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Após a circulação da notícia sobre a potencial federalização das estatais mineiras na última quarta-feira (22), levando ao desabamento das ações das empresas, na noite da última quinta-feira (23), após o fechamento do mercado, Copasa (CSMG3) e Cemig (CMIG4) comunicaram o recebimento de um ofício do governador de MG, Romeu Zema, confirmando que o estado tem buscado soluções junto à União para a questão da dívida pública estadual de R$ 160 bilhões.
Nesse sentido, Zema também afirmou que foram apresentadas ao governo de MG alternativas, que ainda serão analisadas pelos técnicos do governo federal e estadual, e por isso ainda não houve qualquer manifestação ou aceite do governo do estado sobre uma eventual federalização das estatais estaduais com ações listadas em bolsa.
Para a Guide, apesar de ser a primeira manifestação oficial de ambas as companhias, o mercado já havia se antecipado desde a circulação das primeiras notícias (com a forte queda, principalmente de CMIG4, nas últimas sessões).
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Já o Bradesco BBI vê sinalizações potencialmente mais negativas. “Embora o Estado de MG tenha indicado que nenhuma decisão foi tomada, vemos isso como um desenvolvimento negativo, indicando que a probabilidade de uma virada, em que haja a mudança no case de potencial privatização da Cemig para a federalização, aumentou”, avaliam os analistas Francisco Navarrete, João Fagundes e Andre Silveira, do Bradesco BBI.
Mesmo assumindo o melhor cenário de voltar ao status quo antes da notícia sobre uma possível federalização, o fato de serem feitos estudos para uma possível federalização significa que as discussões sobre a privatização da Cemig (e da Copasa) serão deixadas de lado por algum tempo, avaliam.
Parte da razão da crescente preocupação dos analistas do banco é de que o Governo do Estado de Minas não rejeitou imediatamente a proposta de federalização e agora indicou que irá estudar o plano. Isto pode significar que lhe falta convicção de ter votos no legislativo estadual para aprovar o plano de recuperação fiscal, que até recentemente era o seu principal plano para resolver a dívida com o governo federal.
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Assim, notavelmente, para evitar não cumprir o pagamento da dívida, o que levaria a uma situação financeira muito difícil, o Estado de Minas tem um prazo até final de dezembro para (i) aprovar o plano de recuperação fiscal na legislatura estadual; (ii) prorrogar a validade da liminar do STF que impede o pagamento de parcelas e juros passados da dívida de R$ 160 bilhões; ou (iii) fechar um acordo alternativo para pagar a dívida (que inclui a federalização das empresas públicas).
“O risco de um xeque-mate em que a única alternativa é aceitar o plano de federalização aumentou, a nosso ver”, avalia.
O banco avalia ainda que, após a recente baixa das ações, com os ativos caindo 17,80% nos últimos quatro pregões, as ações PN da Cemig são negociadas a 12,3% de Taxa de Interna de Retorno (TIR) real.
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“Em nossa estimativa, uma empresa estatal da Cemig bem comportada e mantida sob a gestão atual deveria ser negociada a aproximadamente 12% da TIR real, ou R$ 11,30/ação, aproximadamente onde está o preço atual. Em contraste, uma Cemig federalizada, cujo opex [despesas de operação] provavelmente se deterioraria e a alocação de capital poderia ser um risco, teria que negociar a 17% (R$ 7,50/ação, ou queda de 31%) a 15% (R$ 8,80, ou queda de 20%).
O banco tem, no momento, preço-alvo de R$ 13 para as ações CMIG4 (upside de 18%), com recomendação neutra para os ativos.
Analistas têm visto a federalização como negativa, dada a incerteza sobre como seria a condução das companhias em âmbito federal, além de representar um fator de incerteza sobre os próximos desdobramentos.
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“Em nossa opinião, a Cemig e a Copasa possuem uma equipe de gestão muito boa, que tem conseguido implementar mudanças para melhorar a eficiência das empresas, apesar das restrições de serem empresas estatais. No caso da Cemig, a empresa também vendeu ativos não essenciais e tem sido muito responsável na alocação de capital”, avaliou o Itaú BBA em relatório desta semana sobre o tema.
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