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Após um período considerável no qual o medo de juros altos predominou no mercado, a tendência parece ter mudado. Dados macroeconômicos mais fracos, agora, aparentemente deixaram de ser gatilhos positivos para os índices acionários tanto nos Estados Unidos quanto no Brasil.
Com o Federal Reserve (Fed) lutando contra a inflação durante praticamente todo o ano, até mês passado, números que mostrassem uma economia aquecida aumentavam o medo nos mercados de novas medidas monetárias mais restritivas.
Assim, dados fortes de emprego ou PIB alimentavam a preocupação com a inflação, cujo principal remédio de combate é o juro elevado – o que levava o investidor à renda fixa, em detrimento da renda variável.
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Mas o jogo, aparentemente, virou, às vésperas da última reunião do Fomc, em 2023, na próxima quarta-feira, quando deve confirmar a manutenção dos juros nos EUA e, quem sabe, deixar algum indicativo para corte, em 2024.
Semana passada, por exemplo, os números de encomendas às indústrias nos Estados Unidos, em outubro, tiveram recuo de 3,6% na base mensal, o que levou, segundo analistas, à queda dos índices tanto nos Estados Unidos quanto no Brasil.
Enquanto isso, na última sexta-feira (8), dados de emprego nos EUA vieram acima do esperado, animando as Bolsas. O payroll de novembro trouxe a criação de 199 mil vagas, acima das 180 mil esperadas pelo consenso Refinitiv.
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Como consequência, as Bolsas em NY subiram, na sessão pós payroll, com o S&P 500 atingindo maior patamar do ano e tendo melhor sequência positiva desde novembro de 2019.
Isso aconteceu mesmo após os rendimentos dos treasuries yields terem subido e com as menores apostas de que o Federal Reserve possa iniciar o seu ciclo de corte dos juros já em março.
Atividade econômica no radar
Tudo isso demonstra, conforme analistas, que dados econômicos muito fracos não são mais tanto, quanto antes, positivos para as bolsas.
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Ou seja, uma economia pouco aquecida, apesar de trazer uma menor inflação e sugerir um início da queda dos juros, sinaliza também que as empresas irão lucrar menos e, consequentemente, terem os seus valuations impactados.
“De certa forma o mercado trabalha sempre antecipando dados. Se tratando de Brasil, acabamos sendo dependentes do fluxo estrangeiro. O que a gente viu foram altas expressivas desde o final de outubro e agora o mercado já precificou o fim do aumento das taxas de juros. O que passa a ser monitorado é se o esfriamento econômico será suave ou se intensificará para uma recessão”, diz André Luiz Rocha, operador de renda variável da Manchester Investimentos.
Para ele, está claro que a situação econômica mundial está um pouco mais delicada. Fora isso, Rocha menciona que o impacto dos juros mais altos tende a, sempre, ter um atraso.
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“É possível que o mercado, nos próximos meses, perca um pouco a pujança até reprecificar o próximo cenário”, observa. “Na economia o reflexo das mudanças nas taxas de juros tem um delay. Da mesma forma como demorou para a alta das taxas serem sentidas, a mesma coisa acontecerá quando o ciclo de queda começar.”
Corte de juros
Gabriela Joubert, estrategista-chefe do Inter, corrobora com a opinião de que, agora, a discussão fica para quando o Federal Reserve irá passar a cortar juros.
“A gente está vendo um momento de calmaria após toda a euforia que tivemos em novembro. É natural, após uma alta significativa, haver uma acomodação, uma realização, com alguns colocando o lucro no bolso”, explica. “O sentimento não virou para o negativo, mas está em um momento de calmaria, até algo que possa confirmar o cenário que temos”, menciona.
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No Brasil, uma economia global mais fraca se faz sentir no Ibovespa – possivelmente até com mais peso, já que o país é altamente dependente da exportação das commodities.
Semana passada, o índice teve dois dias com quedas relevantes, prejudicado, principalmente, pela performance das companhias exportadoras desses produtos.
“O fraco desempenho das commodities e das bolsas americanas pesaram sobre o índice brasileiro, mesmo após dados que mostraram criação de emprego menor que o esperado em outubro – o que reforça a tese de corte nas taxas de juros americanas”, diz Alexsandro Nishimura, economista e sócio da Nomos.
“Além disso, inseguranças quanto ao desempenho da economia global trazem temores quanto à demanda por matérias-primas”, completa.
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