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SÃO PAULO – O risco iminente de ver a maior linha de transmissão em construção no País atrasar e comprometer a entrega de energia da hidrelétrica de Belo Monte levou os donos da obra a buscarem uma alternativa radical: expulsar a chinesa Sepco do projeto, empresa que está com seus cronogramas inviabilizados.
A um ano do prazo assumido para entregar os 2,1 mil quilômetros da linha de transmissão que vai levar energia de Belo Monte (PA) até Ibiraci (MG), onde será distribuída para a região Sudeste, a concessionária Belo Monte Transmissora de Energia (BMTE) decidiu buscar outras empreiteiras que já atuam em lotes da malha, com o propósito de que essas assumam 780 quilômetros atrasados.
O assunto preocupa o Ministério de Minas e Energia. O jornal O Estado de S. Paulo apurou que a pasta tem realizado reuniões quinzenais com diretores da BMTE para tentar resolver o atraso da linha de R$ 4,5 bilhões. A concessionária já multou a Sepco em R$ 8 milhões e ordenou que a empresa busque terceiros para tapar os buracos na obra, mas, na prática, as coisas não avançaram. Nenhuma das empresas comenta o assunto.
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A BMTE, que tem 49% de suas ações nas mãos da Eletrobrás e outros 51% sob controle da chinesa State Grid, tem garantido ao governo e à Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) que o linhão de Belo Monte não vai atrasar e que estará em operação fevereiro de 2018.
A linha está dividia em oito lotes de 260 km cada um. Cinco deles estão em dia, com execuções acima de 50%, mas, nas obras da empreiteira chinesa, há lotes com pouco mais de 20% de execução. Das 1.508 torres que a empresa tem de erguer, um terço foi entregue.
Depois de avaliar a situação do projeto, a Aneel deixou claro que não houve problemas no licenciamento ambiental da obra, o qual costuma ser apresentado como principal causador de atrasos em obras de transmissão. As complicações com a Sepco, portanto, são um problema empresarial e de responsabilidade da BMTE.
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Esse não é o único drama enfrentado pelo governo para distribuir a energia de Belo Monte. Um segundo empreendimento de transmissão, batizado de “linhão pré-Belo Monte”, deveria estar em operação desde fevereiro de 2016, mas não tem sequer data para ser entregue. As obras da espanhola Abengoa, orçadas em R$ 1,3 bilhão, foram largadas pelo caminho, depois que a empresa quebrou.
Por conta das restrições de transmissão, Belo Monte tem utilizado linhas regionais de menor capacidade de transmissão para chegar à rede do Sistema Interligado Nacional, que conecta os Estados do País. Essa transmissão, porém, tem limites, por conta de restrições técnicas e capacidade limitada de escoamento de energia.
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