Marfrig (MRFG3), JBS (JBSS3) e Minerva (BEEF3) fecham com alta “modesta” após mercado ponderar impacto da peste suína na China

China relatou alguns casos após o feriado do Ano Novo Chinês em janeiro, enquanto analistas apontam possíveis consequências para frigoríficos

Felipe Moreira

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As ações de frigoríficos brasileiros tiveram uma sessão de alta nesta quinta-feira (16) em meio a relatos de caos de peste suína na China, o que pode aumentar a demanda para os produtos brasileiros. Contudo, as ações amenizaram bem os ganhos, com as avaliações de diversos analistas de que ainda é cedo para ver a notícia como muito impactante para o setor.

As ações da Marfrig (MRFG3) fecharam a sessão com alta de 3,35% (R$ 7,10) após chegarem a subir 11,06% na máxima do dia; JBS (JBSS3) avançou 3,79% (R$ 19,98) depois de subir até 8,78%. Minerva (BEEF3) fechou com alta de 2,16% (R$ 11,33) após disparar 8,66%; já a BRF (BRFS3) fechou estável depois de chegar a avançar até 8,22%

A Reuters informou na última quarta-feira (15) que a China relatou alguns casos da chamada peste suína africana (PSA) após o feriado do Ano Novo Chinês em janeiro.

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“A doença, conhecida por extinguir aproximadamente 30% da produção de carne suína na China durante o último surto entre os anos de 2019 e 2020, tem uma alta taxa de mortalidade e foi um dos eventos mais transformadores no comércio global de proteínas na história recente”, comentou Itaú BBA, em relatório.

Analistas lembraram que a China levou cerca de quatro anos para recuperar sua produção de carne suína aos níveis pré-PSA. A produção de carne de porco no país caiu 11 milhões de toneladas em 2019 e 6 milhões de toneladas em 2020, voltando a seu nível de produção pré-PSA apenas em 2022, mas os preços da proteína na região permaneceram altos ao longo o período de recuperação.

Apesar do histórico preocupante, o BBA acredita que é muito cedo para assumir que haverá consequências semelhantes às da pandemia de PSA de 2019. Isso porque, segundo o banco, o fluxo restrito de notícias atual pode indicar que este é um surto controlado e, portanto, pode ser muito cedo para assumir que o impacto será semelhante em magnitude à crise anterior em termos de mortalidade e inflação de preços de proteínas.

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Além disso, a reportagem da Reuters também destacou que a doença pode afetar até 10% da produção de carne suína chinesa, contra uma queda de 30% na produção de carne suína entre 2018 e 2020. Embora pareça justo supor que este será um tema quente de discussão entre os investidores, se confirmado, o banco disse ter motivos para acreditar que os impactos serão mais brandos do que durante o último surto de PSA no país, e não prevê grandes mudanças para as empresas de proteína sob sua cobertura por enquanto.

Outro ponto apontando pelo BBA é elevação dos padrões sanitários chineses para o processo de produção desde a última pandemia, mitigando parte do potencial impacto na produção no país.

Durante a última pandemia, a produção chinesa de carne suína concentrava-se principalmente em fazendas de pequena escala operadas por famílias. No entanto, a consolidação em direção a menos participantes maiores acelerou significativamente após a crise da PSA. Além disso, dados os altos custos associados a regulamentações e biossegurança, juntamente com as notáveis ​​vantagens de escala do setor, o mercado tende naturalmente a evoluir para menos, players maiores.

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Em caso de uma intensificação do surto, o BBA disse preferir mais uma vez exposição por meio de exportadores de carne bovina, em vez de carne suína ou de aves. Dessa forma, mantém a preferência pela JBS e Minerva ante outros nomes, já que essas empresas ainda estão sendo negociadas com uma avaliação atraente.

Na mesma linha do BBA, o Bradesco BBI apontou, após a abertura em forte alta dos ativos das empresas de proteínas brasileiras, ainda é muito cedo para dizer que a PSA terá um impacto significativo nas teses do setor.

“Em 2019, fomos os primeiros a anunciar que a PSA iria atrapalhar o mercado global de proteínas, uma vez que vimos o número de rebanhos suínos em rápido declínio na China devido à peste. Com a PSA, os estoques do setor subiram naquele ano na expectativa de maiores importações de carne da China, o que de fato aconteceu”, afirmam os analistas do BBI.

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Porém, em 2020, 2021 e 2022, os analistas do banco apontam que houve muitos artigos na mídia apontando para novos casos de PSA na China, o que é razoavelmente normal, especialmente durante esta época do ano (inverno por lá).

“Mas sinalizamos que essas situações eram muito diferentes de 2018-19. Isso porque, diferentemente de 2018-2019, o rebanho suíno da China não apresentou sinais relevantes de redução nos últimos três anos, o que geralmente acontece quando os produtores estão enfrentando surto da doença e precisam liquidar seu rebanho”, avaliam. Este pode ser o caso também.

Assim, os analistas avaliam monitorar cuidadosamente os próximos dados do rebanho suíno da China para entender melhor a relevância desses casos, mas os dados mais recentes de janeiro mostram que o rebanho suíno do país permanece elevado e, portanto, não indica nenhum impacto relevante da PSA.

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