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SÃO PAULO – O pós-temporada de resultados não tem sido positivo para as ações das empresas com exposição ao e-commerce, dentre elas, a Via (VIIA3), dona do Ponto e das Casas Bahia.
Desde o pregão pós-balanço, do último dia 12 de agosto, quando a ação da companhia caiu 7,3%, até a sessão da última terça-feira (17), o ativo já caiu 18,6%.
A companhia reportou lucro de R$ 132 milhões no segundo trimestre e receita bruta no conceito volume bruto de mercadorias (GMV, na sigla em inglês) de R$ 11,4 bilhões, um avanço de 51% ante o segundo trimestre do ano passado. Segundo a empresa, cerca de 65% do volume bruto de mercadorias (GMV, na sigla em inglês) deveu-se às vendas digitais, que corresponderam a cerca de R$ 7,5 bilhões, incremento de 35,7% na base anual.
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Cabe ressaltar que, no último dia 16 de agosto, a companhia, ex-Via Varejo, mudou o seu ticker e o seu nome na Bolsa, de forma a marcar o seu novo posicionamento de marca com o objetivo de “ir além do varejo”, mas o papel segue em baixa, com queda superior a 6% na semana e acumulando perdas de 34,41% em 2021.
Entre os motivos colocados por analistas para a queda das ações – não só da Via, mas de outros pares do setor -, estão a competição mais acirrada, com os últimos balanços mostrando margens mais pressionadas.
Já em entrevista ao InfoMoney, que foi feita um dia após a divulgação do balanço, Roberto Fulcherberguer, CEO da Via, afirmou não entender o movimento das ações que, na visão dele, deveriam estar operando em linha com os múltiplos de companhias digitais.
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Além disso, destacou que a companhia segue com a sua transformação digital e destacou ser injustificada tamanha preocupação dos investidores com a maior concorrência no setor: “Nós estamos extremamente bem preparados para competir nesse mercado”.
Confira os principais pontos da entrevista abaixo:
A Via passou por uma reestruturação nos últimos meses, mas a ação registra queda de mais de 30% em 2021. O que explica essa baixa dos papéis?
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É bem difícil chegar a essa conclusão, nós aqui também não entendemos. Reconstruímos a companhia. Existiam dúvidas se ela seria online, mais de 60% do nosso GMV é trazido pelo online, existiam dúvidas se a gente seria marketplace, já estamos aí com 70 mil sellers, R$ 1,7 bilhão em GMV de marketplace e agregando ferramentas.
Também conseguimos chegar ao consumidor que não tem cartão de crédito, que atualmente nenhum outro player consegue chegar. A nossa logística também chega a 100% dos municípios, a nossa omnicanalidade [integração entre o e-commerce e loja física] é extremamente vigorosa.
O consumidor se relaciona conosco onde, como e quando ele quiser, compra online, devolve na loja se quiser, começa a comprar no online e termina na loja, ele que escolhe essa jornada.
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Então digo o seguinte, a companhia já se transformou. Agora, o mercado talvez ainda não enxergou essa companhia como uma grande companhia digital. Eu sinceramente fico me perguntando o que falta dado que a companhia já transita com boa parte do seu número pelo digital. Ela já provou que está na briga para disputar a liderança pelo marketplace.
Estamos focados em seguir adiante com a transformação dessa companhia e o time aqui é muito bom em execução, estamos vindo para disputar a liderança do marketplace brasileiro mesmo. A pergunta é se todos conseguirão disputar conosco, nós vamos disputar e temos os ativos para isso.
Então quem entender isso de maneira mais rápida vai se beneficiar mais do tamanho do nosso valuation atual porque não vai ter jeito, em algum momento o mercado vai ter que olhar para nós e ver que não dá mais para negar.
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É uma companhia que deveria operar com múltiplos digitais, mas essa decisão é do mercado. Vamos para um crescimento acelerado seguir nessa jornada de crescimento e ganho de participação de mercado, já começamos o terceiro trimestre com muita consistência.
A Via recebeu recentemente o aval do Banco Central para que o banQi — fintech digital — atue como instituição financeira. O que muda?
Saiu a nossa licença de SDC [Sociedade de Crédito Direto] para o banQi e, com isso, começamos a fazer empréstimo pessoal e é um grande diferencial em relação às todas que estão no mercado.
Temos 60 anos de experiência de relacionamento com o cliente e a nossa concessão de crédito é super assertiva, uma taxa de inadimplência super baixa. Assim, nos perguntamos o que falta para o mercado entender que o nosso múltiplo não é de uma loja de eletrodomésticos física com baixo crescimento.
Nós estamos entregando crescimento consistente nos últimos sete trimestres, ganhando participação de mercado consistentemente, nós crescemos o dobro do que o mercado cresce.
