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Se as expectativas já eram positivas para o resultado da Cielo (CIEL3) do segundo trimestre de 2022 (2T22), os números divulgados ontem à noite superaram e muito o que já era projetado, inclusive levando a revisões para cima de projeções. Com isso, os ativos CIEL3 subiram 9,73%, a R$ 4,85, na sessão, acumulando assim alta de 114% no ano.
Por outro lado, os investidores devem monitorar a sucessão ao cargo de CEO: nesta manhã, a companhia informou que Gustavo Sousa, no cargo desde maio de 2021, deixará a presidência. Renata Daltro assume interinamente. “O próximo ciclo de gestão da Cielo terá ênfase em transformação digital, expansão das linhas de negócios e continuidade de crescimento de market share com maior rentabilidade”, disse a empresa.
Em teleconferência com jornalistas, Filipe Augusto dos Santos Oliveira, CFO da Cielo, disse que a transição da liderança não interfere na companhia e que ela se dá após o Sousa ter “cumprido sua missão”.
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“Hoje temos diferencial competitivo de gastos, conseguiríamos até mesmo suportar uma guerra de preços”, comentou Oliveira. “A Cielo foi o primeiro player a fazer uma limpa dos seus clientes e temos visto que isso refletiu na concorrência. A gente viu uma melhora na dinâmica de precificação. Em 2019, o ambiente era muito mais agressivo. Fizemos boa parte das mudanças nessa frente, mas pretendemos ainda fazer alguns testes com preços, principalmente no que tange as grandes contas”.
Apesar de quase consolidada, a Cielo afirmou que pretende ainda realizar alguns estudos na frente de reprecificações no segundo trimestre, “testando os clientes e também de olho na concorrência”.
Segundo o executivo, a Cielo dará continuidade ao que foi – e está – sendo feito. o modelo operacional, de acordo com Oliveira, “está praticamente consolidado”.
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A empresa agora deve buscar no mercado nomes aptos para ocuparem o cargo e que consigam e ajudar a companhia em suas novas iniciativas .
“Queremos ir além das soluções de pagamento, oferecendo novos serviços, ajudando o cliente na sua operação, e também ser um hub de contratação de serviços financeiros”, explicou Sousa. “A partir de 2023 entramos em uma nova fase, queremos focar em ser o centro de um sistema e também o melhor provedor para pequenas e medias empresas”.
Entre os projetos em que a companhia trabalha está, por exemplo, o Cielo + WhatsApp, ainda incipiente. “Quanto aos produtos bancários, entendemos que desenvolver internamente é algo mais complicado do que parece. Temos como estratégia fazer a distribuição de produtos de terceiros, forçando parcerias com quem já sabe fazer melhor. Estamos conversando com os players“, contextualizou o CFO.
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Mudança do CEO é vista com cautela, mas resultados agradam
“Na teleconferência, a Cielo indicou que aumentou mais preços em agosto e que estudam aumentar mais em Grandes Contas. Isso dá mais confiança na sustentabilidade do bom momento de resultados na Cielo Brasil”, comenta Pedro Gonzaga, sócio da Mantaro Capital.
Quanto à saída do CEO, Gonzaga afirma que ela foi levemente negativa, uma vez que Sousa foi “um agente importante no turnaround da Cielo”. “Preferíamos que tivesse ficado e, para a substituição, vemos algum executivo do setor financeiro. Não nos surpreenderíamos também se a Renata ficasse de maneira definitiva”, pontuou Gonzaga.
Com relação aos resultados, o lucro líquido consolidado recorrente da Cielo, de R$ 383 milhões, representou um avanço de 112% na base anual, ficando 45% acima do esperado pelo consenso de mercado, 26% acima da projeção do Itaú BBA, 42% acima do JPMorgan e 37% acima do esperado pelo Goldman Sachs.
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A margem líquida subiu para 15,1%, de 6,7% no 1T22 e 6,4% no 2T22, o maior nível desde o 2T19. Além disso, os resultados também foram beneficiados por uma taxa de imposto inferior ao esperado de 20,5% versus estimativas do Goldman de 29,5%.
