Cielo (CIEL3): analistas seguem cautelosos com volumes fracos e regulatório incerto

Analistas do Itaú BBA e da Genial Investimentos mantiveram recomendação neutra para os ativos após balanço

Lara Rizério Camille Bocanegra

(Divulgação/Cielo)

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A Cielo (CIEL3) divulgou na noite da última terça-feira (31) os resultados do terceiro trimestre de 2023 (3T23), com lucro líquido recorrente de R$ 457 milhões, avanço de 8% sobre o resultado reportado no mesmo período do ano passado. No geral, os números foram considerados em linha com o esperado, refletindo a esperada deterioração de volumes e rentabilidade.

As ações registram ganhos no início da sessão, com alta de 2,27%, a R$ 3,60, às 11h (horário de Brasília) desta quarta (1), com a visão de resultados já precificados em meio a forte queda dos ativos CIEL3 no ano, mas com pouco otimismo dos analistas para os próximos balanços. Durante a teleconferência, os papéis desaceleraram e operam com leve alta de 0,57%, a R$ 3,55, às 12h23.

O Itaú BBA aponta que o lucro líquido de R$ 457 milhões, contra a sua projeção de R$ 440 milhões, foi um pouco acima do esperado por conta do operacional e tributário. O volume total de pagamentos (TPV, na sigla em inglês) diminuiu 11% na base anual, devido a perdas acumuladas em participação de mercado.

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Já os yields caíram em relação ao pico do último trimestre, para 0,79%, após mudanças no mix da base de clientes. “A penetração do pré-pagamento também foi morna, ligeiramente inferior ao último trimestre, em 26%”, avaliam os analistas, enquanto o crescimento dos custos e despesas ultrapassou o crescimento das receitas e a margem Ebitda (Ebitda = lucro antes de juros, impostos, depreciações e amortizações, na sigla em inglês, sobre receita) diminuiu ligeiramente.

Os volumes da Cateno cresceram 4% em relação ao trimestre anterior, mas margens mais baixas geraram resultados estáveis.

“O lado bom é que, apesar de um trimestre fraco, o preço das ações já incorporou as expectativas”, avalia o BBA o que, em parte justifica a alta das ações. No ano, as ações caem 28% e, para o BBA, o valuation parece justo, com a ação negociada a 6 vezes o preço sobre lucro esperado para 2024, devendo permanecer perto desses níveis.

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O BBA possui recomendação marketperform (desempenho em linha com a média do mercado, equivalente à neutra) para CIEL3, com preço-alvo de R$ 3,90, ou potencial de valorização de 10,7% frene o fechamento da véspera.

” Continuamos cautelosos no setor de adquirência, dado o ambiente competitivo mais acirrado e os possíveis impactos das mudanças regulatórias”, aponta a equipe de análise.

A Genial tem a mesma recomendação e preço-alvo para os ativos CIEL3.

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Os analistas da casa reforçam que o  resultado está alinhado com as suas projeções e as expectativas do mercado. No entanto, embora o lucro tenha aumentado moderadamente em termos anuais, as tendências apontam para um ambiente mais desafiador e menos previsível.

“A rápida deterioração dos volumes de transações foi significativamente mais acentuada do que o previsto nesse ano de 2023. Além disso, o cenário pode se tornar ainda mais difícil devido ao potencial aumento da concorrência no segmento de pequenas e médias empresas (PME), que ainda é lucrativo, e à possível decisão do governo de impor limites nas taxas de juros no crédito rotativo do cartão”, aponta a Genial.

Isso pode ter efeitos prejudiciais para as empresas adquirentes, levando a uma redução no número de parcelas no produto parcelado sem juros e ao aumento das taxas de intercâmbio para os bancos emissores. Essas mudanças podem resultar em uma diminuição no volume de vendas no varejo e pressionar as margens líquidas das empresas de adquirência.

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A Genial tem preocupação com a acentuada queda no volume financeiro transacionado (-10,8% na base anual) e a redução no número de clientes (-15,9% frente o 3T22), resultando em mais um período de perda de participação de mercado. “Além disso, o yield da receita apresentou uma queda de 0,04 p.p. trimestre a trimestre, podendo mostrar mais reduções à frente devido à renovação da base de clientes e a um possível aumento da competitividade em seu segmento de foco de PME.

Para os analistas, embora as ações sejam negociadas a múltiplos atrativos, não veem razões para uma possível valorização das ações no curto prazo, dadas as atuais dificuldades no crescimento dos volumes e do yield e incertezas regulatórias.

A Guide Investimentos também prega cautela: “acreditamos que dado os desafios do setor (desaceleração do TPV da indústria, acirramento de concorrência impactando margens, avanço do Pix e discussões tributárias), existem opções de menor risco no setor financeiro e com melhor momento para se investir atualmente, como BTG Pactual (BPAC11), Banco do Brasil (BBAS3), Banco ABC (ABCB4), BB Seguridade (BBSE3) e Itaú (ITUB4)”.

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Visão da teleconferência

Na teleconferência para comentar os resultados na tarde desta quarta-feira (1), o CEO da companhia, Estanislau Bassols, reforçou que o destaque do trimestre foi a redução de gastos normalizados. O resultado veio de estratégia para busca de eficiência. Nessa frente, o CEO destacou que a companhia conta com mais de 200 iniciativas em fase de implementação, como a Cielo Tap (solução que permite uso de celular como máquina de cartão).

Os principais investimentos da companhia tem sido em tecnologia e digitalização de operações, com a finalidade de reduzir custos das operações.

“Ainda não estamos 100% completos nas melhorias das operações e estamos com investimentos pesados nisso”, destacou Filipe Oliveira, CFO da Cielo.

Sobre o serviço de pix oferecido e ampliado pela Cielo, o CEO destacou que clientes têm buscado mais segurança e conciliação com diversos canais. “Não cobramos pelo pix, cobramos pelos serviços para aumentar a segurança e o cliente enxerga valor”, afirmou Bassols. 

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Lara Rizério

Editora de mercados do InfoMoney, cobre temas que vão desde o mercado de ações ao ambiente econômico nacional e internacional, além de ficar bem de olho nos desdobramentos políticos e em seus efeitos para os investidores.