Não vemos problema de concorrer com todas as outras companhias que estão no mercado, respeitamos todas. Mas, dados esse crescimento e o tamanho de participação que estamos tendo, não sei se é a Via que tem que estar preocupada com a concorrência, apesar de nós nos preocuparmos, respeitarmos todos, estarmos atentos a todos os movimentos. Mas no final do dia, nos últimos sete trimestres, que foram bem competitivos, nós ganhamos market share [participação de mercado].
O mercado do setor está aquecido nos últimas dias com grandes operações de fusões e aquisições, como a compra do Hortifruti Natural da Terra pela Americanas e do KaBuM! pelo Magazine Luiza, enquanto aumentam as especulações sobre quem vai levar os Correios com o avanço do processo de privatização. Como vocês se posicionam nesse cenário?
Nós estamos atentos a todas as possibilidades do mercado. A gente fez um follow-on [oferta de ações] ano passado [em junho de 2020, captando R$ 4,45 bilhões] e, com isso, a companhia está capitalizada.
Mas nós não vamos comprar para jogar para a plateia, só porque valoriza o papel. Nós vamos comprar coisas que façam sentido para o nosso ecossistema e que injetem crescimento e adição de cliente ao nosso ecossistema. Somos bastante seletivos com tudo o que fizemos até agora e com tudo que faremos daqui para frente.
Já sobre a privatização dos Correios, a nossa dependência hoje deles é de 2%. Os players internacionais, para se estabelecerem no Brasil e para de fato fazer volume no país “de verdade”, não só em São Paulo e no Rio de Janeiro, vão precisar ter logística com escala e dificilmente terão sem a omnicanalidade. Nós já temos tudo isso aqui. Tem muita coisa que muita gente está investindo que é para tentar ter o que já temos por aqui.
Da mesma forma o caminho pelo crédito, ninguém tem o que a gente tem. Qualquer player que queira crescer fora dos grandes centros, Brasil adentro, e a maior parte do Brasil se dá na classe C, vai ter que fazer concessão de crédito, uma vez que grande parte ainda não tem cartão de crédito.
E nós nos relacionamos com essas pessoas desde sempre, existe já uma relação de confiança e digitalizamos essa relação, mas sem nunca deixar de humanizá-la. É digital, mas com um jeito humano de conceder esse crédito, e assim conseguimos trazer um público extremamente jovem para essa base. Estamos rejuvenescendo a base.
Então de fato queria entender qual é a aflição do mercado em relação à competição que está para se dar, porque nós estamos extremamente bem preparados para competir nesse mercado. Escutamos essa história de competição desde o segundo trimestre de 2020.
Falaram que “ahh, agora virou digital vocês não vão conseguir competir”. Fomos lá, competimos, fizemos a venda, ganhamos market shaare. Depois chegou no segundo semestre, falaram que há mais players, o mercado está extremamente agressivo, não conseguiríamos competir. Competimos, demos rentabilidade, ganhamos market share e expandimos o GMV e sinceramente, não consigo entender qual essa dúvida que o mercado tem.
Desde 16 de agosto, as ações mudaram o ticker para VIIA3 e a empresa mudou o nome de negociação na Bolsa. O que representa essa mudança?
Quando a gente tomou a decisão de tirar o varejo do nome foi exatamente pelo fato do varejo ser um limitador para aquilo que de fato já somos, uma empresa de logística, serviços financeiros, fintech, varejo online omnicanal, tudo está dentro desse ecossistema.
Então o varejo ficou pequeno para nós, acompanhado também da remodelagem dos nossos hubs. Tiramos [na segunda-feira da semana passada] a sede de São Caetano, mudamos a sede para São Paulo e isso tem muito a ver com a atração de talentos e a companhia está muito atrativa. Muita gente quer vir para esse case, que está se mostrando super bacana no mercado.
Faltava essa etapa de realmente mudar o nome da companhia, que acabamos de fazer, agora finalizamos mudando o ticker do papel e seguimos nessa jornada de evolução e transformação, adicionando mais e mais funcionalidades no banQi e no nosso ecossistema.
A vacinação e a reabertura da economia têm avançado, permitindo a reabertura de lojas. O que mudou na jornada do consumidor na comparação com o período pré pandemia do coronavírus?
De fat,o temos a possibilidade de dizer ao consumidor que é como quando onde ele quiser. Se ele quiser fazer a jornada na loja, temos mais de mil e estamos inaugurando mais 120 lojas esse ano.
A loja foi ressignificada, ela não é mais um ponto de vendas, ela é a central de relacionamento com o consumidor e é o hub logístico de última milha.
De fato a gente tem essa vantagem porque o consumidor que quer se relacionar na loja, está pronta para atendê-los, assim como no online. Quando quiser o modelo híbrido, que é o vendedor online, a gente também tá pronto.
As lojas estão praticamente todas reabertas, mas o avanço da vacinação dá mais tranquilidade para as pessoas voltarem a transitar na rua, estamos preparados para cada uma das hipóteses. Quem vai mandar de fato é o consumidor.
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