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O Ibovespa não sabe o que é subir no mês de agosto (na pior sequência de baixas desde 1984) e voltou aos 116 mil pontos. O índice tem sido afetado nas últimas sessões, mais do que pelas incertezas sobre aumento de juros pelo Federal Reserve, pelo noticiário sobre China.
Na véspera, dados da economia chinesa mostraram que a produção industrial avançou 3,7% na variação anual em julho, desacelerando em relação à leitura anterior (+4,4%) e ficando aquém das expectativas do mercado (4,3%). A demanda doméstica e externa mais fraca tem pesado sobre estes números.
As vendas no varejo, por sua vez, também decepcionaram ao avançar 2,5% na variação anual, após alta de 3,1% no mês passado. Este resultado, da mesma forma, ficou abaixo do consenso da Bloomberg (+4%). Os investimentos em ativos fixos avançaram 3,4% até julho contra mesmo período em 2022, abaixo do consenso (+3,7%). Os investimentos em construção recuaram 8,5% e a taxa de desemprego subiu para 5,3%. Após a divulgação destes números frustrantes, o Banco Central na China surpreendeu e reduziu suas taxas de juros, mas numa medida que muitos ainda consideraram insuficientes.
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O temor se estende nesta quarta, depois de dados mostrarem que os preços das novas moradias no gigante asiático caíram em julho pela primeira vez este ano, estendendo uma série de números fracos que apontam para uma rápida perda de força econômica.
Além disso, o investimento imobiliário na China caiu em julho pelo 17º mês consecutivo.
Com isso, na terça-feira, o Barclays reduziu ainda mais sua previsão de crescimento para o Produto Interno Bruto (PIB) do país em 2023, para 4,5%.
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O setor imobiliário também está em foco. Os temores de contágio estão crescendo esta semana, conforme um importante gestor de patrimônio na China, a Zhongrong International Trust, deixa de fazer dezenas de pagamentos. A empresa tem uma exposição considerável ao setor imobiliário.
Os receios que a China não consiga atingir a meta do governo de crescimento de 5%, os impactos no ritmo de crescimento global e o agravamento da crise imobiliária na China têm penalizado os ativos de risco mundo à fora nos últimos dias e têm respingado para os ativos locais, destaca a Ágora Investimentos.
Para os analistas da casa, fica cada dia mais claro a falta de impulso da economia chinesa, enquanto cortes de juros isolados não devem resolver o problema atual. Serão necessários uma política fiscal mais expansionista e estímulos amplos e abrangentes.
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Em termos de investimentos, a Ágora também aponta estar menos construtiva com China do que já estava no início do ano.
No mesmo sentido, em relatório do fim da semana passada, o Credit Suisse apontou que o cenário externo é um ponto de cautela para uma visão mais positiva com a Bolsa brasileira, também dados os números persistentemente fracos de China e ainda sem sinais de mais estímulos concretos.
“Destacamos que a venda de Vale VALE3 continua a chamar atenção pelos estrangeiros, que já acumula uma venda de R$ 2 bilhões nos últimos 7 dias, trazendo uma pressão adicional para a Bolsa”, aponta.
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A Ágora reforça que a fraqueza da economia chinesa não é um bom presságio para commodities de forma geral – isso afeta diretamente a Bolsa brasileira, que tem grande parte de suas ações ligadas aos preços de commodities.
Porém aponta, para o Brasil, uma decepção no PIB chinês (crescimento de 4% em vez de 5%, por exemplo) não mudaria a visão da casa de um bom momentum para renda variável.
“Estamos no início de um longo ciclo de queda da Selic e, ainda que o cenário internacional seja mais conturbado (pelo menos mais uma alta de juros nos EUA, possibilidade de recessão nos EUA em 2024, entre outros fatores), o corte de juros deve ser da ordem de 400-450 pontos base”, avalia, apontando que o cenário base da casa contempla uma Selic em 11,75% e 9,75% ao final de 2023 e 2024, respectivamente. Atualmente, a Selic está em 13,25% ao ano, após o corte no início de agosto em 0,5 ponto.
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“Na nossa visão, a queda recente do Ibovespa (-4% no mês de agosto) seria uma oportunidade de compra”, avalia.
Qual o próximo gatilho para a Bolsa?
Enquanto muitos esperavam que o grande gatilho do mercado brasileiro seria quando o BC iniciasse o ciclo de queda de juros, pesquisa do Bank of America com gestores de fundos na América Latina divulgada na véspera mostrou uma maioria dos participantes esperando que investidores mudem para ações apenas quando a taxa Selic atingir 10% ao ano, enquanto 32% avaliam que será necessário um juro menor para esse movimento acontecer.
A considerar as previsões dos mesmos gestores no levantamento, isso não deve ocorrer neste ano, uma vez que metade dos gestores consultados afirmaram enxergar a Selic entre 11,75% e 12% neste ano. Uma parcela de 34% prevê a taxa abaixo de 11,75%.
Ainda conforme a pesquisa do BofA o sentimento em relação às ações brasileiras permanece positivo, com 88% enxergando o Ibovespa, referência do mercado acionário brasileiro, acima de 120 mil pontos no final do ano e 44% vislumbrando o índice acima dos 130 mil pontos.
O principal risco para as projeções apontado pelos participantes do levantamento permanece uma taxa de juros mais alta nos Estados Unidos.
Os níveis de caixa estavam em 8% em agosto deste ano, perto das máximas históricas de 8,4%, mostrou a pesquisa.
As visões em relação ao real apuradas pelo levantamento não tiveram uma tendência comum, com 34% esperando um dólar mais fraco, enquanto 38% não veem mudanças e 25% aguardam uma moeda norte-americana mais forte. A maioria das previsões coloca o dólar entre R$ 4,81 e R$ 5,10.
Neste sentido, o noticiário sobre o fiscal também deve ser monitorado de perto pelos investidores. Além do cenário externo mais negativo, as notícias sobre lentidão na tramitação do arcabouço fiscal na Câmara dos Deputados, que voltou à Casa após alterações no Senado, também afetaram o mercado e devem seguir no radar.
(com Reuters)
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