é de queda para as commodities, o petróleo tem baixa após três altas seguidas, enquanto o minério cai na China antes de feriado de dois dias. 
Às 8h13, este era o desempenho dos principais índices:

*FTSE 100 (Reino Unido) -0,55%

*CAC-40 (França) -0,29%

*DAX (Alemanha) -0,07% 

*Xangai (China) +0,39% (fechado)

*Hang Seng (Hong Kong) -0,78% (fechado)

*Nikkei (Japão) -0,81% (fechado)

*Petróleo brent -0,70%, a US$ 52,59 o barril

*Petróleo WTI -0,50%, a US$ 50,10 o barril

*Minério de ferro negociado com 62% de pureza no porto chinês de Qingdao -1,70%, a US$ 80,39 a tonelada

*Contratos futuros do minério de ferro negociados na bolsa chinesa de Dailian -2,82%, a 552 iuanes

Agenda de indicadores

Os destaques domésticos do dia são o IBC-Br (Índice de Atividade do Banco Central), que recuou 0,26% em janeiro ante estimativa de queda de 0,20%, e a taxa de desemprego medida pela Pnad Contínua, que sai às 9h. O resultado primário do setor público consolidado foi adiada para as 14h30 porque o presidente do BC, Ilan Goldfajn, e o ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, concederão uma entrevista coletiva sobre a alteração da TJLP às 11h.

Além disso, esta sexta-feira é dia de formação da taxa Ptax, o que deve adicionar mais volatilidade ao mercado de câmbio, que contará ainda com dois leilões de linha. Segundo comunicado do BC, haverá um leilão de compra das 15h15 às 15h20, com liquidação em 3 de maio, e outro das 15h35 às 15h40, com liquidação das operações de compra em 5 de julho. Já as operações de venda do BC serão liquidadas em 4 de abril.

Nos Estados Unidos, atenção para a inflação medida pelo PCE, que sai às 9h30, além do indicador de confiança do consumidor de Michigan, às 11h, e o de perfuração de poços, às 14h. Foco também no discurso do presidente do Fed de Minneapolis, Neel Kashkari, às 11h.

Mais cedo, saíram os dados do PIB do Reino Unido, da inflação ao consumidor medida pelo CPI da zona do euro e a taxa de desemprego da Alemanha. No domingo, às 22h45, será conhecido o PMI Industrial da China.

 

Agenda política

Nesta sexta-feira, às 11h, será divulgada uma pesquisa Ibope sobre a avaliação do governo federal e o grau de confiança no presidente Michel Temer. O levantamento foi encomendado pela CNI (Confederação Nacional da Indústria). O levantamento foi realizado entre 16 e 19 de março, com 2.000 pessoas em 126 municípios, Também vale ficar de olho nos sinais de desembarque do senador Renan Calheiros (PMDB-AL) do governo em meio à baixa popularidade de Temer em Alagoas e de olho em 2018 (veja mais clicando aqui). 

Ainda em destaque no radar político, o processo de cassação da chapa Dilma Rousseff-Michel Temer segue no radar. Segundo o Estadão, o Planalto avalia que o processo deve se estender além de 2018, ano em que o presidente conclui o mandato. Além disso, aponta a Folha, nomeado na quinta pelo presidente para o posto de ministro do Tribunal, o advogado Admar Gonzaga rechaça ter vínculo com o presidente, que poderá depender de seu voto para continuar no poder. 

Ainda nesta sexta, os movimentos sociais e as centrais sindicais voltam às ruas nesta sexta em todo o país para protestar contra a terceirização e as reformas trabalhista e da Previdência. Falando sobre a Previdência, o jornal Valor Econômico informa que o governo já ensaia um novo recuo na reforma ao considerar a possibilidade de permitir a acumulação de pensão com aposentadoria até um determinado valor, conforme foi proposto pelo PSDB.

Surpresa com TJLP e BC

O Conselho Monetário Nacional (CMN) decidiu reduzir a Taxa de Juro de Longo Prazo (TJLP) de 7,5% para 7% ao ano. A decisão foi tomada em reunião extraordinária realizada na quinta. O anúncio aconteceu de noite por meio do sistema de comunicação do Banco Central com o mercado financeiro, o BC Correio. 

Após a decisão extraordinária, as agendas dos três ministros que participam das decisões do Conselho foram alteradas para a inclusão da reunião.

Além disso, o Banco Central deixa expirar US$ 4,21 bilhões em swaps na definição da Ptax e faz leilões de linha de até US$ 2 bilhões.  Até o momento, como de praxe, o BC não anunciou oferta de swap cambial para rolagem neste último dia do mês.

Noticiário corporativo

Em destaque no noticiário corporativo, a Klabin indicou Cristiano Teixeira para diretor geral no lugar de Fabio Schvartsman, que assumiu a Vale. Já a Corte nos EUA rejeita queixa contra Odebrecht no caso Petrobras. O Valor, por sua vez, informa que o governo já tem MP para intervir na Oi por até 3 anos, enquanto a Folha destaca que a medida provisória deve ser último alerta para a companhia antes de intervenção. No radar de recomendações, a Vale foi elevada para market perform por BMO Capital Markets. Já a Cemig alterou data de divulgação do balanço do quarto trimestre para 7 de abril.

Por fim, o Valor informa que o empresário Eike Batista já começou a negociar um acordo de delação premiada com o Ministério Público Federal (MPF) no Rio de Janeiro. O ex-bilionário está preso preventivamente desde 30 de janeiro em Bangu 9, suspeito de pagar propina ao ex-governador Sérgio Cabral. O ex-diretor jurídico da EBX, Flávio Godinho, que era o braço direito de Eike, também iniciou tratativas para tentar uma colaboração. (Com Reuters, Bloomberg e Agência Estado)   

O Ibovespa Futuro é um bom termômetro de como será o pregão, mas nem sempre prevê adequadamente movimentos na Bolsa a partir do sino de abertura.

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