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Pouco está sendo noticiado na mídia sobre o fenômeno La Niña. Talvez pelo fato de que a intensidade prevista não seja tão grave, os institutos meteorológicos preferem manter certa cautela a criar muito ruído por algo ainda incerto.
Mas como o papel do meteorologista é tão difícil quanto o do economista, fazer previsões para o clima para dois meses à frente é tão difícil quanto acertar com precisão a taxa de câmbio. Por isso, às vezes recorrem-se a cenàrios, atribuindo certa probabilidade de ocorrência a cada um.
Assim, digamos que o cenário seja de que a intensidade do La Niña seja mais forte do que o previsto pelos institutos meteorologistas. Quais serão os possíveis impactos para o agronegócio?
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Primeiro, deve-se destacar que em anos de La Niña, o clima tende a ficar mais seco nas regiões Sudeste e Sul, e em contrapartida, mais chuvoso no Nordeste. Se houver poucas chuvas ao longo dos meses de setembro de 2010 a janeiro de 2011, então haverá menos água bem no período de plantio e desenvolvimento de culturas como soja e milho. Consequentemente, a safra 2010/11 de grãos seria menor do que a safra de 2009/10, e sob a perspectiva de uma demanda crescente, os preços poderiam subir.
Mas não somente as safras de grãos seriam afetadas. A falta de chuvas poderia também prejudicar o desenvolvimento dos pastos na região Sudeste, reduzindo as pastagens disponíveis para as vacas leiteiras. Menor alimentação implica menor produtividade e produção. Logo, a depender do comportamento por produtos de leite e seus derivados, também haveria possibilidade de alta de seus preços.
Entretanto, a elevação de preços agrícolas é apenas um cenário provável, e dependerá muito de como evoluirá ao longo dos próximos meses o fenômeno La Niña. Cabe a cada um acompanhar a formação do fenômeno, e atribuir a devida probabilidade de que o cenário altista ocorra.
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Chau Kuo Hue é economista e escreve mensalmente na InfoMoney.
chau.hue@infomoney.com.br
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