Cielo (CIEL3): Natural que pressão da inflação chegue para qualquer empresa, diz CEO

Aumento de volume de transações e redução de custos foram destaques no balanço trimestral; mesmo assim, as ações da empresa recuam nos negócios de hoje

Mitchel Diniz

(Divulgação/Cielo)
(Divulgação/Cielo)

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A alta dos preços tem efeito ambíguo sobre as operações da Cielo(CIEL3). De um lado, com os bens comercializados ficando mais caros, os volumes processados pelos terminais da empresa também tendem a aumentar. No primeiro trimestre, esse volume financeiro cresceu 23,9%. “Mas é natural que a pressão da inflação chegue a qualquer empresa”, afirmou Gustavo Sousa, CEO da da Cielo, em entrevista coletiva após a divulgação do balanço trimestral da empresa.

A redução de custos chamou atenção nos resultados do primeiro trimestre da Cielo. Os gastos totais recuaram 3,4% de um ano para o outro. Sousa observa que a redução de despesas aconteceu mesmo em um período de aumento dos investimentos. “Fazemos um questionamento diário de todo e qualquer gasto. É uma batalha diária questionar o que tem de pressão de inflação e eficiência”, afirma Sousa.

Do lado da adquirência, a base de terminais instalados da companhia sofreu uma redução, para 17,4%, nos três primeiros meses do ano. Temos contração da base de clientes porque não estamos subsidiando equipamentos para empreendedores. Com o subsídio, para nós, a conta já não fecha”, afirmou Sousa, explicando que a Cielo não tem feito como suas concorrentes.

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Por outro lado, Filipe Oliveira, CFO da companhia, destaca que a empresa tem sido mais eficiente em trazer clientes mais rentáveis. “Vamos continuar focando em capturar clientes com margens adequadas”, afirmou. A empresa também tem foco em diversificar receitas, com produtos de prazo.

Gustavo Sousa também explicou que a empresa começou a fazer um movimento gradual de elevação de taxas em janeiro deste ano. Segundo ele, o quarto trimestre foi “preservado” dos reajustes para não prejudicar a competitividade dos clientes, por ser um período de datas importantes como a Black Friday e o Natal.

“A Cielo tem o compromisso de manter preço competitivo e adequado para os clientes. Estamos vendo um movimento racional de reposicionamento de preço, levando em conta o aumento da Selic, e vamos acompanhar o que for movimento do mercado”, afirmou Sousa.

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Ainda na coletiva sobre os resultados da empresa, o CEO também explicou que a Cielo adotou uma postura de antecipar movimentos, diante dos problemas na cadeia de fornecimento. “A Cielo já vinha com uma estratégia mais conservadora de direcionamento de terminais desde a pandemia”, explica.

Essa estratégia inclui a compra antecipada dos equipamentos, um aumento do leque de fornecedores e baixa exposição de subsídio aos terminais.

O CEO disse ainda que a Cielo dispõe de um “bom estoque” de equipamentos, que pode suprir eventuais necessidades. “Não vejo risco de fornecimento de terminais para a Cielo”, concluiu.

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Repercussão do balanço

O UBS-BB destacou a redução de custos e receitas da Cateno (negócio de gestão de cartões da Cielo) nos resultados do primeiro trimestre. O lucro líquido recorrente da companhia no primeiro trimestre (R$ 185 milhões) ficou 13% acima da estimativa do banco. Os analistas também destacaram o aumento no volume total de pagamentos e as receitas líquidas da Cateno, que ficaram 4% acima do esperado. Por outro lado, os destaques negativos foram as maiores despesas financeiras, a contração na base ativa de terminais e receitas mais baixas de outras subsidiárias da companhia.

O banco tem classificação neutra para CIEL3, com preço-alvo de R$ 2,80, abaixo do valor pelo qual a ação é negociada hoje e um valor 18% menor em relação ao fechamento da véspera, de R$ 3,42.

O Credit Suisse observa que o Ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciações e amortizações) da companhia no primeiro trimestre superou o consenso em 6% devido ao bom controle de custos. A margem Ebitda (Ebitda sobre receita líquida) recorrente aumentou para 25,8%, de 24,8% no quarto trimestre de 2021. O banco manteve classificação neutra para o papel e preço-alvo de R$ 2,50 (projeção de baixa de 27%).

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O Itaú BBA avalia que a piora em termos de rentabilidade da companhia já passou, indicando um um segundo trimestre mais forte pela frente. A casa mantém avaliação market perform (desempenho em linha com a média do mercado) e preço-alvo de R$ 5,20 para CIEL3 (projeção de avanço de 52%).

Ainda que os resultados tenham sido bem vistos pelos analistas, os papéis da empresa recuaram em boa parte do dia, mas fecharam no zero, a R$ 3,42, em meio à melhora do humor do mercado na reta final.

Os papéis da Cielo acumulam alta de 50% em 2022 e é ação do Ibovespa que mais se valorizou no período.

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Mitchel Diniz

Repórter de Mercados