“A forte alta nos lucros foi impulsionada por volumes acima do esperado tanto na Cielo Brasil (alta de 34% na base anual) quanto na Cateno (avanço de 23% na comparação ano a ano), bem como um bom controle de custos”, avaliam os analistas do Goldman.
“”O gigante decola novamente”, escreveram os analistas do Itaú BBA em relatório avaliando como “muito positivo” o resultado da companhia, que superou projeções no mercado. Os bons resultados vieram de todos os lados, impulsionados por uma recuperação de participação de mercado com maior rentabilidade”, reforçaram.
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Os analistas apontam que a recente atualização das ações para outperform (desempenho acima da média do mercado), no mês passado, foi impulsionada pela mudança para cima nas estimativas de lucro líquido de R$ 1,2 bilhão e R$ 1,4 bilhão esperados para 2022 e 2023, que agora parecem conservadoras, o que pode levar a uma nova revisão de projeções.
O JPMorgan ressalta que o trimestre foi impactado por ganhos pontuais de R$ 282 milhões, referentes a: i) venda da empresa Merchant E-Solutions, que por muito tempo gerava prejuízo. Assim, sem ser em termos recorrentes, o lucro líquido foi de R$ 635,3 milhões, uma alta de 252% em relação a igual período de 2021. A Cielo também ajustou seu lucro para: i) impairment de software (-R$ 27 milhões); e ii) reestruturação logística (-R$ 4 milhões).
“Mas, independentemente de ajustar os números ou não, ainda vemos muito tendências operacionais sólidas”, avaliam os analistas. Especificamente, o TPV (volume total de pagamentos) cresceu 34% ano a ano e impulsionou as receitas até cerca de 30% no mesmo período, excluindo subsidiárias.
Os resultados de pré-pagamento aumentaram 145% ano a ano, atingindo aproximadamente R$ 230 milhões, com impressionantes 65% do volume de crédito pré-pago no segmento de varejo e SMB (pequenos e médios negócios). A Cateno, joint-venture entre o Banco do Brasil (BBAS3) e a Cielo para atuar na gestão de contas de pagamentos, continua com crescimento robusto tanto em TPV quanto em receitas, apontam.
Do lado do custo, o opex encolheu cerca de 25%, por conta da venda de subsidiárias e apoiou as margens consolidadas de volta para 34%, alta de 840 pontos-base na comparação trimestral. “Vemos potencial positivo tanto para nossas projeções quanto para o consenso”, avaliaram os analistas do JP que, em maio, elevou a recomendação para os ativos para compra depois de anos de recomendações entre neutra e de venda.
A Genial Investimentos apontou que, com a concorrência tendo problemas na concessão de crédito e como se não bastasse sendo pressionada com custo de financiamento subindo exponencialmente por conta da alta da Selic, a competição da Cielo diminuiu, mesmo que temporariamente.
Dentro de casa, aponta a Genial, a companhia fez a lição para destravar valor, se desfazendo de ativos que não contribuíam para o resultado, como a MerchantE, mantendo despesas sobre controle e reprecificando seus produtos, justificando a forte alta de sua ação no ano.
“Nesse ambiente de paz transitória, a Cielo teve espaço para recompor preço e ganhar volume, entregando um bom desempenho (…). O robusto avanço de lucro foi fruto de uma boa recuperação dos volumes, reprecificação (melhora do yield), expansão das receitas de antecipação de recebíveis, bom desempenho da Cateno e controle de custos”, avaliam os analistas da casa.
O Citi destacou os números fortes da companhia, que devem levar a uma revisão para cima nas projeções da empresa. Contudo, segue neutro com os ativos e preço-alvo de R$ 4, destacando o cenário competitivo ainda desafiador no médio prazo para a companhia.
Analistas do BTG Pactual, por sua vez, consideraram “excelentes” os números da Cielo e elevaram a recomendação das ações para ‘compra’, bem como o preço-alvo do papel de R$ 5 para R$ 6 e as estimativas para o lucro da empresa em 2022 e 2023. Os analistas elevaram em 16% a projeção para o lucro da Cielo neste ano, para R$ 1,3 bilhão, e em 20% o resultado de 2023, para R$ 1,6 bilhão, ponderando que pode ser uma estimativa conservadora.
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