Cielo (CIEL3): com ações em alta de 150% em 2022, o que esperar dos resultados do 3º tri?

Operadora de máquinas de cartão vai divulgar seus resultados do terceiro trimestre nesta segunda-feira (31), após fechamento dos mercados

Felipe Moreira

(Divulgação/Cielo)

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A Cielo (CIEL3) dará início à temporada de resultados para as companhias adquirentes nesta segunda-feira (31), após fechamento dos mercados, com “expectativa de bons resultados para todos os players, beneficiados por um crescimento significativo nas taxas de adesão, enquanto o volume total de pagamentos (TPV, na sigla em inglês) provavelmente terá um crescimento pouco expressivo”, diz Itaú BBA, em relatório. O JPMorgan também espera desaceleração significativa do TPV da indústria como resultado do menor apetite de crédito dos bancos e da deflação do IPCA.

O Safra, por sua vez, espera uma nova melhora para os resultados da Cielo em suas duas divisões: Cielo Brasil (com melhora do MDR, ou a taxa cobrada dos lojistas pelas maquininhas) e Cateno (com bons volumes transacionados). “Além disso, projetamos o crescimento de lucro líquido para a Cielo de 8% na comparação anual”, ressalta.

Vale lembrar que a Cielo se destaca como o melhor desempenho da Bolsa brasileira no acumulado do ano, com um aumento de quase 153% até o fechamento de sexta. Enquanto isso, os adquirentes PagSeguro e Stone caem, respectivamente, 39 e 48% no acumulado do ano, impactados por taxas mais altas e rotação global em nomes de crescimento.

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Durante anos, a concorrência no mercado de adquirência no Brasil impactou a posição dominante da Cielo na indústria e a empresa viu sua participação de mercado passar de cerca de 54% para 26% nos últimos cinco anos. Além disso, as margens estavam sob pressão em uma combinação de pressão de preços e maiores investimentos.

“Os números operacionais trimestrais recentes, no entanto, indicam estabilização da participação de mercado, capacidade de repassar aumentos de preços no pré-pagamento e custos. Somando isso ao fim do ciclo de alta da Selic, chegamos a uma ótima perspectiva para a Cielo”, comentaram analistas do JPMorgan.

Analistas também apontam que só a participação da Cielo na Cateno pode valer cerca de R$ 9-12 bilhões, assumindo múltiplos de 15-20 vezes o preço sobre o lucro (P/L). Com a venda da geradora de prejuízos Merchant-e Solutions, enxergam menos risco de que a lucratividade Cateno continue sendo diluída por outras subsidiárias da empresa.

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Em termos de avaliação, Cielo, PagSeguro e Stone estão sendo negociados com descontos significativos de 15%, 64% e 79% para suas médias históricas em 10,6 vezes, 12,7 vezes e 25,8 vezes o múltiplo de P/L projetado em 12 meses, respectivamente. Ainda assim, Goldman Sachs continua cauteloso com os nomes de pagamento, dado pressões competitivas e potencial compressão de margem no longo prazo.

Números projetados para a Cielo

A Genial Investimentos espera uma receita crescente na unidade Cielo Brasil, mas de forma mais gradual, refletindo possíveis impactos da redução proporcionada pela deflação no terceiro (1,32%) que levará a um TPV um pouco mais fraco. A casa de análise espera um avanço no TPV de 3,0% na base trimestral, em comparação a um crescimento de 11,4% no 2T22 frente os primeiros três meses do ano.

No consolidado, espera uma queda de receita ano a ano devido à saída da Merchant-e Solutions no 2T22. “Como essa unidade rodava com prejuízo, do ponto de vista de rentabilidade a saída da mesma deve contribuir para o lucro da Cielo.”

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O Goldman Sachs prevê que a Cielo apresente resultados relativamente melhores, com maior margem líquida em 14,1% e retorno sobre patrimônio líquido (ROE, na sigla em inglês) em 13,8%.

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Analistas do banco americano projetam um crescimento do TPV Cielo de 21% contra 34% no 2T22, enquanto PagSeguro desacelera para 38% de 58% e Stone para 27% de 50%, respectivamente, o implica que na perda de 60 pontos-base de market share (participação de mercado) da Cielo no trimestre, enquanto o PagSeguro ganha 40bps e Stone mais 60bps.

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O lucro recorrente deve cair 4% no trimestre (+73% na base anual), impactado negativamente por uma alíquota de imposto mais normalizada de 26,6% no 3T22, contra um baixo 20,5% no 2T22. Lucro antes de impostos deve crescer 2% na comparação trimestral e 54% na comparação anual, impactado principalmente por menores despesas. Ainda assim, o Ebitda deve ser pressionado por maiores despesas.

Além disso, espera um tímido crescimento da receita de 2% na base trimestral (-14% na base anual, também vendo impacto da venda do MerchantE) sustentado por crescimento na Cateno (+6% no trimestre, +19% no ano), enquanto o crescimento da Cielo Brasil deve ser moderado devido a menores volumes de pagamentos no trimestre (-2% no trimestre e 21% no ano, para R$ 217 bilhões).

Recomendações divergentes para Cielo

JPMorgan tem classificação overweight (equivalente à compra) para Cielo e tem preço-alvo de R$ 8, o que significa um potencial de valorização de 41,8% frente a cotação de sexta-feira (28) de R$ 5,64.

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Já a Genial Investimentos recomenda manter os papéis da empresa e tem preço-alvo de R$ 6,22, um potencial de valorização de 8,36% frente a cotação da véspera de R$ 5,64.

Enquanto isso, Goldman Sachs reitera recomendação de venda para Cielo e preço-alvo de R$ 4,80, o que significa um potencial de desvalorização de 14,9% frente a cotação de sexta. Para o banco, os principais motores para uma possível alta dos papéis da Cielo incluem benefícios potenciais da parceria com o WhatsApp que podem levar a volumes mais fortes, redução de custos e ganhos contínuos de participação de mercado.

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