Com aposta em ativos baratos, Bogari Value supera Ibovespa desde 2006

Sócio fundador ressalta que não há melhor gestão de risco do que a obrigação de que equipe tenha capital alocado no fundo

Tainara Machado

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SÃO PAULO – Enquanto o Ibovespa acumulava até o dia 10 de dezembro de 2010 desempenho negativo de 0,4%, o Bogari Value FIA (Fundo de Investimentos em Ações) contrastava com avanço de 27,2%. O produto, que surgiu como um clube de investimentos há pouco mais de quatro anos e passou a fundo no segundo semestre de 2008, bateu em todos os anos de atuação o Ibovespa, mesmo quando o desempenho foi negativo, caso do fatídico ano de 2008. “Apesar de não termos como foco bater o índice todo o ano, isso tem acontecido”, indica Flávio Sznajder, sócio fundador da Bogari Capital.

A estratégia bem sucedida, segundo afirmou Sznajder em entrevista ao Portal InfoMoney, deve-se em grande parte ao objetivo estabelecido de comprar ativos baratos e com alta probabilidade de gerar mais caixa no futuro do que geram atualmente, o que em suma significa comprar ações cujo preço está abaixo de seu valor justo. 

“Temos muita disciplina, vendemos um ativo quando chega próximo ao que nós achamos que é o preço justo, quando há oportunidades melhores ou mesmo quando o caso de investimento não se verifica”, alerta Sznajder. O Bogari Value é também um produto de longo prazo, no mínimo cinco anos, na visão de Flávio Sznajder. 

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Produto para longo prazo
Com aplicação mínima de R$ 30 mil, o produto busca atingir investidores que queiram formar uma poupança com remuneração provavelmente diferenciada. “Acreditamos que nossa estratégia tem uma alta possibilidade de ter um bom retorno no longo prazo. Então, qualquer cliente que tenha dinheiro que não irá ser necessário num prazo de no mínimo cinco anos é um cliente adequado ao Bogari Value”, afirmou o sócio. 

Flávio Sznajder destaca dois pontos que, em sua visão, diferenciam a Bogari Capital de outras gestoras independentes de recursos. De um lado, está o fato de que parte do quadro da empresa passou por diferentes posições em empresas, o que permite percepção diferenciada em termos de entendimento das ferramentas de gestão adotadas por cada companhia e os prováveis resultados dessa estratégia.

Flávio Sznajder, por exemplo, foi membro do Comitê de Finanças da Telemar Participações e diretor de Investimentos da Andrade Gutierrez Telecomunicações, além de ser atualmente membro do Conselho de Administração da Contax Participações. O outro ponto diz respeito ao fato de que todos os gestores devem ter aplicado parte relevante de seus investimentos no Bogari Value. 

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A melhor gestão de risco
“A maior segurança que existe para o investidor é que o dinheiro de quem gere também esteja lá. Acho que não existe melhor gestão de risco”, afirma o sócio. E, já que o assunto é gestão de risco, Sznajder também acredita que, para o longo prazo, o risco é diferente daquele apresentado pela volatilidade: é mais um risco operacional. 

Isso porque os fundamentos da companhia podem se inverter, e ao invés de gerar mais caixa, a companhia poderá ter desempenho inferior, o que deve ser acompanhado por suas ações. “Queremos comprar ativos que tenham mérito e que possamos manter com segurança no longo prazo”, afirma.

Para a escolha desses ativos, o tamanho da companhia e o setor de atuação não são, definitivamente, fatores restritivos. Além da preocupação com a liquidez dos ativos em carteira, não há outras limitações na seleção de ativos. “Achamos que todo ativo com o devido desconto pode ter seu mérito como investimento”, afirmou Flávio Sznajder, ponderando ainda que pontos de restrição do universo de empresas têm como consequência apenas tornar a vida do gestor mais difícil desnecessariamente.

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A Bogari Capital procura ainda uma diversificação “adequada” da carteira de investimentos, o que não significa que há um número máximo ou mínimo de companhias no portfólio. No entanto, a gestora não aporta mais do que 10% do capital em um único ativo e só deixa que as ações valorizem-se até um teto de 15% de participação no portfólio. “Como queremos fazer um bom veículo de investimento com prazos muito longos, de 20 a 30 anos, ganhar um pouco a mais de dinheiro com concentração no longo prazo não vale a pena”, pontua o sócio. 

Ajuda ou atrapalha?
Se o objetivo é comprar empresas baratas que se valorizem num longo período de tempo, o mercado instável do momento contribui ou atrapalha? “A volatilidade é boa, justamente porque permite comprar barato e vender caro, mas deve-se tomar cuidado para não perder a mão”, ressalta Sznajder, que acredita também que é nos momentos de mercado difícil que o bom gestor faz a diferença. 

Flávio Sznajder equilibra sua visão entre dois pontos: de um lado, os momentos de mercado ruim exigem cautela para não incitar compras na hora errada. Mas também quando o mercado está caro é necessário ter um pouco mais de caixa para aproveitar uma possível realização. Até o presente momento, a gestora tem acertado, aparentemente, em suas escolhas, mas é o próprio Sznajder quem mostra ponderação.

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“Alertamos sempre sobre aquilo que está exposto na regulamentação: rentabilidade passada não é garantia de rentabilidade futura”. Em sua opinião, o Bogari Value continuará a apresentar desempenho superior à média, mas não é possível esperar ganhos tão marcantes quanto o dos últimos quatro anos, em sua opinião. Desde a criação do Bogari Value, em novembro de 2006, ainda como clube, o produto registrou valorização de 912,6% no acumulado até o final do mês de outubro deste ano, enquanto no mesmo período o Ibovespa subiu “apenas” 77%. 

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